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Marcos Ernesto Rogatto
marcos@vistamultimidia.com.br

Jornalista e Mestre em Multimeios pela Unicamp. Trabalhou na TV Manchete, Revista Veja e TV Globo São Paulo. Foi diretor de Comunicação da Prefeitura de Campinas e colaborador da Gazeta Mercantil. Há 25 anos trabalha com vídeos e multimídias corporativas. Atualmente é Diretor da produtora Vista Multimídia e participa do Grupo de Estudos de Novas Narrativas/GENN.

Sobre Baias, Arquitetura e Comunicação

              Publicado em 27/05/2014

Palavras como cúbiculos, baias ou aquários são utilizadas para denominar os atuais ambientes de trabalho. Você leitor, provavelmente, está em um deles agora e pode ter a mesma opinião que 93% dos entrevistados da pesquisa encomendada pela empresa Steelcase. Essa grande maioria adoraria poder passar a carga mínima, das oito horas da jornada diária, em outro local.

A revista Época Negócios desse mês aborda o ambiente do trabalho e opina que ainda está para ser desenhado o escritório do Século XXI, pois o redesenho se limitou à abolição do cubículo. Segundo a matéria os profissionais também estão insatisfeitos com a arquitetura aberta devido à falta de privacidade. Cita Kevin Kuske, CEO da Izzy+, que defende a criação de zonas de concentração, de colaboração, de criação e de diversão. Destaca empresas exemplares como a Klour, de São Francisco, que tem “closets” e a What IF Innovation, de Nova York, que tem bistrô como sala de reuniões.

No livro Cubed: a Secret History of the Workplace, Nikil Saval revela a anatomia engraçada e crítica do ambiente do trabalho nas corporações. Relata mudanças como a noção de racionalização dos escritórios, que gerou projetos para maior eficiência e melhoria na produtividade do trabalhador.

Hoje, como característica de liderança, valoriza-se qualidades pessoais como colaborativo, comunicativo, criativo e flexível. São funcionários com capacidade de se reinventar constantemente, mesmo enfrentando a complexidade adversa das organizações. A Monotonia, a falta de ergonomia e a arquitetura canhestra infectam o local de trabalho. Isso tem toda relação com comunicação, felicidade e podutividade.

As tirinhas de Dilbert, nas boas tiradas do autor Scott Adams, brincam criticamente com esse ambiente. O personagem - um engenheiro trintão sedentário que trabalha em empresa californiana de alta tecnologia - prefere os computadores às pessoas. Vive fechado em cubículos, tem longas jornadas e o seu cão Dogbert como verdadeiro amigo.

Mais recentemente, a série Silicom Valley da HBO, retrata o jovem programador Richard, que tenta ficar rico em eventos de startup. Trabalha em ambiente “cool”, com paredes multicoloridas e muitas facilidades. Daquelas como poder levar o cachorro, de maneira que o funcionário nem precisa ir embora para a casa. Quem brinca com o sério é Mike Judge, autor da série e de sucessos como Beavis and Butt-Head, a animação exibida pela MTV, em que os adolescentes entediados fazem coisas idiotas.

Opções interessantes para romper o estresse do trabalho podem ser os edifícios corporativos com a Certificação LEED, de construção sustentável. Criada pelo US Green Building Council há mais de uma década, hoje tem o Brasil na quarta posição do ranking mundial dos países que mais procuram a certificação. São os prédios denominados verdes que priorizam a qualidade de vida de usuários bem como a ambiental, dentro e fora do empreendimento. Isso vai da escolha sustentável do terreno, passa pelo uso racional da água, energia, consumo de materiais e geração de resíduos.

Outro termo utilizado no setor é o facility management, que são as atividades de gerenciamento de serviços e infraestrutura destinados a suportar o dia a dia do edifício. Essa gestão dos ambientes de trabalho tem o intuito de manter tudo em funcionamento e gerar conforto aos usuários. Afinal, passamos mais horas trabalhando do que dormindo.

A relação direta entre melhoria do ambiente com a performance é cada vez mais unanimidade. Neste mês de maio o Colégio Máster Dei, do Jardim Paulista, inaugurou sua moderna sala de estudos com bancos, cubos e almofadas coloridas espalhadas no ambiente. É o início, no Brasil, do projeto Google Learning Space. Outros colégios, que desejarem melhorar o viés colaborativo, poderão buscar a empresa para reproduzir o modelo. Algo parecido com os escritórios do Google em todo o mundo, onde prevalecem ambientes descontraídos para estimular a produtividade e qualidade de vida.

Mesmo as variáveis da clausura, como baias abertas, estão longe de ser a opção ideal no mundo dos atuais funcionários bloggers e de grande adesão às redes sociais. É desejável que o layout do escritório atual reflita o branding da empresa e propicie melhoria na comunicação entre as pessoas. Mais que abolir o cubículo é preciso implantar espaços abertos, com suas áreas de “descompressão” para amenizar as jornadas, facilitar a relação, a troca de ideias e a inovação.


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