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COLUNAS


Lala Aranha


Conselheira da gestão eleita do Conrerp Rio de Janeiro (2016-2018), foi presidente do Conrerp na gestão 2013-2015. É professora convidada do MBA de Comunicação Empresarial da Estácio Rio de Janeiro; conselheira do WWF Brasil; ouvidora do Clube de Comunicação do Rio de Janeiro; colunista mensal da Aberje.com. Lançou o livro Cartas a um Jovem Relações Públicas (Ed. Elsevier 2010); foi diretora da CDN Comunicação Corporativa; fundadora e diretora da agência CaliaAssumpção Publicidade e presidente da Ogilvy RP. É bacharel em Relações Públicas pela Famecos, PUC-RS; MBA IBMEC Rio de Janeiro, dentre outros cursos no Brasil e exterior. RG Conrerp 1ª. 2965.

E nós com a Rio + 20?

              Publicado em 27/03/2012

As negociaçõesdesta Conferência das Nações Unidas estão sendo acompanhadas pela imprensa, o poder público, as organizações civis e privadas e todos que querem participar, contribuir e deixar sua assinatura nesse encontro. Além da conferência formal dos chefes de estado e dos notáveis sobre o tema, acontecerá um espaço off no qual cerca de 10 mil participantes da sociedade civil do mundo inteiro vão se reunir para exercer seu papel de cidadãos, na contribuição e vigilância dos temas a serem debatidos e aprovados. Recentemente uma reportagem do Jornal o Globo com o título“Rio + 20 pode chegar a um resultado tímido”, publicou uma entrevista do Embaixador André Corrêa do Lago, negociador-chefe do Brasil na ONU para a Conferência, além de outras informações relevantes. Divulgou a preocupação dos organizadores sobre um possível esvaziamento do evento por causa da crise econômica mundial. Ao contrário. Este problema é menor.  Lucidamente, o embaixador sustenta que “é a crise mundial que vai legitimar o questionamento do modelo atual, porque ele mostrou-se insatisfatório do ponto de vista ambiental, econômico e social”.  Ainda citando Corrêa do Lago, precisamos “assegurar que o paradigma do desenvolvimento sustentável seja o paradigma da gestão econômica”. 

O jornal também chama a atenção para algumas imprecisões de foco que podem ser vitais para o melhor desfecho da Rio+20. E a principal delas é dar maior relevância às questões ambientais do que igualmente às questões econômicas e sociais, ligadas ao consumo sustentável e a extrema pobreza do planeta. Porém, deixa claro que esta percepção não vingará se, além dos governos, o setor privado e a sociedade civil assumirem a responsabilidade de fazer acontecer as metas da economia do desenvolvimento sustentável e da inclusão da pobreza, assim como as igualmente importantes questões do clima e meio ambiente. Esta é uma grande oportunidade para fazer uma crítica construtiva ao atual modelo econômico global, ou seja, buscar uma renovação deste mesmo modelo que já comprovou estar certo no passado e apontar soluções que passam, sem dúvidas, pelos conceitos do desenvolvimento sustentável.

O período idealista dos ativistas ambientais foi um passo decisivo para chamar a atenção mundial para o desmatamento, as mudanças climáticas, a extinção das espécies da flora e da fauna, a poluição ambiental e tudo o mais que vem junto com a má administração dos recursos naturais.  Hoje estas questões fazem parte do conceito de desenvolvimento sustentável cujo objetivo é o de identificar o ponto de equilíbrio entre os desenvolvimentos econômico, ambiental e social para suprir as necessidades das futuras gerações. Não é difícil prever que esse equilíbrio só se fará sentir se se procurar mudar a gestão da economia mundial.  O PIB Verde, uma das teses previstas em discussão na Conferência, teve seu lançamento em 2004 e sua descontinuidade em 2006, na China. Ficou evidente ao governo chinês que uma redução da taxa de crescimento, considerando os danos causados ao meio ambiente e suas consequências, significaria a diminuição de crescimento a níveis politicamente inaceitáveis, praticamente zero. Se a China desmata para produzir vai aparecer nos indicadores como um resultado positivo. Se não desmatar e por isso, não produzir seu PIB não evoluirá. Simples assim? Mas em 2030 teremos mais um bilhão de pessoas para serem alimentadas no mundo!  E a produção precisa necessariamente crescer.  Esta convergência dos processos econômicos, ambientais e do bem-estar da sociedade poderá ser um grande passo para a criação de uma nova mensuração do desenvolvimento: um novo e revolucionário indicadorque vá além do PIB e que aportará maior estabilidade para a segurança global.

E nós com isso?  Nós apostamos e demos voz e ação aos vários estágios da escalada do desenvolvimento sustentável.  Agora não se trata mais de alertas individuais. Está provado que a prática do “fazer sustentável” é construída coletivamente, dialogando, negociando e desenvolvendo alianças, relacionamentos e globalizando forças. Para atingir o “coletivo” precisamos esclarecer e mobilizar a sociedade para uma ação conjunta. Muitos dos meios para alcançá-la estão em nossas mãos, os “mestres do engajamento” - profissionais do marketing, relações públicas, publicitários, jornalistas, comunicadores em geralque fazem parte deste universo ABERJE. Nossas táticas para conquistar espaço e opinião poderão colaborar para que essa Conferência trilhe os caminhos que manterão o país na cúpula do mundo nesta década de oportunidades. Vamos reunir esse plantel de profissionais em legiões e com nosso melhor arsenal divulgar em coro ao mundo que o desenvolvimento sustentável é o futuro ideal para a nossa e as próximas gerações. É importante mostrar as ações concretas que já existem aqui e mundo afora. Vamos agir. Não vamos esperar como o cético São Tomé que precisava “ver para crer”. Desta forma poderemos chegar muito tarde. Depois daqueles que creem e assim conseguem ver, mas quem sabe em direção contrária.


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