O endosso profissional é ético?
Com muita pertinência, o Meio & Mensagem, em reportagem assinada pelo jornalista Robert Galbraith, de 10 de outubro, aborda “os limites éticos do testemunhal de profissionais de saúde em campanhas e promoções.” Este é um tema que os órgãos públicos e privados já vêm regulamentando passo a passo e os laboratórios têm procurado seguir à risca, mesmo porque estas indústrias têm seus códigos de ética. A exposição comercial de profissionais liberais na mídia a favor deste ou daquele produto provoca questionamentos sobre ética, reputação e imagem do profissional e do produto. Além disto, a opinião pública está vigilante e reage quando vê algo que “não é politicamente correto”. Se sente manipulada e rejeita o cenário que se utiliza desta estratégia.
A lei determina que, naquelas profissões em que se busca preservar a vida, a saúde, a liberdade e a honra, o profissional esteja submetido ao controle técnico e ético de um Conselho Profissional. É que, muito antes de lutar pela própria categoria, os conselhos foram criados para defender a sociedade de infrações que alguns profissionais cometem. Quando sou consultada sobre o uso da imagem profissional para endosso público de produtos, minha intuição recomenda não cair nesse tipo de artifício. Mas quando chegamos à esfera dos esclarecimentos, ideias, conceitos, bandeiras, causas, estimulo esse aval que é sempre muito bem recebido. Isto porque tenho consciência do potencial incalculável que um profissional tem para credenciar e motivar o ato de lavar as mãos, escovar os dentes, usar preservativos, vacinar e tudo o mais.
Sou 100% a favor da inclusão e sociabilização da ciência e do conhecimento. O sucesso dos programas e quadros sobre saúde, por exemplo, na mídia eletrônica comprova que a informação técnica & científica deve ser e estar acessível. Quando o Dr. Drauzio Varella no “Fantástico” ou o Dr. Guilherme Furtado no “Mais Você” nos ensinam a enfrentar as doenças mais comuns ou nos esclarecem sobre epidemias, imagino o esforço que esses profissionais dispendem para preparar e produzir ensinamentos que sabem passar de forma muitas vezes singela para atingir a população. Fico admirada como conseguem enfrentar o seu pesado dia-a-dia e ainda se predispor a uma jornada extra onde, muitas vezes, se expõem a situações de estresse, de incompreensão ou até de inveja de colegas, pois a grande audiência reflete o interesse atual da população por uma vida mais saudável.
E a contribuição deste especialista é impar, pois sempre traz uma abordagem distinta de uma cobertura jornalística, examinando aspectos que um jornalista não percebe. Também difere da publicidade, cuja função é a exposição de marcas e produtos. Por isso tantos profissionais liberais estão em programas de jornalismo para esclarecer determinados temas. São espaços frequentados por especialistas que se esforçam para atingir às expectativas do público da mídia impressa, eletrônica e redes sociais.Nestas, muita cautela com as informações parciais e as “dicas”e na mídia impressa recomendo sempre atenção redobrada. Embora a linguagem deva ser acessível, este leitor é uma pessoa bem-informada, em geral de nível cultural alto e que já ultrapassou o factual: ele está em busca de opiniões e de elaboração de idéias. O ineditismo e a contemporaneidade dos temas são pré-requisitos, pois os editores de opinião têm o pensamento voltado para o interesse do leitor.
Nós, profissionais de relações públicas, identificamos espaços de visibilidade credenciados onde estes testemunhais são apropriados para esclarecer a sociedade sobre algum tema sensível que envolva uma organização. Ou ainda para um profissional endossar uma atividade, avalizar uma tendência ou para defender um ponto de vista. Sempre dentro dos limites éticos que qualquer profissão deve ter quando se manifesta publicamente.
Os artigos aqui apresentados n�o necessariamente refletem a opini�o da Aberje
e seu conte�do � de exclusiva responsabilidade do autor. 2102
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