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Francisco Viana
viana@hermescomunicacao.com.br

Jornalista, Doutor em Filosofia Política (PUC-SP) e consultor de empresas.

 

Luz da razão

              Publicado em 05/01/2015

Rosa Luxemburgo escreveu certa vez que a história da esquerda é feita de fracassos, na busca de fazer prevalecer a razão. Ao escolher uma equipe econômica de coloração conservadora, a presidente Dilma Rousseff, a despeito das críticas que possa sofrer, escolheu o caminho contrário: em lugar do fracasso, a razão.

Certamente, não soube ainda explicar à sociedade e aos seus eleitores o conteúdo da escolha. A relação entre o dizer e o fazer torna-se crucial nessa situação - sobretudo para dissipar a onda de que iludiu o eleitorado -,  mas o fato é que fez a escolha certa. Como presidente do País, não de um partido ou facções, optou pela busca da estabilidade econômica que é o ponto de partida para qualquer estratégia, sobretudo a social, que se propõe a ser séria e bem sucedida.

Esse é o coração da estratégia, a segurança para agir. Sem segurança, corre-se o risco geralmente fatal de avançar para linhas abstratas, independente da consistência da realidade. A escolha do ministério não é apenas uma satisfação aos eleitores, mas é, sobretudo, um ato político responsável. 

Rosa Luxemburgo escreveu em meio a incruento debate com Lênin a respeito da liberdade e dos caminhos da revolução europeia. Era um contexto radicalmente diverso do brasileiro, mas sua tese central – o vigor da razão – apontava para o futuro. O Brasil, nesse particular, sempre se debateu com forte reação conservadora. Sebastianista, cultuou a ideia da transformação sem dor e sem história. Com isso, sempre adiou o futuro. 

Exemplo incontestável, foi mais de meio século de anticomunismo, o que tornou condenável, aos olhos dos radicais conservadores, qualquer trabalho de cunho social. Enquanto a esquerda contribuía para o desenvolvimento europeu e, também, nos Estados Unidos, no Brasil a esquerda sempre foi caçada e reprimida. As lições das revoluções francesa e americana ficaram trancadas nos baús da anti-história. E o que se viu foi um pais fechado. 

As eleições de Lula e Dilma romperam essa tradição. A profusão de desacertos dos seus governos despertaram velhos fantasmas e estes estão inundando a mídia, sem qualquer cerimônia, descambando inclusive no apelo a golpes militares e delírios moralistas que, na essência, são apelos à ruptura democrática. Com a decisão de equilibrar a economia, Dilma calou não só essas vozes do passado, que deram suporte aos golpes do Estado Novo e de 1964, como reconheceu os votos da oposição. 

Hoje, a questão mais importante é o significado da racionalidade. Se os conceitos de racionalidade divergem, significa que as visões de futuro e de democracia não são coincidentes. É nesse terreno que a hegemonia da liberdade democrática, com presença de todas as tendências políticas, precisa se afirmar. Pois a democracia é um horizonte dialético que se desloca, com avanços e recuos, mas não se repete. Olha para a frente, o horizonte inimaginável da liberdade. 


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