Quem vai decidir é a sociedade
O Brasil vive ou não vive uma crise de corrupção? A presidente Dilma Rousseff afirma que não, a oposição não hesita em erguer a voz e dizer que sim. Entre os dois extremos, onde fica a verdade?
Antes de arriscar uma resposta, é relevante lembrar que estão em choque duas correntes de pensamento: realismo e irrealismo. A corrente realista parte do princípio de que não se pode negar os fatos. Sua origem, em termos filosóficos, pode remontar a Schelling, o primeiro filósofo a pensar nos enigmas do inconsciente com a teoria das pequenas percepções ou, em termos contemporâneos, com Marx e a análise concreta da realidade concreta.
O irrealismo implica dizer que a realidade não existe, mas é, sim, uma construção. Significa admitir que existem muitas maneiras de construir o mundo e de definir ou que é ou não a realidade. Ou seja, na criação dos mundos há preponderante influência do relativismo de Einstein. Dependendo do ângulo de visão, algo pode ser real ou ilusório. Há versões, inclusive, de que a realidade não existe.
É uma discussão rica e instigante. No mundo da política, contudo, é impossível escapar da realidade. Porque está a despeito dos castelos de ilusões, é feita da concretude dos fatos e, em última instância, a decisão sobre a realidade ou irrealidade cabe ao cidadão. No caso brasileiro, o cidadão parece repetir a cada dia que o país vive, sim, grave crise de corrupção. O noticiário da mídia, hoje envolvendo até máfia de próteses, está ai para mostrar.
Negar a realidade seria o melhor caminho para a comunicação oficial? Certamente, não. Recomenda as boas práticas que se encare a realidade olho no olho e que se resolva os problemas antes que ganhem corpo. No Brasil, a corrupção já ganhou corpo e apodrece à luz do dia. O desafio, agora, é impedi-la de tornar o ar ainda mais sufocante, irrespirável mesmo. A corrupção, nas suas mais diferentes formas, tem minado aquilo que é mais precioso numa sociedade - a confiança. Sem confiança, a existência se torna impossível, a comunidade é corroída por autênticas pragas de cupim.
A despeito dos muitos dilemas, não parece haver dúvidas que o melhor caminho hoje seria chamar a sociedade para participar do combate à corrupção e reconhecer que, se assim for, a corrupção irá refluir e uma nova cultura ética tomará seu lugar. Vai exigir tempo, trabalho e exemplos de austeridade e conduta correta.
Mas será uma guerra vencida. E isso seria o remédio saudável para a crise. Seguir na direção contrária parece ser o caminho mais fácil, porém um caminho por demais provisório. Cedo ou tarde, a realidade na sua persistente teimosia terminará por se impor e as coisas se tornarão extremamente complexas. Quem conhece a história sabe que pensar diferente não passa de pura fantasia. Ou melhor, pura irrealidade. Um lembrete: a teoria das pequenas percepções ganhou sua realidade na Revolução Francesa.
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