Um espelho para meu ego
Cada vez que vejo posts “cabeça” na minha timeline no Facebook, sinto um pouco de frio na barriga. Isso porque, de maneira frequente, eles vem de gente que quer comentar a atualidade, ter uma opinião para tudo, se sentir hiper conectado com o que acontece no planeta, mas não aceita uma humilde opinião divergente. Gente que divulga informações, mas não quer comunicar; que reproduz conteúdos, mas não reflexões.
No Brasil, esse fenômeno ganhou uma amplitude enorme durante as eleições. Quem não viu pessoas defendendo esse ou aquele candidato e não tolerando que se comentasse ou compartilhasse qualquer informação contrária às ideias tão apaixonadamente defendidas?
Num mundo de múltiplas possibilidades de diálogo e troca, proporcionado por sofisticadas plataformas de redes sociais, paradoxalmente parece que estamos vivendo um totalitarismo de opinião. Escolhemos um lado e nos entrincheiramos lá, a espreita do primeiro comentário diferente para metralha-lo com tags e posts agressivos, que tentam desqualificar qualquer suspeita de que talvez estejamos vendo o mundo através de uma lente mais reducionista que deveríamos.
É quase como se, a cada dia, a cada novidade tecnológica para conexão, estivéssemos mais ensimesmados nos nossos pensamentos e isolados nas nossas convicções, vivendo em círculos e pensamentos que replicam formatos aceitos. Num mundo de informação fácil. E pouca comunicação. Neste contexto, liberdade de expressão e opinião – inclusive a divergente - parece uma utopia cada vez mais distante. Para ser “in”, vale o pensamento único, a atitude padrão, a crítica politicamente correta (e normalmente a que vê maldade em tudo ou para a qual tudo está ancorado em atitude duvidosa).
Como comunicadora, às vezes sinto esse contexto quase como uma agressão. Afinal, entendo que a comunicação e suas diferentes plataformas existem para oferecer oportunidades de ouvir distintas vozes, colocar em cena diferentes perspectivas, possibilitar transformações reais e não revoluções moldadas em pré-conceitos. Acredito que a comunicação existe para expressar pensamentos e emoções, estreitar vínculos e valorizar a diversidade que nos permite, como humanidade, evoluir. Não para criar grupos uniformes. Ou deixar o mundo mais diletante e chato.
Os textos que publico aqui não podem ser compreendidos como posicionamento da C&A.
Os artigos aqui apresentados n�o necessariamente refletem a opini�o da Aberje
e seu conte�do � de exclusiva responsabilidade do autor. 2144
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