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Francisco Viana
viana@hermescomunicacao.com.br

Jornalista, Doutor em Filosofia Política (PUC-SP) e consultor de empresas.

 

Comunicação é democracia

              Publicado em 11/04/2014

 “Convicção na democracia é recorde”. Com esse título, o Datafolha acaba de divulgar pesquisa informando que, passados meio século da ditadura militar, 62% dos brasileiros acreditam que a democracia “é sempre melhor do que qualquer outra forma de governo”. As informações tornam-se tanto mais relevantes quanto se observa que 51% não vêm nenhuma possibilidade de ocorrer uma nova ditadura, mas 61% reconhecem a existência de grandes problemas no funcionamento da democracia.

 
É nesse último aspecto que residem algumas questões em torno das relações entre democracia e comunicação? O que está acontecendo: o diálogo se tornou um jogo de mera aparência? Discute-se, mas não se realiza na prática as exigências de mudança? São questões para refletir e agir. Há um paradoxo real nos números divulgados. A proporção dos partidários da democracia são tecnicamente iguais àqueles que consideram o seu funcionamento no país altamente problemático. Também, o número dos que não acreditam numa nova ditadura é pequeno. Na realidade, há uma divisão da população. 
 
Não pode continuar assim. As reclamações da sociedade precisam ser ouvidas. Elas, as reclamações, devem ser as tecelãs das mudanças para melhor, devem significar evoluções, devem significar, sobretudo, atenção e cuidado com o cidadão. O gestor democrático, público ou privado, como o representante político, precisam ser referências. Paradigmas de conduta. Aristóteles na sua Política advertiu os governantes quanto aos muitos males da perda de sintonia com a sociedade. Ele escreveu num tempo remoto em que democracia significava não o governo de todos para todos, mas o governo  dos deserdados e excluídos.
 
Hoje, o drama é mais amplo. O sentido da democracia ganhou dimensões de valor construtivo e integrador das diferentes camadas sociais. Não se trata de ouvir apenas os deserdados e excluídos, mas toda a sociedade que aspira participar do processo democrático. Participar é uma palavra chave porque cidadania é muito mais do que liberdade de expressão e de imprensa. É liberdade de participação.  
 
O que temos visto no Brasil é um grande desprezo pelo processo político. Candidatos, por exemplo, são eleitos graças a campanhas de marketing sem se preocupar em imprimir concretude às promessas de campanha. É imperativo mudar. Passos largos precisam ser dados no rumo de uma comunicação eficaz que atente para o Brasil real, aquele que está  nas ruas se mobilizando por reformas. 
Palavras e ações devem caminhar lado a lado, não mais no sentido da fantasia. 
 
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Leituras recomendadas:
ARISTÓTELIS, Ethica Nicomachea. Tratado da Virtude Moral. Tradução, Marco Zingano), São Paulo: Odysseus, 2008.
PERINE, Marcelo. Quatro lições sobre a ética de ARISTÓTELES. São Paulo: Loyola, 2006.

 


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