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Rozália Del Gáudio
rozalia.delgaudio@uol.com.br

Doutora em Ciências Sociais pela Universidade de Paris I, Panthéon Sorbonne (2004), onde também obteve o Master em Sociologia e Antropologia (2001);  mestre em Administração de Empresas pela Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG (2000), graduada em Comunicação Social, opção Jornalismo, também pela UFMG (1993). Certificada em Gestão da Reputação pelo Reputation Institute (2012). Atua em Comunicação Empresarial desde 1993, tendo trabalhado em empresas como Alcan (atual Novelis), Acesita (atual Aperam), Vale e Grupo Votorantim. Atualmente é gerente de Comunicação Corporativa da C&A no Brasil e professora no MBA de Gestão da Comunicação da ABERJE/ESEG. 

Mesmo na rotina, surpreenda

              Publicado em 01/11/2013
A gente aprende na Universidade que um dos fatores que leva ao êxito na Comunicação é a mensagem frequente, muitas vezes confundida com repetitiva.  Talvez, por isso, por exemplo, a Publicidade se valha de bordões e ofereça slogans e jingles que acabam virando o popular “chiclete” - não desgrudam da nossa memória de jeito nenhum; ou mesmo explique porque o Jornalismo procura, no seu registro do cotidiano, espelhar a sociedade e seus dilemas, gerando a impressão de um contínuo e repetitivo movimento circular nas pautas.
 
Quando a gente fala de Comunicação, por outro lado, o que se deve buscar, sobretudo, é o desenvolvimento de vínculos - possível somente quando se estabelece um relacionamento de confiança e, de preferência, de longo prazo, com os interlocutores. Reside aí um dos muitos dilemas da profissão: no longo prazo, como surpreender e criar interesse genuíno nas histórias e narrativas organizacionais?  De que forma, em um mundo de produtos e serviços cada vez mais “commoditizados” uma empresa pode se destacar e, de fato, gerar atenção e curiosidade, ingredientes essenciais na manutenção dos seus relacionamentos? Qual a melhor maneira de encontrar, em meio aos personagens que se repetem ao longo dos anos no cotidiano corporativo, as histórias que traduzam a cultura organizacional, mas que também impulsionem as transformações necessárias nesse nosso novo contexto de trabalho? Pensando que a Reputação é, cada vez mais, decisiva para o sucesso nos negócios, e que ela vem do que a empresa faz e conta (mas também do que as pessoas dizem a respeito de), como influenciar os interlocutores, “na saúde e na doença, na tristeza e na alegria”?
 
A solução parece vir de duas singelas matérias-primas da profissão do Comunicador: forma e conteúdo. Eu arriscaria a dizer, por um vício de formação, que o conteúdo vem antes (entretanto, esse é um tema para uma próxima coluna...). A Comunicação nasce na relação e se desenvolve – ou não – a partir do vínculo que se estabelece. Assim, o ato de comunicar – seja numa empresa ou na vida pessoal – é um ato de cativar continuamente, o que somente acontece se há abertura para a troca e para a consideração das diferentes expectativas. E, muito importante: a concretização desse ato depende mais de quem ouve/recebe, e não tanto de quem fala/emite.
 

Sem a possibilidade da interação, não há conteúdo que resista ao passar dos anos, assim como não há forma que se sustente na criatividade. Dessa maneira, toda vez que eu penso nesse dilema do vínculo de longo prazo, fico com a impressão de que precisamos, cada vez mais, de formas fluidas e conteúdos co-construídos, aproveitando um dos benefícios (dentre tantos) da vida em rede on-line. Se por um lado essa constatação é libertadora, na medida em que descobrimos que não estamos sozinhos nessa jornada, por outra, nos traz desafios adicionais: afinal, implica construir, mesmo na rotina, oportunidades de surpreender, engajar, mobilizar. E fazer isso, o tempo todo, talvez não seja das tarefas mais fáceis nos complexos, e algumas vezes, áridos, ambientes organizacionais. 

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Os textos que publico nesse espaço não podem ser compreendidos como posicionamentos da C&A a respeito dos temas tratados.


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