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COLUNAS


Gisele Souza
cmr@aberje.com.br

Bibliotecária e Documentalista graduada pela Escola de Comunicações e Artes/USP, mestre em Ciência da Informação pela mesma escola. Coordenadora do Centro de Memória e Referência da Aberje, tem experiência na área de gestão da informação e de documentos físicos e eletrônicos com ênfase na sistematização da memória institucional. Atua como consultora em implantação e gestão de centros de documentação e memória e bibliotecas especializadas.

 

Por que relembrar?

              Publicado em 28/12/2009

E mais um ao chega ao fim. 12 meses; 52 semanas; 365 dias se passaram recheados de muito trabalho, responsabilidades, alegrias, frustrações, conquistas, tristezas, enfim um ano como todos os outros em nossas vidas. Não, esse foi diferente!.Mas o que fez 2009 ser diferente de 2008, 2007, 2000, 1997, 1982...

Para podermos afirmar que 2009 foi diferente dos outros anos precisamos relembrar os acontecimentos vividos e fazer um balanço. Vejam que eu disse diferente sem valorar entre melhor ou pior. O conjunto das ações, somado a nossa análise, aliado aos registros que temos dos fatos, poderão dar um panorama de tudo que passamos, fornecendo subsídios para a atribuição de valor ao nosso ano. Atribuir valor e tão complicado, pessoal e subjetivo que abordarei alguns de seus aspectos como afetivos, pragmáticos, éticos e estéticos, em outros artigos ao longo de 2010.

Recordar, relembrar e rememorar podem ser considerados sinônimos, porém carregam traços semânticos que os distinguem. Não existem sinônimos perfeitos. Em linhas gerais ambos remetem a lembrar novamente, fazer vir a memória algo realizado. Para os fatos de grande amplitude as mídias de massa fazem esse trabalho por nós. As últimas edições do ano são dedicadas à Retrospectiva dos principais fatos que abalaram o planeta, o país ou nossa cidade. Mas e o que aconteceu nas organizações onde trabalhamos?

O planejamento anual das ações, realizado no ano anterior, é um bom ponto de partida para este levantamento. Porém sabemos que nem sempre o planejado é executado, que surgem outras ações e demandas não prevista, e que nem sempre o planejamento existe em um documento formalizado. Então nos resta a tarefa hercúlea de correr a caixa de e-mails toda em busca de indícios do que fizemos. Sabemos que trabalhamos bastante, que realizamos muito, mas como apresentar essa realidade.

A apresentação do que fizemos e dos nossos resultados não servem apenas como prestação de contas, como forma de mostrar que somos necessários. Tem conseqüências para muito além do imediato. Um exemplo disso é quando precisamos descrever os passos de um projeto para apresentá-lo à alguém que desconhece completamente sua execução, cenário e desafios. Como sua inscrição no Prêmio ABERJE. A ação pode ter sido um sucesso, mas se não for bem apresentada no texto descritivo que acompanha os materiais para a inscrição, não poderá ser entendida por completa. Deve conter os elementos para que um externo a sua realidade avalie e opine sobre o que se realizou.

E qual a necessidade de fazermos à retrospectiva anual de nossas vidas pessoais? A avaliação do que fizemos nesse ano pode nos trazer a grata surpresa de que esse ano foi O ano, ou que apenas foi mais um ano. Se foi O ano devemos comemorar e agradecer por termos tido a oportunidade de realizar o melhor. Se foi mais um ano, devemos comemorar e nos planejar, afinal sempre temos a possibilidade de fazer mais e melhor. Muito parecido com a metáfora do copo meio cheio, meio vazio.

Quando lidamos com memória temos que tratar também do seu oposto, o esquecimento. Quando registramos uma cena em uma fotografia fornecemos inconscientemente uma mensagem ao nosso cérebro: “Pode esquecer disso e abrir espaço no HD cinzento. Este fato foi preservado em outro lugar”. Não podemos, nem seria bom para nossa saúde, lembrarmos de tudo. Veja como era penoso para Funes, o memorioso, dos contos de Jorge Luiz Borges, a tarefa de reconstruir um dia, consumia outro dia todo. Fica-nos o questionamento: ele ganhou um recordando de tudo ou perdeu um dia relembrando o que passou?

Precisamos também aceitar o jogo do esquecimento. Aceitar que esquecer é desapego, é perdão, é deixar em seu lugar o que passou e aprender com isso. E por que não esquecer para ser feliz? Para abrir espaço para as novas experiências, para colocarmos mais vida em nossos dias. Não sem antes registrar as antigas e valiosas lembranças em diários, fotografias, músicas, vídeos, esculturas, colchas ou qualquer outra forma de materialização da intangível essência das memórias.

Que em 2010, e em todos os anos que virão, tenhamos muitas memórias para relembrar e para esquecer, que possamos conhecer, aceitar, incentivar e respeitar tanto os outros como a nós mesmos.

Luminosas festas a todos.


Os artigos aqui apresentados não necessariamente refletem a opinião da Aberje e seu conteúdo é de exclusiva responsabilidade do autor. 2675

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