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Lidiane Amorim


Gerente de Comunicação Corporativa da Rede Marista e docente na área de Comunicação Organizacional. Doutora e Mestre em Comunicação pela Pontifícia Universidade Católica do RS (PUCRS), com estágio doutoral na Universidad Complutense de Madrid (UCM-Espanha). Graduada em Jornalismo pela Universidade Federal de Santa Maria (2006), com formação em Comunicação Institucional pela Universidade Austral (Arg). Tem experiência em Comunicação Organizacional e Integrada, tendo atuado em assessorias de comunicação e marketing e também tem passagem em rádio e TV como editora, apresentadora, repórter e produtora. 

Por mais escutatórias nas organizações

              Publicado em 29/07/2014

Confesso que dei início há três textos distintos para inaugurar neste espaço. Foram tantos os temas que palpitaram nos últimos meses e que renderiam reflexões oportunas, que foi difícil eleger a pauta deste primeiro encontro. Sim, porque um texto sempre carrega a possibilidade do encontro. Encontro de pensamentos, de ideias, de (des)acordos.

Ainda bastante reflexiva pela perda de Rubem Alves e Suassuna, resolvi descartar os três primeiros rascunhos e ficar com a proposta que, em pensamento, já havia rabiscado várias vezes. Desde que me encontrei mais profundamente com Rubem Alves, foram várias as vezes que ensaiei escrever sobre o quanto as reflexões do poeta-filósofo-educador poderiam inspirar nosso fazer na comunicação das organizações. Sua partida motivou-me a revirar rascunhos e trazer aqui alguns destes hipertextos possíveis.

A começar por um dos seus textos mais conhecidos: Escutatória. Não lhe parece que este é um dos principais desafios das organizações na contemporaneidade? É preciso superar o que eu chamaria de “falatória”, a preocupação centrada unicamente na emissão de mensagens, sem levar em consideração o interesse dos interlocutores ou, por vezes, sem a coerência necessária entre o que se diz e o que se é, o que se faz, o que se acredita.  

Como organizações, fomos acostumados infinitamente mais a dizer e muito pouco a escutar. E na era em que o poder de fala se tornou unânime e horizontal, ganhou espaço e caracteres infinitos, as organizações ainda estão aprendendo a lidar com o desafio de escutar, especialmente o que não se espera, ou não se deseja.  O tempo das falatórias desmedidas – e por vezes incoerentes, vê surgir a emergência da escutatória, pré-requisito para a comunicação compreendida na perspectiva do diálogo, do despertar de sentidos, da construção de vínculos.

Rubem Alves alertava para a verdade que mora no silêncio que existe em volta das palavras. Outro ensinamento fundamental para a nossa área. O que dizem os não-ditos que habitam em torno das mensagens que emitimos? O quanto o silêncio das atitudes são coerentes com as falatórias organizacionais? O que está na agenda do comunicador e do gestor organizacional: a atitude que comunica valores ou o jogo de palavras da falatória que busca impressionar?

Por fim, lembro-me dele dizendo que a educação se divide em duas partes: a educação das habilidades e a educação das sensibilidades. Sem a educação das sensibilidades, todas as habilidades são tolas e sem sentido, afirmava. Penso o mesmo da Comunicação. Mais do que nunca, as habilidades comunicacionais não bastam. A técnica pela técnica não produz sentido. É preciso sensibilidade, especialmente para o desafio da escutatória. Nossas habilidades comunicacionais, ausentes de sensibilidade, são também tolas e sem sentido.


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