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COLUNAS


Francisco Viana
viana@hermescomunicacao.com.br

Jornalista, Doutor em Filosofia Política (PUC-SP) e consultor de empresas.

 

Lições da Copa

              Publicado em 17/07/2014

Vão ficando para trás os jogos da Copa do Mundo, com suas muitas surpresas que vão desde o crepúsculo de deuses como a Espanha e a Inglaterra, até as tristes dentadas do ídolo uruguaio Luiz Suárez, mas suas lições ficam, a cada dia, mais presentes. A primeira delas, aquela que diz respeito a todos os comunicadores, é extraída da própria realidade: política é política, jogo é jogo.

Sim. Todas as previsões, a começar pela imprensa internacional, indicavam que a Copa seria um fracasso, dada ao número de manifestações públicas que estavam programadas para acontecer. Não aconteceram. E a paz, com raras exceções, acompanhou os jogos de um extremo a outro da vastidão do País. Os estádios estavam sempre cheios, os visitantes se divertindo para valer e a civilidade prevalecendo, com exceção, claro, dos xingamentos contra a Presidente da República na abertura dos jogos. Não deveriam acontecer.

Venceu o bom senso. Fica claro que cabe à comunicação defende-lo aí, sim, com vigor. Mas, claro, sem dentes. Porque dentadas não fazem parte das regras do jogo. Como não fazem parte deslizes éticos. Gol para a FIFA quando, com rapidez e sem hesitação, puniu o craque uruguaio por morder um jogador italiano em campo. O esporte não pode dar guarida a violências. Pelo contrário, ídolos e jogadores, todos eles, precisam ser exemplos, referências. Bola nas costas ou gol contra para a seleção uruguaia que tentou defender Luiz Suárez. Foram punidas três vezes: pela FIFA, pela torcida e pela imagem do time, que ficará manchada com essa nódoa de complexa remoção por muito e muito tempo. Urgente trabalhar para limpá-la. Logo num país que hoje dá lições de civilidade ao mundo, um jogador que morde e um time que lhe dá apoio?

Outra lição, essa também das mais emblemáticas, é que futebol é equipe, não talentos individuais. Talentos são vitais, podem decidir jogos. Mas como num país, o que decide a qualidade da partida ou da vida é a soma do conjunto. Sem conjunto, não há estabilidade, não há segurança, não há êxito. Isso porque não há cultura de participação, mas de individualidade. Muitas novas lições estão a caminho. Mas, desde já, uma narrativa que vem nascendo nos estádios: o campeão voltou. Diz respeito, ao futebol. Mas poderia muito bem ser adaptada à sociedade brasileira. E por que não, a confiança no futuro voltou? Passada a Copa, a própria história irá falar mais alto. E com ressonância. Será a vez das urnas falarem. Da consciência de que o futuro se faz no presente.


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