Busca avançada                              |                                                        |                            linguagem PT EN                      |     cadastre-se  

Itaú

HOME >> ACERVO ON-LINE >> COLUNAS >> COLUNISTAS >> José Eustáquio Oliveira
COLUNAS


José Eustáquio Oliveira de Souza


Presidente da Editora VEGA Ltda. e membro do conselho da Aberje. Atuou em cargos de destaque na área de comunicação de grandes multinacionais, como o Grupo Gerdau.

E agora José?

              Publicado em 22/07/2014

E agora José? A Copa acabou, tomamos uma lavada de 7 X 1 dos alemães, seguida de um 3 X 0 maneiro dos holandeses; os argentinos, com aquele finesse que lhes é peculiar (mesmo perdendo a final para os craque da bola do país da Angela Merkel, no Maracanã, para honra e glória da nossa autoestima destroçada), continuam tirando sarro da nossa cara até onde não poder mais; as arenas construídas por ordem da FIFA a preços vis continuam inacabadas; assim como por fazer, continuarão as superfaturadas obras de infraestrutura urbana das cidades-sede do evento. E a pergunta impertinente – com o travo na boca daquele vinho ruim tomado aos montes no dia do fim da festa - continua a nos incomodar como ferrinho de dentista: e agora José?

Incomodar? Que-que-é-isso-companheiro? Decerto perdeste o senso, dirá o marqueteiro de plantão, um dos dezessete leitores deste texto chinfrim. E nem tão bilaquiano como se insinuou, me apontará o dedo inquisidor dizendo-me que, além de ouvir estrelas e viver no mundo da lua, sou um cego ingrato incapaz de ver o legado que a Copa nos deixou. “Todo mundo nos elogiou, até mesmo a mídia internacional, foi a Copa das Copas. Tem mais: o povo tratou muito bem os turistas,” dirão. E foi mesmo. Mas alguma vez o povo tratou mal os turistas? Enquanto isso, a inflação já chegou aos 7% ao ano, o crescimento do Produto Interno Bruto será de um por cento (7 X 1 !). Mas também é verdade que as praias do Rio de Janeiro, as ruas da Savassi em Belo Horizonte e a Vila Madalena em São Paulo ficaram cheirando c*c* e x*x* de “hermanos”.

Mas não tem nada não. Vida que segue. Foi mesmo legal o esforço do povo para receber os turistas, mas também não se deve esquecer que os governos não fizerem a sua parte no tempo devido para promover um evento legal. E depois tiveram que recorrer ao popular jeitinho brasileiro para “argentino” ver. Feriados municipais nos dias de jogos, “suspensão da lei seca, prisão da Sininho e seus Black Blocs e o Exército nas ruas para atemorizar os bandidos. No mais, ficamos assim: tudo “deu certo” para agradar aos patrocinadores do evento, ao governo, ao nacionalismo de fachada que detesta crítica e autocrítica. Mais uma vitória dos marqueteiros, ainda que travestidos também de “jornalistas”.

Aliás, os marqueteiros andam mesmo por cima da carne seca, como gosta de afirmar minha tia Vilma, que mora lá em Maranguape e foi colega de sala do Chico Anísio no primário. Pois é. A Copa passou. E agora entra na pauta as eleições para presidente da República, governadores de Estado, deputados Federais e senadores. Você, caro leitor, sabe me dizer qual é a plataforma de qualquer um deles para resolver problemas singelos como a inflação, a queda brutal dos investimentos na indústria, o déficit da balança comercial do País, os escândalos na administração das estatais e a crise do setor elétrico? Quem sabe eles apresentarão aos eleitores seus programas e projetos para resolver questiúnculas como o baixo nível da educação, da saúde, da infraestrutura, do saneamento e da segurança pública que teimam em aterrorizar a vida do brasileiro?

“Lá vem esse estraga-prazeres fazer perguntas inconvenientes, outras vez”, dirá meu renitente leitor marqueteiro. “Será que esse idiota não sabe que a sociedade do conhecimento, da comunicação, das redes sociais e da interatividade prescinde de bobagens como a política, a economia, o planejamento, a prestação de contas; e a ética não têm mais lugar?” É o que perguntará nosso querido mago da comunicação, remexendo em suas tabelas de pesquisa de opinião pública, enquanto revê o texto do slogan genial que preparou para o seu cliente-candidato. “Esse cara já era, coitado. Morreu e se esqueceram de enterrá-lo”, dirá, encerrando a leitura. Ele está certo, penso cá com os meus botões.

Quer ver? Você que chegou até aqui na leitura dessa coisa semelhante a um texto sabe o que pensam e o que farão os candidatos ao Executivo para resolver os graves problemas do País? Ou você acha que, como defendia o Felipão, o problema é deles e eles que façam o que julgarem necessário, mesmo com o Brasil perdendo de 7 X 1 na economia, na educação, etc., etc.? Seus candidatos ao Congresso Nacional, você já sabe o que eles são? Sabe se a ficha deles é limpa? São questões inquietantes, mas seus problemas acabaram. Todos eles serão resolvidos pelos geniais marqueteiros que liderarão as campanhas e “analisados” pelos especialistas que serão entrevistados por jornalistas que cobrem a política. Pensando bem, por que não elegemos os marqueteiros no lugar dos políticos? O Brasil seria bem pior, mas as campanhas...


Os artigos aqui apresentados n�o necessariamente refletem a opini�o da Aberje e seu conte�do � de exclusiva responsabilidade do autor. 2943

O primeiro portal da Comunicação Empresarial Brasileira - Desde 1996

Sobre a Aberje   |   Cursos   |   Eventos   |   Comitês   |   Prêmio   |   Associe-se    |   Diretoria   |    Fale conosco

Aberje - Associação Brasileira de Comunicação Empresarial ©1967 Todos os direitos reservados.
Rua Amália de Noronha, 151 - 6º andar - São Paulo/SP - (11) 5627-9090