Uma enquete com amigos, estudos recentes e líderes inspiradores apontam o que torna uma marca tão poderosa
Há dias venho pensando em trocar de aparelho celular. O motivo, básico: quero mais serviços (além de fazer ligações e responder e-mails) e acesso rápido à Internet, recursos que o meu atual não tem. Mas como nunca fui uma expert em tecnologia, nem apaixonada por algum modelo específico, resolvi pedir ajuda. Fiz uma rápida pesquisa neste universo eletrônico, escolhi duas opções que me atendem (e me pareceram as mais procuradas) e postei a seguinte pergunta no Facebook: amigos, qual aparelho devo comprar: iPhone ou Galaxy? Marca Apple ou Samsung? Nunca pensei que a repercussão fosse tão grande – e tão controversa.
A primeira resposta foi praticamente uma bronca: “Isso é pergunta que se faça? Uma vez Apple, sempre Apple”. Já a segunda foi tão contundente quanto a primeira, só que em defesa da Samsung: “Sistema Android, óbvio! Você pode usar o Swype (nem sabia o que isso significava) para digitar suas mensagens. É o futuro”. Aliás, todas as qualidades operacionais e técnicas vieram em favor do Galaxy: “Ele tem mais funções, muitos aplicativos são gratuitos, não precisa fazer sincronização com iTunes, nem ter cartão internacional.” O iPhone também recebeu elogios funcionais como o novo software que já está sendo testado, mas da grande maioria, ouvi respostas similares à primeira reação do amigo internauta: “Amo qualquer coisa da Apple”; “Escolho Apple porque é cool”; “Sou Apple addicted, não consigo nem opinar”. “Apple é sinônimo de status!”. E o último post resumiu toda a questão: “Racionalmente: Galaxy; emocionalmente: iPhone”.
Imediatamente me lembrei da mais inspiradora palestra que ouvi um dia desses, com Claude Oimet, vice-presidente da Interface Carpet. Oimet veio ao Brasil a convite da Votorantim falar sobre a vantagem competitiva da sustentabilidade para as corporações. Tudo sob uma perspectiva diferente: a de como criar “true mind share”, ou seja, como conquistar, verdadeiramente, uma parte da mente do consumidor. E isso só é possível, segundo Oimet, com marcas que têm um propósito e entregam muito mais que qualidade, boas práticas e inovação; elas tocam o coração das pessoas (pensei nos milhares de “Applemaníacos” que dormem nas ruas, em filas enormes, na expectativa de comprar, em primeira mão, o lançamento da vez). O executivo finalizou sua mensagem sinalizando que há muito mais informações saindo do coração para o cérebro do que o contrário; compartilhou também como as organizações podem ter lucro com uma perspectiva mais emocional, atingindo maiores níveis de lealdade do consumidor com a marca.
Claude Oimet não está sozinho. Estudos recentes mostram que as empresas mais admiradas querem construir conexões duradouras com seus públicos. E que vínculos profundos não se constroem apenas com diferenciais técnicos, que são importantes, claro, mas não suficientes. Muitos, inclusive, já estão chamando qualidade de “higiene” – ou seja, é básica. As marcas (incluindo empresas B2B) que querem fortalecer sua reputação têm o desafio de fazer associações com a realidade das pessoas, com seus sonhos e suas aspirações de vida, levantando bandeiras legítimas em que acreditam e possam se apropriar. É o tal vínculo profundo e irracional com o consumidor que faz com que meu filho de doze anos, por exemplo, olhe para mim, convicto, e diga: “mãe, compre iPhone porque Apple é Apple, oras”. Aliás, ainda não decidi qual aparelho celular devo comprar, mas não dá para negar a força emocional que essa maçã – e todas as “iMarcas” – exercem sobre a gente!