E a Wikipédia? É o Adams Óbvio!
Quando ingressei na Ogilvy, recebi o folheto Adams Óbvio, de Robert R. Updegraff, um dos valiosos “presentes” para os novatos. Publicado no “Saturday Evening Post”, em 1916, na forma de conto, este pequeno e rico ensaio, embora a história de um publicitário, foi logo considerado ideia elementar para se obter sucesso no mundo dos negócios. Adams Óbvio se transformou num personagem lendário, citado em reuniões de negócios. A uma ideia de Adams para um empreendedor, este comentou: “por que diabos nenhum de nós pensou nisso? Era a coisa mais natural do mundo para se fazer, mas tivemos de trazer um consultor externo para nos mostrar”. Hoje, temos vários livros destacando a importância da obviedade. Obviedade que tem influenciado o pensamento de líderes empresariais de projeção.
Naquela época, nossa empresa de Relações Públicas era multidisciplinar. Planos e estratégias para construir o relacionamento de clientes contemplavam organização de grandes eventos de inauguração, comemoração ou de encontros profissionais. Publicávamos livros que pesquisavam a memória da cultura nacional nas artes e relatórios anuais das empresas. Recebíamos grandes empresários internacionais e os ajudávamos nas agendas com formadores de opinião e políticos e a se implantar no país. Organizávamos o relacionamento com a imprensa, com o público interno, além de projetos sociais, culturais, educacionais, esportivos e ambientais. Produzíamos vídeos instrutivos e comportamentais, seja denunciando o desmatamento da Mata Atlântica ou apresentando ao país grandes brasileiros.
Hoje, tudo está bem mais segmentado. Promotores sociais dedicam-se a organizar grandes eventos. E há editoras cada vez mais especializadas na produção de verdadeiras obras de arte. Relatórios anuais impressos agora são virtuais. Empresas de estudos e pesquisas nos propiciam auditorias de opinião, pesquisas de impacto de primeira grandeza. A responsabilidade social e a sustentabilidade lançaram no mercado uma nova onda de ações a cargo de empresas e profissionais especializados. E nós, relações-públicas, continuamos a desenvolver planos e estratégias para construir a imagem de uma marca, a reputação de uma empresa ou a rede de relacionamento ideal para nossos clientes. Encaramos a Internet e fizemos dela nosso campo de trabalho, seja construindo conteúdo para sites corporativos e ferramentas de interação com públicos preferenciais de empresas ou organizações públicas. Ou para agilizar relações com redes sociais e comunidades digitais. Ou para dialogar e tentar esclarecer o posicionamento da organização para a qual trabalhamos e pontos de vista do empresário que assessoramos ou ainda para articular captação de recursos para campanhas públicas ou políticas.
E porque Adams Óbvio? Porque, no que se refere à interação entre a Internet e as organizações, estamos em permanente busca do ovo de Colombo, complicando demais, sofisticando ferramentas e esquecendo o que é o mais natural e óbvio na relação. Dias destes, um diretor de marketing me convocou para apresentar os resultados do investimento que ele tem realizado nas mídias sociais. Admirável! Só por curiosidade entrei na grande “fonte social” da Internet, a Wikipédia: enciclopédia livre que todos podem editar. E busquei a empresa na qual ele trabalha: 50% das informações ali contidas estavam equivocadas. Ora, a Wikipédia é dedicada a incentivar a produção e distribuição de conteúdo livre e a disponibilizá-lo ao internauta. É só corrigir o que está equivocado, pois ela tem políticas que esvaziam um artigo ou simplesmente o eliminam por motivos como violação de direitos autorais, vandalismo e algumas vezes até parágrafos enxertados feitos para desacreditar ou confundir.
É na Wikipédia que levantamos informações importantes para nossos trabalhos. É automático. Ela é o primeiro espaço que aparece em qualquer ferramenta de busca. Seguindo o Adams Óbvio, é o caminho natural que foi esquecido por aquele diretor de marketing. Seria o primeiro local para investir seus recursos por que dali é que se parte para construir uma imagem junto ao público virtual. É nesse espaço que nós, relações-públicas, temos que iniciar nossa trajetória pelas mídias sociais. Depois, podemos dar passos mais largos para o Twitter, Orkut, Google, Facebook, e tantas outras comunidades virtuais que precisam também estar corretamente informadas.
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