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COLUNAS


Renata Saraiva


Diretora Geral da Ogilvy PR no Brasil. Foi Diretora de Atendimento da The Jeffrey Group no Brasil de 2003 a 2008. Fez parte da equipe fundadora do Valor Econômico, onde escreveu no caderno Eu & Cultura, de 2000 a 2003. Antes disso, foi responsável pela pauta do Caderno 2, de O Estado de S. Paulo, de 1996 a 2000. Formou-se em jornalismo pela Pontifícia Universidade São Paulo (PUC-SP) e em História pela Universidade de São Paulo (USP). Tem especialização em marketing pela Fundação Getúlio Vargas.

Quando Está a Sua Vida?

              Publicado em 07/10/2013
O poeta Gonzaguinha cantou a vida. Citando fatos de “alegria ou lamento” interpretou a visão de muita gente sobre essa passagem por aqui. Retratou a confusão que há entre aquilo que estão vivendo e sua própria vida.
 
Repare que a definição popular de vida fica sempre sujeita ao próprio estado de humor das pessoas diante do resultado de suas experiências. Se trabalham muito, ela é dura. Se o sócio lhes aplicou um golpe, então passa a ser injusta. Ao “perder” alguém que ama, a vida se torna absolutamente cruel e mais tudo o que já foi mencionado, junto.
 
Essa maneira de pensar e agir são suscetíveis a muitos equívocos emocionais para ser considerado um padrão de avaliação confiável para a vida. Comumente é pessimista. Considerando uma determinada situação como sendo muito difícil de ser superada, imagina-se que não haja solução para tal. Mas sempre há.
 
A vida é dinâmica, ela está sendo tudo isso, enquanto tem constantemente, como pano de fundo, a perfeição. 
 
Há quem diga que “somos feitos de nossas lembranças.” Isso é muito bonito e poético, verdade. Mas é mentira, ou um ledo engano. Não há nada mais óbvio do que dizer que a lembrança, seja boa ou ruim, é constituída de acontecimentos que já passaram, portanto, não existem mais nem nunca mais voltarão a existir. Sei que isso pode soar muito duro para algumas pessoas que costumam conservar suas lembranças acesas, utilizando-a como combustível para viver, mas é assim. 
 
Ao se lembrarem de fatos de sua vida, as pessoas dizem “parece que foi ontem.” Não parece, foi ontem, mas agora é hoje. E hoje tudo pode ser melhor do que jamais foi, acredite!
 
Se algumas lembranças estão servindo para que você se refaça de algum sentimento que ainda não consegue controlar, funcionando como uma pausa para o descanso, então são válidas. Mas procure aumentar gradativamente o espaço em sua mente para o tempo presente. Aprenda a lidar com esse momento, é a partir dele que sua vida recomeça. Olhe para frente e busque seu caminho.
 
Temos memória e, por isso, a lembrança é natural. Nunca as negue, mas recorra a elas somente se forem acrescentar algo de positivo em sua vida hoje. Do contrário, você estará optando por se iludir e sofrer.
 
É preciso se cuidar para que as lembranças não se apossem de você. E isso pode ocorrer quando desrespeitamos o tempo presente e passamos a viver fora dele, ou em alternância descontrolada entre épocas passadas e futuras. É viver entre a realidade e uma fantasia demasiadamente prejudicial ao nosso crescimento. Essa energia se aproveita das fraquezas humanas e, travestida de alegria, melancolia, sofrimento ou do que quer que elas signifiquem para seus evocadores, faz com que acreditemos que somos ela própria. Nessa confusão de identidade, podemos nos desviar do caminho produtivo à nossa frente, nos perder numa floresta de ilusões.
 
O fruto das lembranças são suas consequências, fatos que geraram quando existiram naquele tempo que se chamava presente. Eles, sim, são reais e têm efeitos hoje. Porém, além deles, sua vida vai sendo feita de desdobramentos constantes de eventos atuais.
 
E bem nesse ponto está a sua força!
 
Chamo a atenção para a sutileza da expressão “vai sendo feita”. Ela é a que define com mais exatidão algo que as palavras, algumas vezes, têm dificuldade de expressar, chegando a fazer com que coisas muito diferentes soem como sendo parecidas e até iguais. Esse detalhe é fundamental para o entendimento das constantes transformações que participam do processo de vida. O fatalismo só existe em algumas mentes humanas.
 
Vivemos agora o momento de aprender a lidar com as lembranças, e não fugir ou fingir que não temos necessidade delas. Quando surgirem, precisamos, sim, convertê-las em energia saudável para nossas vidas, para nossa evolução. Isso é feito através da análise dos resultados de seus efeitos hoje, sem julgamento, nem punição, mas com absoluto discernimento de valores.
 
Qualquer que seja o impacto que algo do passado possa ter causado em você, ele já acabou, se foi. É preciso amadurecer e seguir seu caminho. Os fatos que você vivenciou até agora e seus resultados, não devem ser considerados ferimentos abertos sem cicatrização e sim, setas sinalizadoras. Por isso, atenção para onde apontam.
 
Jamais poderemos fazer algo no passado. O presente é a matéria-prima de nossas vidas. Devemos aproveitá-lo com consciência, atenção e respeito.
 
Você pode fazer agora tudo o que deseja para tornar esse o melhor de todos os seus momentos. Depois vá replicando essa atitude em todas as situações e verá o mundo se transformando diante de seus olhos. É a beleza de todo esse processo dinâmico permeado de possibilidades infinitas.
 

O poeta tem razão! No final das contas, a definição mais simples e direta continua vindo da “pureza da resposta das crianças: é a vida, é bonita e é bonita!”. 


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