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COLUNAS


Gisele Souza
cmr@aberje.com.br

Bibliotecária e Documentalista graduada pela Escola de Comunicações e Artes/USP, mestre em Ciência da Informação pela mesma escola. Coordenadora do Centro de Memória e Referência da Aberje, tem experiência na área de gestão da informação e de documentos físicos e eletrônicos com ênfase na sistematização da memória institucional. Atua como consultora em implantação e gestão de centros de documentação e memória e bibliotecas especializadas.

 

Negativo e positivo: a obsolescência da Kodak

              Publicado em 27/01/2012

E 2012 começa com uma triste notícia para quem possui negativos de fotografias em casa: o pedido de proteção contra falência solicitado pela Kodak a corte americana. Com seus 131 anos de anos de existência foi, em parte deles, líder no segmento de filmes, insumos, equipamentos e serviços para revelação. A empresa centenária que pertenceu até 2004 ao índice Dow Jones Industrial, que agrupa 30 das maiores empresas cotadas dos Estados Unidos, esteve presente em grande parte dos momentos felizes e importantes de nossas vidas até a popularização das máquinas digitais, que ela mesma havia inventado em meados dos anos 1970, mas preferiu guardar seu invento para não canibalizar seu próprio produto.

Até as últimas décadas dos anos 1990,quem em uma viagem não precisou correr para um mercado mais próximo para comprar filmes, já que as 36 poses tinham acabado, ou não teve uma festa inteira perdida, pois colocou o filme errado na câmera e ele não rodou. Agruras que a geração Y pouco deve conhecer. Se pensarmos que eles estão a salvo de perder suas memórias porque estão todas em “meio digital”, estamos cometendo um sério engano.

A notícia da Kodak reacendeu uma eterna preocupação: a obsolescência dos suportes documentais. Quem trabalha com gestão de documentos e informações em ambientes como arquivos, museus, bibliotecas e centros de memória sofre com a necessidade de encontrar o suporte “perfeito” que preserve o conteúdo informacional para sempre. Claro que esse suporte ainda não foi inventado e, enquanto a utopia não se concretiza, criamos planos para migração de suportes e constantemente revemos as mídias e suportes de nossos acervos para tentarmos garantir que seu conteúdo não deixe de existir.

Ao tratar com suportes que não necessitam de equipamentos para o acesso ao seu conteúdo, tais como o bom e velho papel e as fotografias reveladas em papel, podemos observar a olho nu quando começam a aparecer os primeiros sinais de degradação do suporte. Antes que isso aconteça e também para facilitar o acesso, resguardando o suporte, digitalizamos a maior quantidade possível de documentos e fotografias. Mas, onde guardaremos e como manteremos essas imagens virtuais?

Em relação aos documentos que já nascem em suportes que precisam de aparelhos para sua reprodução, nos analógicos, tais como os rolos de filmes ou discos de vinil, o processo dedegradação do suporte também é visível e nos casos da “síndrome do vinagre” que acomete as películas de acetato, sentido no ar. Já os suportes digitais, tais como fitas BETACAM ou CD’s, a não ser que o suporte tenha passado por algum dano físico ou exposto a intempéries, a degradação do suporte impossibilitando o acesso ao conteúdo é, em muitos casos, imperceptível. Quantas vezes não olhamos um CD que aparenta perfeita condições de uso, mas ao tentarmos acessar as fotos que ali estavam, não conseguimos, em nenhum computador.

Pelo que está sendo veiculado, a empresa não encerrará suas atividades, mesmo porque o negócio de Produtos de consumo não seu único segmento de atuação atualmente, mas e se encerrar. Como faremos para revelar os negativos que ainda temos? Enquanto não temos um suporte digital super seguro, com exceção dos Hard Disc, sabemos que a microfilmagem é um dos melhores meios de preservação para documentos textuais. Mas até quando teremos empresas preocupadas em produzir películas e peças para reposição dos equipamentos de produção e leitura dos microfilmes? Uma das questões relacionadas ao pedido da Kodak foi sua desvalorização, em parte por má administração, mas em parte por apostar em um segmento de mercado que cada vez mais está diminuindo.

Bom, pelo menos a história da Kodak parece estar bem registrada. Em seu website global apresenta uma seção só para história da empresa, com informações sobre o fundador, o início das operações da empresa e como as inovações da Kodak melhoraram as condições do registro de imagens, o impacto da criação dos filmes fotográficos na captação de imagens, na evolução do cinema, nos processos de diagnóstico por imagem, na digitalização de documentos e nas impressões e publicações de imagens. Conta ainda com uma seção bem explicativa com as evoluções e mudanças da logomarca Kodak durante o tempo e a tradicional Cronologia com os principais feitos da empresa durante seus 131 anos de existência. O ano de 2012 ainda não está registrado, mas espero de coração, que seja um ano melhor para Kodak, e para todos nós.


Os artigos aqui apresentados n�o necessariamente refletem a opini�o da Aberje e seu conte�do � de exclusiva responsabilidade do autor. 2596

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