Quando jovem achava os rituais chatos, ridículos e sem sentido, porém, com o passar do tempo, percebi que precisamos e, muito, das cerimônias, das comemorações e dos ritos de passagem. Deixar de ritualizar momentos importantes, como as formaturas, noivados, casamentos e conquistas profissionais fará falta à nossa alma mais tarde, pois, quando não valorizamos ou desprezamos nossos ritos ancestrais, criamos vazios existenciais que irão nos incomodar ao longo da vida. Ritos agem no inconsciente ajudando a organizar nossa psique, criando marcas emocionais positivas. Por isso, não deixe passar em branco esses momentos, reúna seu grupo -- tribo -- para comemorar pequenas ou grandes conquistas, nem que seja ao redor de um bolo de padaria e uma garrafa de guaraná.

Celebrar ritos de passagem rodeados por pessoas das quais gostamos -- parentes, amigos e colegas de trabalho -- para celebrar a aquisição de novos conhecimentos e conquistas propicia momentos de pausa e reflexão e nos faz entender melhor nossos sentimentos. Culturas mais antigas ainda realizam ritos de passagem e os seus jovens, ao passar por esses momentos, alguns com sacrifícios físicos e emocionais dolorosos, dizem que deixam e não voltam a ser crianças de novo. Ignorar a cerimônia da transição das idades adolescente/adulto faz com que muitos jovens continuem a viver como dependentes na casa dos pais em uma espécie de infância tardia. A falta desse ritual os torna acomodados, inseguros e irresponsáveis e, não sabendo viver o mundo dos adultos, vivem suas tristes síndromes de Peter Pan.

Faz parte do trabalho do comunicador perceber o momento certo para sugerir e organizar rituais corporativos; trabalho que deve ser feito na dose certa para não parecerem artificiais e sem significado. Convenções, comemorações de conquistas de mercado e premiações não precisam acontecer como shows de rock. Ao organizar tais eventos, não se deixe levar pela onda dos mega-shows, pois, a mão pesada do pessoal da área promocional fará o custo da cerimônia pesar também no seu orçamento. Muita pirotecnia só dá resultado de curtíssimo prazo, todos irão se lembrar dos efeitos e nada dos objetivos que a empresa queria transmitir. A sabedoria recomenda -- nada em excesso.

Motivos para rituais e comemorações em ambientes empresariais não faltam. Eles vão desde o batismo de um novo navio ao se quebrar um frasco de champanhe em seu casco até as festas de cumeeira ao término da cobertura de uma nova casa, quando se coloca um galho de árvore no telhado e se oferece uma churrascada para os pedreiros.

Pense sobre o quanto você, seus filhos e a sua empresa estão pulando os rituais ou fazendo-os de forma equivocada. Ritual é mais do que uma festa, há um componente sagrado no meio desses encontros. Eles aproximam pessoas, oferecem orientações de rumo, criam senso de pertencimento, dão significado ao trabalho e reúnem o grupo em prol de objetivos comuns.