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COLUNAS


Eloi Zanetti
eloi@eloizanetti.com.br

Foi diretor de comunicação do Bamerindus e de marketing de O Boticário. Consultor e palestrante em marketing, comunicação corporativa e vendas. Publicitário premiado nacional e internacionalmente. Ambientalista, um dos idealizadores da Fundação O Boticário, conselheiro da SPVS e da TNC. Autor de vários livros – vendas, marketing e infantis com edições no Brasil e países hispânicos.

Confiança criativa e a ação de fazer

              Publicado em 09/10/2015

Certa vez, ao realizar palestra em uma convenção, perguntei: “Quem aqui se considera criativo?”. Fiquei surpreso com a resposta: entre quase 400 pessoas, apenas quatro levantaram a mão. À noite, na hora do jantar, conversei sobre o tema com o psiquiatra José Angelo Gaiarsa (1920-2010), palestrante no mesmo evento e presente na hora da minha pergunta. Chegamos à conclusão de que a maioria das pessoas não levantou a mão por medo da exposição pública.  

Por viver sempre em ambientes de muito estímulo criativo, resolvi testar minha pergunta em outras palestras e o resultado era sempre o mesmo – poucos levantavam a mão. Descobri que as pessoas consideram criativos aqueles cujas atividades estão mais expostas à mídia e à exibição, como artistas, músicos, publicitários, escritores e cientistas.

Continuei levantando a questão em todas as palestras que fazia e percebi que, mesmo em setores onde a criatividade deve ser inerente, recebia poucas respostas positivas. As pessoas, de maneira geral, não se entendem como criativas. Ora, a primeira condição para uma pessoa ser criativa é considerar-se criativa. Sócrates dizia que “pensador é aquele que se considera”. Ninguém deve dizer se você é criativo ou não; é você que tem que se dizer a si próprio: “sou criativo”. E quanto mais forte a sua convicção de viver de forma criativa, mais criativo será. É desse estado de espírito que nasce a confiança em enfrentar dificuldades em circunstâncias desfavoráveis.

A partir da aceitação de que somos criativos, independentemente da nossa idade, classe social ou profissão, as oportunidades se abrem. A criatividade não é um dom que acomete poucos gênios, mas algo inato a todo ser humano. Nascemos criativos e aos poucos a família, a sociedade, a escola e as empresas vão embotando nossa espontaneidade em ter boas ideias. Quer ser criativo? Volte ao jardim de infância.

O indivíduo criativo sabe a força que tem e encara os desafios como estimulantes. Para ele nada é impossível. Acostumado a se ouvir como bom resolvedor de problemas, encara-os de frente, atacando-os sob diversos ângulos. Já o desprovido da criatividade ficará imóvel, estanque, com dificuldades para saber aonde ir ou de que lado atacar.

O estado do viver de forma criativa nos traz confiança e nos energiza, pois queremos ver as nossas ideias em ação. Picasso, o gênio da arte, dizia que “o sonhador tem que se dar ao trabalho de realizar”.

Ao abraçarmos esse estado, com o tempo começaremos a incorporar (jogar para dentro do corpo) hábitos favoráveis à geração de novas e boas ideias. A curiosidade irá trazer à nossa mente milhares de informações que, ao se conectarem, muitas vezes de forma desordenada, criarão novos conceitos e ideias. E criatividade é isso: juntar uma coisa à outra. Também perderemos o medo de errar e saberemos que não aprendemos com os erros, mas sim com a correção dos mesmos.

O discurso presente nos ambientes empresariais nos dias de hoje é a inovação, algo que necessariamente depende da criatividade – atributo do funcionário ou de uma equipe. Mas antes dela, e por isso ainda mais fundamental, está a imaginação – um atributo puramente individual. É por isso que Einstein disse: “Em circunstâncias desfavoráveis, a imaginação é mais importante do que o conhecimento”. Voltarei com este assunto no próximo artigo.


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