Comunicação em tempos de Inovação
O modelo brasileiro de crescimento, baseado em emprego e renda, se esgotou. Quem for eleito nessas eleições terá grande desafio a enfrentar. O Brasil precisa ganhar eficiência, aprimorar infraestrutura, abolir a burocracia, melhorar a competitividade e, especialmente, inovar. O crédito já não é abundante, os preços das commodities, bem como a taxa de investimento, estão em baixa, o sistema educacional é sofrível e a exportação, de pequeno valor agregado.
Segundo o Fórum Econômico Mundial, caímos para o 57º lugar no ranking mundial da competitividade. Somos a sétima maior economia do mundo, mas ocupamos apenas a 54ª posição entre as nações mais produtivas. Os dados são do International Institute for Management Development, que publica anualmente o ranking da competitividade global. Inovar é uma das condições fundamentais para mudar esse panorama e fazer vingar a visão de futuro, do Brasil economicamente viável.
A comunicação organizacional, ao auxiliar na obtenção de bons resultados nos esforços de mudança, deveria internalizar a dinâmica da inovação. Creio que a área ainda esteja alheia a esse importante desafio do Brasil e de suas empresas. Ela poderia contribuir com a inovação através de diferentes formas. Ao prover internamente a mobilização de competências e a circulação do conhecimento sobre os processos inovadores, incentivaria a participação e interação entre o pessoal de Pesquisa e Desenvolvimento e os demais departamentos. Externamente a comunicação poderia potencializar o intercâmbio com a comunidade acadêmica, instituições de pesquisa e startups.
De acordo com os dados da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), ligada ao Ministério da Ciência e Tecnologia, os investimentos em inovação cresceram de maneira significativa no País. Muitas incubadoras, startups e instituições públicas se dedicam ao tema, como o Observatório da Inovação e Competitividade, do Instituto de Estudos Avançados da USP, o Inova, a Agência de Inovação da Unicamp, entre várias outras.
O Brasil se sai bem na área científica, bem como no que se refere à produção de papers e pesquisas. Porém, essa performance não se repete no campo dos empreendimentos, número de patentes e lançamento de produtos ou serviços inovadores. A competitividade é acirrada e a mudança é constante. Para acompanhar o ritmo é necessário fazer o novo, seja no serviço prestado ou no produto produzido. Mas, não basta apenas querer inovar.
Por outro lado, para ter processos inovadores, a empresa, não obrigatoriamente, tenha que contratar funcionários modelo “Professor Pardal” – trata-se daquele personagem do cientista / inventor, criado pela equipe Walt Disney.
Introduzir mudança qualitativa em um produto ou serviço existente também é inovar. O processo não precisa ser disruptivo ou envolver um conhecimento inédito. Ao implantar novas rotinas e formas de trabalho, a empresa estará fazendo uma inovação incremental que não precisa aportar vultosos investimentos em tecnologia.
Boa parte das grandes companhias possui áreas dedicadas à inovação e laboratórios de P&D com diversos pesquisadores. Porém, a redoma não pode ser fechada, pois, para inovar, é fundamental a interação entre parceiros. Aqui entram as universidades, centros de pesquisa, agências de fomento, investidores, governos, clientes ou fornecedores. A boa convivência facilita os processos de inovação aberta, nos quais as empresas vão buscar fora de seus centros de P&D, ideias e projetos que agregam diferenciais competitivos.
A Natura segue essa linha ao organizar o hackaton, a maratona de cocriação, com apoio do Massachusetts Institute of Tecnology (MIT). A empresa uniu o ambiente digital à cosmética e teve 88 pesquisadores inscritos pelo Natura Campus, projeto de inovação que completou oito anos. Algumas agências de publicidade se aproximam desse ambiente de incubadoras e aceleradoras para gerar ideias e novos modelos. A inspiração pode vir do Lean Startup, com seu conjunto de processos de desenvolvimento ágil de produto, processo e clientela. Isso move essas novas organizações que se beneficiam com as falhas e aprendem rápido. Companhias antenadas buscam o frescor das startups, que aplicam metodologias como Design Thinking para criarem soluções baseadas nas necessidades e desejos do ser humano.
Temos consumidores multicanais, buscamos engajamento orgânico e sabemos que a inovação é elemento vital para impulsionar as empresas. Afinal, ela gera valor, atrai talentos e conquista consumidores. Então, seria prudente que os meandros da inovação não ficassem circunscritos ao pessoal de P&D. O departamento de Comunicação poderia agregar essa dinâmica inovativa, alinhada aos objetivos da organização e à visão de futuro. Nesse sentido, o que se espera é que a Comunicação estimule os colaboradores a ampliarem fronteiras para impulsionar engajamento inovador no ambiente do trabalho.
Os artigos aqui apresentados n�o necessariamente refletem a opini�o da Aberje
e seu conte�do � de exclusiva responsabilidade do autor. 2503
Outras colunas de Marcos Rogatto
14/12/2015 - A interface entre Comunicação e Governança precisa mudar
18/10/2015 - Informação, Entretenimento e Publicidade na Comunicação das Marcas
01/09/2015 - O Movimento Maker e os Fazedores
19/05/2015 - Uma boa História é outra História
17/04/2015 - Reputação e Engajamento para CEOs
O primeiro portal da Comunicação Empresarial Brasileira - Desde 1996
Sobre a Aberje |
Cursos |
Eventos |
Comitês |
Prêmio |
Associe-se |
Diretoria |
Fale conosco
Aberje - Associação Brasileira de Comunicação Empresarial ©1967 Todos os direitos reservados.
Rua Amália de Noronha, 151 - 6º andar - São Paulo/SP - (11) 5627-9090