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COLUNAS


Marcos Ernesto Rogatto
marcos@vistamultimidia.com.br

Jornalista e Mestre em Multimeios pela Unicamp. Trabalhou na TV Manchete, Revista Veja e TV Globo São Paulo. Foi diretor de Comunicação da Prefeitura de Campinas e colaborador da Gazeta Mercantil. Há 25 anos trabalha com vídeos e multimídias corporativas. Atualmente é Diretor da produtora Vista Multimídia e participa do Grupo de Estudos de Novas Narrativas/GENN.

Comunicação em tempos de Inovação

              Publicado em 16/10/2014

O modelo brasileiro de crescimento, baseado em emprego e renda, se esgotou. Quem for eleito nessas eleições terá grande desafio a enfrentar. O Brasil precisa ganhar eficiência, aprimorar infraestrutura, abolir a burocracia, melhorar a competitividade e, especialmente, inovar. O crédito já não é abundante, os preços das commodities, bem como a taxa de investimento, estão em baixa, o sistema educacional é sofrível e a exportação, de pequeno valor agregado.

Segundo o Fórum Econômico Mundial, caímos para o 57º lugar no ranking mundial da competitividade. Somos a sétima maior economia do mundo, mas ocupamos apenas a 54ª posição entre as nações mais produtivas. Os dados são do International Institute for Management Development, que publica anualmente o ranking da competitividade global. Inovar é uma das condições fundamentais para mudar esse panorama e fazer vingar a visão de futuro, do Brasil economicamente viável.

A comunicação organizacional, ao auxiliar na obtenção de bons resultados nos esforços de mudança, deveria internalizar a dinâmica da inovação. Creio que a área ainda esteja alheia a esse importante desafio do Brasil e de suas empresas. Ela poderia contribuir com a inovação através de diferentes formas. Ao prover internamente a mobilização de competências e a circulação do conhecimento sobre os processos inovadores, incentivaria a participação e interação entre o pessoal de Pesquisa e Desenvolvimento e os demais departamentos. Externamente a comunicação poderia potencializar o intercâmbio com a comunidade acadêmica, instituições de pesquisa e startups.

De acordo com os dados da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), ligada ao Ministério da Ciência e Tecnologia, os investimentos em inovação cresceram de maneira significativa no País. Muitas incubadoras, startups e instituições públicas se dedicam ao tema, como o Observatório da Inovação e Competitividade, do Instituto de Estudos Avançados da USP, o Inova, a Agência de Inovação da Unicamp, entre várias outras.

O Brasil se sai bem na área científica, bem como no que se refere à produção de papers e pesquisas. Porém, essa performance não se repete no campo dos empreendimentos, número de patentes e lançamento de produtos ou serviços inovadores. A competitividade é acirrada e a mudança é constante. Para acompanhar o ritmo é necessário fazer o novo, seja no serviço prestado ou no produto produzido. Mas, não basta apenas querer inovar.

Por outro lado, para ter processos inovadores, a empresa, não obrigatoriamente, tenha que contratar funcionários modelo “Professor Pardal” – trata-se daquele personagem do cientista / inventor, criado pela equipe Walt Disney.

Introduzir mudança qualitativa em um produto ou serviço existente também é inovar. O processo não precisa ser disruptivo ou envolver um conhecimento inédito. Ao implantar novas rotinas e formas de trabalho, a empresa estará fazendo uma inovação incremental que não precisa aportar vultosos investimentos em tecnologia.

Boa parte das grandes companhias possui áreas dedicadas à inovação e laboratórios de P&D com diversos pesquisadores. Porém, a redoma não pode ser fechada, pois, para inovar, é fundamental a interação entre parceiros. Aqui entram as universidades, centros de pesquisa, agências de fomento, investidores, governos, clientes ou fornecedores. A boa convivência facilita os processos de inovação aberta, nos quais as empresas vão buscar fora de seus centros de P&D, ideias e projetos que agregam diferenciais competitivos.

A Natura segue essa linha ao organizar o hackaton, a maratona de cocriação, com apoio do Massachusetts Institute of Tecnology (MIT). A empresa uniu o ambiente digital à cosmética e teve 88 pesquisadores inscritos pelo Natura Campus, projeto de inovação que completou oito anos. Algumas agências de publicidade se aproximam desse ambiente de incubadoras e aceleradoras para gerar ideias e novos modelos. A inspiração pode vir do Lean Startup, com seu conjunto de processos de desenvolvimento ágil de produto, processo e clientela. Isso move essas novas organizações que se beneficiam com as falhas e aprendem rápido. Companhias antenadas buscam o frescor das startups, que aplicam metodologias como Design Thinking para criarem soluções baseadas nas necessidades e desejos do ser humano. 

Temos consumidores multicanais, buscamos engajamento orgânico e sabemos que a inovação é elemento vital para impulsionar as empresas. Afinal, ela gera valor, atrai talentos e conquista consumidores. Então, seria prudente que os meandros da inovação não ficassem circunscritos ao pessoal de P&D. O departamento de Comunicação poderia agregar essa dinâmica inovativa, alinhada aos objetivos da organização e à visão de futuro. Nesse sentido, o que se espera é que a Comunicação estimule os colaboradores a ampliarem fronteiras para impulsionar engajamento inovador no ambiente do trabalho. 


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