E se acontecer no Campo de Tupi, a 300 km da costa brasileira?Estamos preparados? Não!
São incontáveis os milhares de vazamentos e derramamentos de óleo nas áreas de perfuração e transporte do óleo cru desde que se tomou conhecimento que o navio Thomas W. Lawson afundou em Annet, uma das ilhas inglesas de Scilly, em 1907, com sua tripulação e uma carga de 7.400 ton. de óleo, sendo considerado o primeiro vazamento de óleo na história moderna. Em comum o fato de terem sacrificado seres humanos envolvidos nos acidentes e causarem a mortandade de aves e peixes, contaminado a água, praias e baias. Além disto, prejudicam a produção da pesca e o turismo fica afetado até a recuperação total do local. Os danos causados na flora de Valdez, no Alaska, considerada a suíça norte-americana, pelo navio Exxon Valdez, se fazem sentir até os dias de hoje.
Na comunicação, as controvérsias são enormes e o poder público, a sociedade, as empresas envolvidas e a mídia divulgam informações desencontradas quanto ao tamanho e impacto do acidente. A empresa é a primeira a ser acusada e punida com multas astronômicas que balançam sua saúde financeira e mancham sua imagem. É reincidente o fato de “tentarem esconder” o dano até estarem aptas a analisar sua magnitude. Não têm um plano de prevenção ou gerenciamento de crises deste porte. Em seguida, os governos são taxados de omissos na fiscalização e a mídia de exagerada na cobertura. A academia aponta erros e poucas soluções e a sociedade, inquieta e inerte, assiste a esse tipo de espetáculo, sem saber como agir.
A indignação geral é a de que os acidentes não têm sido suficientemente graves para que se haja de maneira preventiva, priorizando a segurança, aprendendo com os erros do passado para a não-repetição destas calamidades orquestradas pelas mãos do homem. A legislação em torno do tema é cada vez mais severa no que se refere a multas pecuniárias. E só. Ninguém vai preso. Ninguém é banido da atividade. Isto está claro quando se lê que a mesma empresa que estava trabalhando na operação da BP no Golfo do México, está envolvida no acidente da Chevron na Baia de Campos. Sabe-se que aqui no Brasil, o governo mantém em banho-maria, desde 2003, um plano nacional de contingência contra vazamentos de petróleo de grandes dimensões. A desculpa é sempre a burocracia, visto que um plano destas proporções tramita por vários ministérios para ter sua aprovação e possivelmente ainda passará pelo Congresso Nacional. Mas segundo o Ministério do Meio Ambiente, o acidente com o poço da Chevron não se enquadraria no plano nacional, por ser "pequeno".
Considerando os volumes de óleo liberados ao mar, percebe-se que o Brasil ainda não enfrenta ocorrências de magnitudes semelhantes às que envolveram os navios petroleiros Torrey Canyon, em 1967 (110.000 ton.)no Canal da Mancha; Amoco Cadizna França, em 1978 (259.690 ton.); Exxon Valdeznas costas do Alaska, em 1989 (41.580 ton.), a plataforma de petróleo na Baía de Campeche, México em 1979 (454.000 ton.) ou a explosão da plataforma Deepwater Horizon, em 20 de abril de 2010, no Golfo do México (560.000 ton.) na plataforma de Bohai Bay, China, 2011 (204.000 ton.) dentre outras que ganharam menos evidência na mídia. Mas se fosse um vazamento num campo do pré-sal? “A 300 quilômetros da costa e a sete mil metros de profundidade”, perguntam os entendidos.
O pré-salvem a galope e tudo indica que não estamos prontos para qualquer acidente deste tipo. Estamos aptos apenas para a limpeza da calamidade quando prevalecem os aspectos estéticos do processo e não os técnicos e ecológicos. Não estamos sequer próximos da realidade, pois falta o desejo político, o desenvolvimento de tecnologias, o investimento em equipamentos para respostas rápidas e adequadas a um acidente de grandes proporções. Também estamos engatinhando na mobilização das comunidades do entorno do acidente, das forças armadas, da defesa civil e da sociedade. Mas como se diz, Deus é brasileiro e está dando tempo ao tempo. Mas sinaliza também!
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