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COLUNAS


Denise Pragana
denise.pragana@hotmail.com

Mestranda do Programa de Ciências da Comunicação da ECA/USP, com foco em Comunicação e Cultura Organizacional, pós-graduada em Administração de Marketing pela Fundação Armando Álvares Penteado, especialista em Comunicação Internacional pelo programa Aberje-Syracuse University  e jornalista formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.  Atua há mais de 25 anos na área de Comunicação Empresarial, à frente da gestão de Comunicação Corporativa de empresas multinacionais brasileiras, como a Construtora Camargo Corrêa, Votorantim Cimentos e Votorantim Celulose e Papel, atual Fíbria. Foi também responsável pela comunicação institucional e assessoria de imprensa da TV Cultura na gestão do jornalista Paulo Markun.  
Áreas de atuação:

  • Desenvolvimento de sistema global de comunicação interna, com uso de plataforma mobile (conceito de “aplique e adapte”)
  • Tratamento da comunicação interna com técnicas de gestão dos atributos da marca: Endobranding
  • Coordenação de processo de comunicação para plano de transição de cultura organizacional
  • Utilização de técnicas de story telling na produção de conteúdos midiáticos
  • Gestão de Responsabilidade Social
  • Planejamento e execução de eventos empresariais
  • Elaboração, implantação e gestão de programa de premiação anual, baseado em indicadores de performance
  • Gestão de crise de imagem e reputação

O filósofo, o homem-pássaro e o comunicador

              Publicado em 02/03/2015

Quando assisti ao filme Birdman (A inesperada virtude da ignorância), vencedor de quatro prêmios no Oscar 2015, dentre eles o de melhor filme, lembrei-me do livro que precisei ler para o exame do mestrado da ECA-USP, realizado em 2013. Intitulado O que é o contemporâneo? e outros ensaios, o livro contém três textos do filósofo italiano Giorgio Agamben: O que é um dispositivo?; O que é o contemporâneo? e O Amigo.

O livro é bem fininho, o que a princípio me passou a ideia de uma leitura rápida e fácil. Mas devo confessar que não foi nada rápido, muito menos fácil. Precisei ler os textos repetidas vezes e contei com o auxílio do meu marido, estudante de filosofia, para conseguir desprender-me de uma interpretação “ao pé da letra” para compreender a simbologia de suas palavras e capturar o sentido das mesmas, fazendo um paralelo com a vida real e com o meu trabalho como comunicadora.

Vou ficar apenas no primeiro texto, sobre o dispositivo, para não me alongar muito e não perder o paralelo com o filme e com o papel do comunicador. O filósofo descreve a sua visão sobre o controle que é exercido sobre nós pelos dispositivos da vida moderna, que ele define como “qualquer coisa que tenha a capacidade de capturar, orientar, determinar, interceptar, modelar, controlar e assegurar os gestos, as condutas, as opiniões dos seres viventes” (AGAMBEN, 2009, p. 12). Entre esses dispositivos, o autor cita a internet, o telefone celular, a televisão, as câmeras de monitoramento e outros dispositivos que nos cercam e nos aprisionam, a ponto de tornar o homem “um ser espectral”. É uma visão extrema, mas se pararmos para observar, é o que vivemos no dia a dia. Conforme ele coloca, é como se os seres humanos se comportassem como uma massa homogênea, que pensa e age da mesma forma, como nos exemplos citados pelo autor sobre o controle que o telefone celular exerce no nosso cotidiano, ou no fato de nos tornarmos um índice de audiência ao final de uma noite em claro na frente da tela da TV.

Mas vamos ao paralelo com o  Birdman.  O personagem do filme, um ator de cinema que cai no anonimato ao decidir não mais interpretar o homem-pássaro, super-herói que o tornou famoso, busca encontrar uma saída e tornar-se independente do controle que a ficção exercia sobre sua identidade, perante si mesmo e perante o seu público. Estaria o pássaro exercendo o papel do dispositivo controlador, como na obra do filósofo Agamben? Quem vencerá a luta final, o ícone ou o ser humano?

Não vou contar a história aqui para não estragar o prazer de quem ainda não assistiu ao filme. Apenas lanço o convite a todos, mas principalmente aos colegas comunicadores, para se distanciarem um pouco da vida caótica e corrida que vivemos e enxergar as pessoas, com identidades distintas, por trás da massa homogênea do ente chamado “público-alvo” de nossas mensagens. Desde que li e compreendi a mensagem do livro, venho travando a minha luta pessoal com meu dispositivo, na busca de ser mais assertiva em meus objetivos de comunicação.

Quem ficou curioso para saber mais sobre o filme, assista ao trailer.


Referência da obra citada: AGAMBEN, Giorgio. O que é o contemporâneo? e outros ensaios. Chapecó, SC: Argos, 2009.


Os artigos aqui apresentados não necessariamente refletem a opinião da Aberje e seu conteúdo é de exclusiva responsabilidade do autor. 1985

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