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COLUNAS


Eloi Zanetti
eloi@eloizanetti.com.br

Foi diretor de comunicação do Bamerindus e de marketing de O Boticário. Consultor e palestrante em marketing, comunicação corporativa e vendas. Publicitário premiado nacional e internacionalmente. Ambientalista, um dos idealizadores da Fundação O Boticário, conselheiro da SPVS e da TNC. Autor de vários livros – vendas, marketing e infantis com edições no Brasil e países hispânicos.

Comunicação - educação e civilidade

              Publicado em 04/10/2011

Empresas buscam complexos e sofisticados meios para melhorar a comunicação entre seus funcionários – uma técnica que envolve elaborada estratégia e constante busca por melhores ferramentas e processos. Conduzi-la com eficiência e simplicidade é trabalho difícil, quase artesanal, e por melhor que seja a qualidade da sua realização, nada do que se faça garante o sucesso da intenção.

Quando bem conduzida, torna-se uma poderosa ferramenta de gestão, pois funciona como um amálgama unindo os interesses entre departamentos e pessoas. Ao lado da falta de capital de giro, a comunicação é um dos principais problemas das empresas.

Hoje considerada responsabilidade de gestores especializados, normalmente jornalistas, RPs ou publicitários, a comunicação poderia ser mais eficiente se cada funcionário fizesse a sua parte. E essa, a meu ver, está em sermos mais educados no ambiente em que trabalhamos. Quando falo em educação, falo no sentido da civilidade e dos bons modos. Explico melhor.

Vamos começar pelo nosso costume em não devolver ou fornecer informações às pessoas com as quais estamos realizando algum trabalho. A isso damos o nome de feedback ou retorno. Se dermos notícias precisas, constantes e na dose certa sobre o andamento dos trabalhos, os processos fluiriam melhor e as decisões poderiam ser tomadas no tempo certo.

Um péssimo costume é o de não escutarmos com atenção o que o outro está dizendo. Normalmente, estamos mais focados em nossa opinião sobre o assunto em tratativa do que na fala do outro. Muitas vezes, de forma pouco educada, cortamos o interlocutor para apresentar apressadamente o que pensamos a respeito do tema, e não nos damos tempo para escutar e refletir sobre o que está sendo dito. Que tal se começássemos a praticar a arte da escuta ativa? Isso mesmo, escutar mais do que falar, mas escutar mesmo, com atenção, a fala do outro.

Outra ideia é adicionar ao mundo corporativo a prática do elogio e do reconhecimento. Estamos tão presos ao hábito da crítica, do julgamento e da condenação, costumes que andam pari passu com a rádio-peão e a fofoca – eternos inimigos da boa comunicação – que nos esquecemos da força dos elogios e deterioramos os processos comunicativos. Se começarmos a elogiar e a reconhecer os bons feitos dos nossos parceiros, com certeza a qualidade geral do ambiente e dos trabalhos melhorará muito.

A conversa fútil e a tagarelice também se apresentam como inimigas da boa comunicação. Deixe morrer em você as últimas notícias da rádio-peão que ouvir e estará prestando importante colaboração ao grupo ao qual pertence e principalmente a si próprio. Plutarco, pensador romano, escreveu um belíssimo tratado sobre os perigos da tagarelice.

Comunicar quer dizer: tornar comum, partilhar. Muitos, por insegurança, inveja e falta de colaboração com os parceiros, guardam para si as informações, muitas vezes preciosas, não repartindo o que sabem. Com isso, travam processos e induzem a erros. Ambiente empresarial exige cumplicidade, palavra que significa andar juntos em comunhão de interesses. E essa vai pedir uma colaboração constante, ou seja, deve-se acompanhar o raciocínio do outro e também dizer menos “nãos”.

O mundo corporativo, como no futebol, exige que seus protagonistas conversem mais entre si, sobre o que estão pensando e fazendo. Hoje essa conversa está centrada na ferramenta e-mail e não na conversa pessoal. Contribuiríamos muito com a fluidez e o entendimento da comunicação se saíssemos da frente dos computadores e fôssemos conversar com nossos parceiros. Manter a conversa sempre é o segredo do negócio e passar e-mail não é sinal de que o trabalho andou ou foi bem interpretado. O maior erro da comunicação é pensar que ela se processou.


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