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COLUNAS


Rodrigo Cogo
rodrigo@aberje.com.br

@rprodrigo

Relações Públicas pelo Curso de Comunicação Social da Universidade Federal de Santa Maria , é especialista em Gestão Estratégica em Comunicação Organizacional e RP e Mestre em Ciências da Comunicação pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. Trabalhou por 10 anos com planejamento e marketing cultural para clientes como AES, Bradesco, Telefonica e BrasilTelecom. Tem experiência em diagnósticos de comunicação, para empresas como Goodyear, HP, Mapfre, Embraer, Rhodia e Schincariol. Atualmente, é responsável pela área de Inteligência de Mercado da Aberje, entidade onde ainda atua como professor no MBA em Gestão da Comunicação Empresarial.

A organização polifônica humanizada como ambiente de histórias

              Publicado em 27/06/2014

O surgimento de modelos gerenciais que viabilizem uma perspectiva subjetiva de gestão, como pontua Cabral, com empresas capazes de envolver e mobilizar pessoas (de dentro e de fora do seu âmbito) em prol da construção de um futuro melhor para elas e para a sociedade, vai fazer recriar o ambiente empresarial e a percepção pública sobre a iniciativa privada. Afinal, quando se introduz a comunicação na esfera das organizações, o fator humano, subjetivo, relacional e contextual constitui um pilar fundamental para qualquer ação comunicativa duradoura e produtiva, como bem disse Margarida Kunsch. Assim, há uma abertura para a comunicação verdadeira, de valorização de interlocutores, sua integração no ambiente com possibilidade de criação e revelação de vocações e talentos.

Humanizar as relações de trabalho é reconhecer verdadeiramente a empresa como um organismo, e não como um mecanismo. Portanto, sujeito a variáveis emocionais e subjetivas e bastante vinculado a possibilidades de expressão para oxigenação dos comportamentos e das performances – o que se dá, em grande parte, pelo compartilhar de histórias entre seus membros. É interessante registrar que a narrativa organizacional serve como um canal importante para mensagens e traz um sentido de identidade em organizações cada vez mais diversificadas, largamente dispersas e em rápida mutação. Alguns empregados compartilham histórias como um meio de sobrevivência dentro da estrutura corporativa; outros usam histórias para criar um espaço para si próprios, a partir do qual eles podem desafiar, ameaçar, criticar e alertar a estrutura do poder dominante da organização.

A construção de redes de relacionamento parte de relações humanas mais abertas e cooperativas, a partir de um planejamento que posiciona a comunicação em patamar estratégico e que dá fluidez a múltiplas vozes. É isso que sinaliza o conceito de ‘polyphonic organization’ proposto por Kornberger, Clegg e Carter (2006), considerando essa multiplicidade a partir dos públicos de relacionamento de uma organização e, por consequência, a variedade dos discursos que constituem sua realidade. Esses pesquisadores igualmente aludem às vozes silenciadas pelos discursos hegemônicos e entendem que, através da polifonia, é possível estar apto a compreender mudanças nos padrões de organização entre as pessoas. Trata-se da noção de organização como sistemas verbais construídos socialmente, arenas nas quais uma variedade de tramas simultâneas e descontínuas ocorre por diversos atores.

Uma empresa socialmente humanizada requer uma gestão que garanta participação em ideias e sugestões de todos os colaboradores, como bem pontua Romão. Ora, uma empresa se torna socialmente humanizada e lucrativa quando seu compromisso de existência transcende os números, com atitudes que acrescentem ao mundo mais dignidade de existência e sobrevivência, que tragam benefícios aos envolvidos no campo material, espiritual e humano. Por isto, a relevância do desenvolvimento da capacidade da escuta e da construção coletiva do relato e do sentido.

A humanização na comunicação, pois, é panorama essencial para a instauração da proposta de storytelling, pois exige vontade organizacional para constituição de lugares efetivos de participação – trata-se de lugares que possibilitem e/ou fomentem a manifestação das subjetividades e da diversidade, a escuta e a realização da autocrítica, como sugere Rudimar Baldissera. É entender a comunicação em Daniel Pink, para quem estamos deixando de ser uma economia e uma sociedade baseadas nas faculdades lógicas, lineares, frias e objetivas da Era da Informação e fazendo a transição para as faculdades criativas, empáticas e sistêmicas – a Era Conceitual. É a condenação de uma hegemonia do pensamento e visão de mundo estreitamente redutoras e acentuadamente analíticas, onde o trabalhador do conhecimento precisava ser capaz de processar informações e oferecer alto grau de especialização.

No atual mundo fragmentado e em constante mudança, os grandes mitos de criação, as narrativas religiosas, políticas ou corporativas foram sofrendo desgaste lento e progressivo – ou uma suspensão de relevância diante da emergência de outras fontes tidas como críveis. Qualquer mensagem resta orgânica, líquida, aberta e deformável, derrubando muros entre emissor e receptor. Só uma verdadeira história estrutura e dá sentido ao discurso confuso de informações enfrentado a cada dia. A ideia embutida é qualificar as relações e os vínculos, constituir legitimidade e ampliar sintonia tendo como base a confiança, tudo a partir da contação de histórias e não de narrativas pasteurizadas. 


Os artigos aqui apresentados não necessariamente refletem a opinião da Aberje e seu conteúdo é de exclusiva responsabilidade do autor. 2733

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