A gestão de mudanças tem se tornado um processo cada vez mais importante nas organizações. E tem aberto um campo de trabalho bem interessante para nós, comunicadores. Afinal, a clareza na comunicação de transformações impacta diretamente os resultados de qualquer mudança. Entretanto, pensar que apenas a informação leva à transformação, é um grande equívoco.
Ninguém muda sem entender a causa, o porquê. Compreender as razões que levam uma empresa a repensar seu posicionamento, a adotar uma nova estratégia, reorientar o rumo de seus negócios, alterar sua estrutura ou fazer (des) investimentos, é um grande vetor de motivação para a mudança.
Por outro lado, paradoxalmente, equipes motivadas e bem informadas nem sempre mudam com a velocidade necessária. Uma das explicações para isso é o fato que muitas transformações trazem consigo o imperativo de aprender a lidar com processos de trabalho de forma diferente, de reaprender a ser/ estar nas organizações, de desenvolver novas conexões e interfaces. Desta maneira, saber “operar” (ou sentir-se seguro para “operar”), na nova realidade constitui-se em outro vetor importante para mudar. Ou seja, a capacitação das pessoas para o novo patamar é função crítica para uma transformação organizacional ter sucesso.
Mas... e quando uma empresa possui uma equipe motivada, bem informada e muito bem capacitada para lidar com a mudança e, mesmo assim, nada acontece? O que deu errado? Possivelmente algo bem simples: para uma mudança ser bem sucedida, o terceiro vetor é a oportunidade, ou a urgência em mudar. Eu costumo brincar que é como fazer dieta: você sabe muitas vezes a importância de cuidar melhor da alimentação e como fazer para ter a balança a seu favor, mas só começa mesmo depois daquela calça favorita não fechar ou de levar uma bronca do seu médico.
Assim, os três ingredientes que não podem faltar em um processo de gestão de mudanças são a comunicação – saber o que vai mudar e o seu porquê; a capacitação – sentir-se apto a operar no novo patamar; e a oportunidade - o ponto da mudança, onde não dá mais para ficar como está.
Como diz o professor B.J. Fogg, da Stanford University, o ser humano é “programado para a estabilidade”, mas a motivação, o conhecimento e a oportunidade podem ajudar a desenvolver comportamentos mais abertos à mudança. Entender essa dinâmica é fundamental para apoiarmos estrategicamente as múltiplas transformações no contexto das organizações.
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Os textos que publico nesse espaço não podem ser compreendidos como posicionamento da C&A.