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Marco Antônio Eid


Jornalista, escritor e executivo da área de comunicação, é Diretor de Conteúdo da RV&A (Ricardo Viveiros & Associados - Oficina de Comunicação).

Saem as seleções e atletas, entram partidos e candidatos

              Publicado em 14/07/2014

Ainda ofuscada pela Copa do Mundo, a campanha eleitoral de 2014 teve um tímido início oficial, em 6 de julho. Porém, com o término do maior evento esportivo internacional, seleções e jogadores são substituídos por partidos e candidatos no cenário da mídia e no foco dos brasileiros. A partir de agora, temas da maior importância para o País, como saúde, educação, segurança, infraestrutura e reformas estruturais do arcabouço legal, ganham uma nova dimensão na imprensa, na internet, no ambiente interno de todas as organizações e, portanto, no cotidiano dos profissionais da comunicação.

Obviamente, a Copa do Mundo será um dos temas transversais da campanha eleitoral. Como já se observou antes e durante o torneio, situação, oposição, partidários e contrários à sua realização no País, comentaristas, editorialistas, blogueiros e numerosas pessoas nas redes sociais discutiram apaixonadamente o evento da FIFA como se fosse ele uma antecipação do resultado das urnas de outubro. Derrota ou vitória da Seleção Brasileira, sucesso ou fracasso na organização, eficácia ou caos nos aeroportos e transportes foram colocados como fatores decisivos para a definição dos votos.

Sob um olhar da comunicação, acredito que errará muito quem apostar nesses quesitos, para elogio ou crítica, como trunfos para angariar a simpatia do eleitorado. Depois de 30 anos de democracia, considerada aqui a Campanha das Diretas Já, em 1984, processo constituinte em 1987/1988, seis eleições livres para a Presidência da República e pleno exercício da liberdade de imprensa, não me parece mais razoável acreditar que o resultado de um jogo de futebol interfira no voto de um cidadão. Caso restem pessoas ainda suscetíveis a essas influências vãs, é preciso lhes outorgar a consciência e não reforçar sua exposição à retórica imoral do clientelismo.  

As aspirações da sociedade, as manifestações populares de 2013 e os movimentos ainda em curso no País, excetuando-se os atos de vandalismo, depredações e violência, que conspiram contra a democracia, evidenciam que os brasileiros querem muito mais do que circo. Aliás, desejam muito mais do que o próprio pão. As pessoas almejam ser ouvidas, respeitadas e atendidas na sua essência de cidadania. Já não basta a estabilidade da moeda e o desenvolvimento inclusivo, epicentros temáticos e dogmáticos dos dois partidos, PSDB e PT, respectivamente, que bipolarizam o cenário eleitoral.

Empoderamento da sociedade é o novo impulso da comunicação eleitoral. Pedir voto vendendo benefícios ou criticando retoricamente o que foi ou não realizado por um ou outro governo é uma fórmula desgastada, mesmo que revestida pelo dourado das caríssimas propagandas eleitorais na TV ou pelo glamour dos debates, às vezes acrescidos de um tom espetaculoso de MMA ou UFC.

Ao brasileiro já não basta ser espectador; o anseio é pelo protagonismo e o respeito às reais necessidades do País. Quem responder melhor a essas questões, com propostas concretas e viáveis, deverá ganhar pontos com o eleitorado. Menos retórica e manipulação de dados, mais conteúdo e transparência são os modelos de comunicação que tendem cada vez mais ao êxito nas campanhas eleitorais.

Aprofundar-se nessas reflexões é um exercício importante para os marqueteiros políticos, jornalistas, publicitários e relações públicas que trabalharão este ano para os partidos e candidatos, seja na disputa relativa às eleições majoritárias ou às proporcionais. É, aliás, um tema fascinante e um grande desafio para os profissionais de comunicação de todas as áreas, nas empresas, governos, organizações da sociedade e veículos da mídia. Afinal, no calendário político de um ano eleitoral, a internet presta-se à divulgação de mentiras e ataques não republicanos, que muitas vezes contamina o clima das campanhas e resvala na mídia.

Os profissionais de comunicação podem balizar esse jogo, sinalizar a realidade e contribuir para que os parâmetros dos debates e dos juízos de valores assentem-se sobre dados concretos. Para realizarmos nosso trabalho nesse contexto, é importante ficar atento às normas relativas à propaganda política editadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (Acesse aqui a Resolução 23.404 do TSE para 2014). É parte relevante de nossa responsabilidade ajudar a pavimentar o caminho para o acesso do brasileiro ao status de sujeito do processo político e da história. 


Os artigos aqui apresentados não necessariamente refletem a opinião da Aberje e seu conteúdo é de exclusiva responsabilidade do autor. 1969

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