A palavra é o que fica
A outrora grande fábrica, relegada à inclemência do tempo.
Como os protagonistas de histórias, as empresas também percorrem as suas “jornadas de heróis”. Elas nascem, crescem, se desenvolvem, passam por dificuldades, desafios, conquistam aliados, se reinventam, vencem batalhas e, como todos os seres vivos, morrem. Raríssimas são as corporações centenárias.
Não é difícil de encontrar, em qualquer lugar do mundo, edificações antigas, em ruínas, emolduradas pela tristeza do mato tomando conta do entorno – a outrora grande fábrica, símbolo da pujança e orgulho local, relegada à inclemência do tempo. Nossos olhos vêem e indagam: quantas famílias dependeram daquela empresa durante sua existência econômica? Quantos empregos, casamentos e filhos foram criados e educados com o dinheiro gerado pelas suas máquinas?
A lembrança está perdida na poeira dos barracões, nas ervas que medram por entre as frestas, no telhado que cai e nos maquinários encostados. E, se não foram para o lixo ou queimados, ainda restam recortes de jornais amarelados, fotos de operários em atividade, de reuniões e turmas em festa. Também pode ter sobrado alguns documentos e diplomas que outrora enfeitaram orgulhosos as paredes das salas de espera, e mais nada. A inexorabilidade do deus Cronos diz: Tudo passa.
Empresas e pessoas vêm e vão e o que fica mesmo são as histórias memorizadas por aqueles que gravitaram ao redor da sua existência. É por isso que nos últimos tempos o mundo empresarial percebeu o valor da preservação das suas histórias – até como reforço na construção, gestão e defesa das marcas. Comunicadores precisam saber que têm a obrigação de deixar um rastro na história. Já vi empresas, outrora pujantes, ao serem desligadas, sumirem por completo, sem nenhuma referência para o futuro.
A memória guarda imagens na forma de fotografias, monumentos arquitetônicos, logomarcas, livros e filmes e essas serão decodificadas e transmitidas pela palavra. Máquinas serão vendidas, desmanchadas ou recicladas, prédios serão demolidos e novos empreendimentos surgirão no local. Ao final, o que restará mesmo serão as histórias – palavras – contadas sobre aquele belo tempo de prosperidade. A literatura e a documentação museológica descobrem e nos apresentam cada vez mais histórias de ciclos econômicos. O último bom lugar está presente no coração de todos nós.
Por isso, é importante que o comunicador saiba criar, inventar, organizar, registrar e alinhavar com inteligência as histórias da empresa que representa. Existe algum mito fundador? Das dificuldades enfrentadas surgiu alguma inovação significativa que mereça registro? Quando a empresa deu a sua grande virada, e o que isso representou para a região, país ou para o mundo? Públicos internos e externos precisam das histórias – elas criam senso de pertencimento.
Não nos é dado o poder dos dias vindouros. Trabalha-se no momento em um grande conglomerado e amanhã ele poderá ser apenas uma pálida lembrança. Se as suas narrativas estiveram bem organizadas, sua memória persistirá por muito mais tempo, talvez até por um tempo maior do que a sua existência real.
De tudo vai restar um pouco e esse pouco serão as palavras que contarão as façanhas vividas por aquele grupo, que se reuniu em torno de uma ideia, que se tornou tangível pela ação de alguns empreendedores. Um bom trabalho de comunicação institucional, que sabia contar e organizar as boas histórias sobre a sua atual empresa é o que ficará na mente e no coração das gerações futuras.
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