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Mônica Alvarenga
monica@monicaalvarenga.com

Coach e consultora em Comunicação e Relacionamentos Organizacionais, graduou-se em Comunicação Social pela UFRJ, Letras (FEUC), especializando-se em Marketing (FGV), Comunicação Corporativa (Syracuse University, NY) e Mídias na Educação (UFRRJ). É diretora da Múltipla Comunicação. Escreve para portais e blogs sobre relacionamento e comunicação. 

www.monicaalvarenga.com

Um palavra mágica, capaz de grandes transformações!

              Publicado em 11/06/2014

Esqueceu a palavrinha mágica! Era assim que eu falava com os meus filhos quando queria ensiná-los a dizer “obrigado”. Ainda crianças, eles imediatamente lembravam-se de agradecerem por algo que tinham acabado de receber. Não sei porquê chamava essa palavra de mágica. Talvez estivesse apenas repetindo meus pais e avós, mas o fato é que hoje concluo que a palavra é mágica mesmo. A gratidão tem o poder de atrair mais e mais coisas boas. E não é preciso acreditar em gurus ou comprar livros de autoajuda para usufruir do poder dessa palavra mágica. Basta exercitar, dizer “obrigado” muito mais do que estamos acostumados e observar os efeitos. Como nos sentimos ao ouvir e ao falar esta palavra? O que acontece quando lembramos de agradecer por tudo o que recebemos, começando por coisas simples incorporadas ao nosso dia a dia, como os serviços do ascensorista e do porteiro?

Ao estudar líderes de todo o Mundo, Otto Scharmer percebeu que havia algo que estava além das ações e dos processos: um “ponto cego” que conduzia ou motivava o que era tradicionalmente observado em análises de modelos de liderança. A esse ponto, ele chamou de “lugar interior” ou “fonte”, a partir da qual todas as ações se originam. Afirma que começou a perceber a importância desse “ponto cego”, quando ouviu de um entrevistado, Biil O´Brien (na época, CEO da Hannover Insurance), a seguinte frase: “O sucesso de uma intervenção depende do estado interior de quem intervém.”¹

Em processos de coaching de equipe e de team building, costumo ouvir queixas sobre a falta de reconhecimento de trabalhos realizados. Quando pergunto o que seria “reconhecimento”, muitas vezes escuto “bastaria que me dissessem obrigado”. Sim, há muitas formas de se reconhecer um bom trabalho, mas nada substitui o poder do agradecimento. “Obrigado” é mesmo uma palavra mágica. Não fosse assim, como teria o poder de contribuir significativamente na criação de ambientes de trabalho mais produtivos? Como poderia influenciar na criação de “estados interiores” favoráveis a um agir mais criativo, onde o potencial individual é colocado a serviço do coletivo?

Se me sinto bem com o que faço, tendo a fazer melhor. A Física Quântica corrobora a “mágica” exercida pela palavra “obrigado”. Em um caderno de estudos introdutórios sobre Física Quântica, lê-se: “o observador adquire um papel ativo e fundamental para a teoria. Torna-se impossível realizar uma medida sem interferir com o objeto que estamos medindo. (…) Assim, o efeito de observar o estado do sistema faz, como consequência, que esse estado seja alterado. Dessa forma, na Física Quântica, a distinção entre observador e observado deixa de ser clara; deve-se considerar que o observador é também um sistema físico que interage com o objeto de medida.”². Sendo assim, como podemos imaginar que agradecimentos repercutam nas partes de um sistema como o corporativo, por exemplo? A interação pode ser facilmente observada: quando alguém sente que suas ações são reconhecidas de alguma forma, sente-se estimulado a prosseguir fazendo mais e melhor.

E o que não dizer dos sistemas que formamos com familiares, amigos e demais relações em áreas da vida que não a profissional. Comigo, acontece sem que me dê conta, e deixo de perceber o esforço de um filho para retirar o lixo ou da faxineira para realizar suas tarefas. Julgo, no automático, que não fizeram mais do que a obrigação e deixo de agradecer. Nessa hora, perco a chance de novas e voluntárias colaborações em outras tarefas domésticas e de receber um serviço melhor a cada dia na faxina semanal da casa. Usufruir da mágica da vida exige atenção e prática. E quando percebo isso, posso fazer melhor, posso agradecer e reconhecer mais.

Minha sorte é que conto com sinalizadores, que me ajudam a lembrar de coisas simples, como a gratidão, que tornam tudo a minha volta muito melhor. Um deles é o Chico, nosso cachorro, que aprendeu nas ruas a ser grato por tudo o que recebe. Não deixa nenhuma ação nossa passar despercebida. Se colocamos comida, faz uma brincadeira; uma bolinha jogada ao longe motiva latidos de contentamento; um afago faz com que deite no chão e vire-se para nós. Agradece-nos de todos os jeitos que sabe. Ele me conquista todos os dias. E me lembra do quanto posso, também eu, demonstrar mais a minha gratidão.


¹ SCHARMER, C. Otto. Teoria U: como liderar pela percepção e realização do futuro emergente. Rio de Janeiro: Editora Elsevier, 2010.

² CEDERJ. O Princípio da Complementaridade e o papel do observador na Mecânica Quântica. http://www.fing.edu.uy/if/cursos/fismod/cederj/aula03.pdf


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