Quem você culpou hoje: o destino, o trânsito ou o colega de trabalho?
A (difícil) escolha entre ser vítima ou protagonista
Já estávamos na segunda parte do workshop sobre cultura das organizações, quando o consultor fez uma provocação. Ele pegou a caneta que estava na mesa de apoio, abriu a mão no ar e disse: por que esta caneta caiu no chão? A primeira resposta imediata veio de um dos engenheiros da plateia: "ela caiu em função da lei da gravidade". Sim, está certo, ele comentou, mas a caneta também caiu porque eu a deixei cair, ao abrir a mão e soltá-la. Ou seja, caiu por uma ação feita por mim, concluiu. Muitos não entenderam aonde ele queria chegar com aquela conversa.
Então, logo em seguida, fez mais uma pergunta: quando vocês chegam atrasados para uma reunião, normalmente é por que motivo? "É o trânsito", a resposta foi quase que unânime. Mas, que tal fazermos outra leitura: será que o atraso não aconteceu porque vocês não saíram mais cedo de onde estavam, já sabendo que o trânsito é sempre complicado? E assim outros exemplos se seguiram, e fomos exercitando duas formas de nos posicionarmos diante das situações: como vítimas (nem tudo o que acontece depende de mim) ou como protagonistas (eu assumo a responsabilidade por uma ação).
E não é que tendemos mesmo a colocar a culpa no outro ou em algo? É, no mínimo, mais cômodo: se o projeto não foi aprovado, a culpa é do chefe, que não o entendeu, e não da minha falta de preparo ou de consistência do material apresentado. E quantas vezes ouvimos que a área não é estratégica porque a empresa ainda não viu valor nela, mas raramente nos questionamos sobre o que podemos fazer para mudar esse cenário. Isso, sem falar naqueles conformados com tudo, que atribuem seu fracasso ao destino, "que assim quis". Ou ainda, atribuem a derrota ao fulano, ao sicrano ou ao colega de trabalho, com a típica postura de vítima da situação.
Já a postura de protagonista é, no mínimo, mais angustiante, pois requer coragem: de assumir riscos, de assumir o erro, de assumir o comando de sua vida, de sua carreira, da área que é de sua responsabilidade (não importa o tamanho dela nem de seu cargo). Sentir-se o responsável principal pelo próprio sucesso ou pelo próprio fracasso. Sair da zona de conforto. Ter atitude, encarando os problemas de uma forma pró-ativa e menos conformista. E, claro, levar em conta os tais "fatores exógenos", que não dependem de nós, mas sem deixar que eles se tornem as bengalas em que nos apoiaremos sempre para justificar nossas próprias falhas.
O workshop terminou com várias perguntas para nossa reflexão: agir ou reagir? Aparecer ou esconder-se atrás de algo? Assumir o comando e poder ser reconhecido por isso ou viver às sombras de alguém? Lembrando que a forma de encarar os desafios da vida, com seus ônus e bônus, é uma escolha que ninguém pode fazer por nós. E a provocação final do consultor não poderia ter sido diferente: e então, que história você quer escrever e deixar registrada: a de vítima ou a de protagonista? Para começar, imediatamente (e um tanto constrangida, confesso) adiantei o despertador para o dia seguinte. Afinal de contas, o trânsito Campinas /São Paulo só tende a piorar...
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