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COLUNAS


Francisco Viana
viana@hermescomunicacao.com.br

Jornalista, Doutor em Filosofia Política (PUC-SP) e consultor de empresas.

 

A era do super-homem acabou

              Publicado em 29/08/2014

O bom cidadão é aquele que saber agir segundo as máximas do seu próprio julgamento.

Rousseau[1]

 

A história das teorias da comunicação registra dois fatos que estão perdendo, rapidamente, significado: o progresso contínuo e o controle das massas. São heranças dos séculos XIX e XX, frutos da chamada era positiva, da visão de uma sociedade integrada e coerente, que se volatilizam. Além das crises que se sucedem com demolidora intensidade, as massas se mostram cada vez mais insubmissas pela sua busca de melhoria de vida e ascensão social.

O Brasil é um exemplo típico. Há uma corrida incessante da sociedade para conquistar novas posições. É um fenômeno recentíssimo. Pode-se situá-lo em torno de 30 anos, se tomado como ponto de partida a mobilização pelas Diretas já. Pode-se vê-lo pela ótica de pouco mais de um ano, se o ponto de partida forem as grandes mobilizações de junho de 2013. E isso muda tudo na forma de comunicar.

Foi grande a audiência das recentes entrevistas com os presidenciáveis no Jornal Nacional. O que se pode depreender? O tempo do super político, do super gestor, daquele que desconhece problemas, ficou para trás. Todos os candidatos, independente de partidos, se esquivaram de uma resposta chave: errei. Errei e vou corrigir. Como? Eis o verdadeiro desafio: admitir erros, superá-los. Não é mais fácil e humano?

Na sociedade de massas, a verdade se impõe. E a verdade implica em reconhecer dificuldades, fracassos, falar abertamente com o cidadão. Não há fórmulas prontas. O cidadão analisa, julga e, logo, compartilha seu pensamento. A rigor do passado, sobreviveu a ideia de rede, protagonizada inicialmente pelo utopista social Saint-Simon (1760-1825), que buscava fazer do Estado um organismo de gestão, não mais um organismo político.

Desde então, o que se viu foi a sociedade em rede crescer e, com ela, a comunicação real, feita de cidadão para cidadão. Essa é uma noção fundadora que desafia o comunicador contemporâneo. Verdades prontas e acabadas, inspiradas da lei do êxito e do líder infalível estão fora do lugar. Escapar a tais ilusões equivale a gerar uma ordem política em sintonia com a vontade da nossa época.


Leitura recomendada

MATTELART, André e Michéle. História das teorias da comunicação. Trad. Luiz Paulo Rouanet. São Paulo: Loyola, 2012.

 


[1] TODOROV, Tzvetan, O espírito das Luzes, Trad. Mônica Cristina Corrêa, São Paulo: Barcarolla, 2008, p. 49.


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