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COLUNAS


Eloi Zanetti
eloi@eloizanetti.com.br

Foi diretor de comunicação do Bamerindus e de marketing de O Boticário. Consultor e palestrante em marketing, comunicação corporativa e vendas. Publicitário premiado nacional e internacionalmente. Ambientalista, um dos idealizadores da Fundação O Boticário, conselheiro da SPVS e da TNC. Autor de vários livros – vendas, marketing e infantis com edições no Brasil e países hispânicos.

Criatividade e intuição

              Publicado em 18/04/2011

As escolas, a partir de determinado momento, bloqueiam a criatividade das crianças. Em vez de prepará-las para uma vida plena, ensinam-nas a cooptar com “o sistema”, acatar suas ordens e a se formatarem - entrar numa fôrma. Raras são as que escapam para viver uma vida diferente da maioria. Algumas irão gozar os privilégios da genialidade reconhecida, outras sofrerão as agruras dos incompreendidos pela sociedade, inclusive pela própria família. Ser diferente custa caro e exige contrapartidas pesadas. A ovelha negra não reconhece a sua cor.

Após o embotamento do potencial criativo, que nos é dado no nascimento, passamos, na fase do ensino da profissionalização nas faculdades, pela morte da intuição - e esta anda par e passo com a criatividade. Professores nos ensinarão métodos que exigem certeza total nos processos. Em muitas empresas só se faz o que se tem absoluta certeza “de dar certo.” Os acionistas estão ansiosos por lucros cada vez mais gordos e não toleram erros com o sagrado capital. Mata-se a intuição e obriga-nos a seguir caminhos cartesianos, pois os idiotas da objetividade são os que dão as cartas. A mediocridade, que significa nivelar pela média, vence. É proibido tentar e errar.

As duas virtudes que podem dar algum significado ao ser humano - criatividade e intuição - fenecem em prol da certeza do tiro. Os que são acometidos pelas distorções do ensino, com o tempo começam a ficar melancólicos, pois descobrem, tardiamente, que viveram uma vida vazia ao se dar conta que lhes faltam boas lembranças, emoções e significados em seus atos passados.

A maturidade de uma vida vivida assim, normalmente, cristaliza estados depressivos, pois faltaram o que nos dá “anima-sopro-vida” - a alegria da criatividade e os erros e acertos da intuição. O individuo em vez de ouvir a si próprio, passou a vida ouvindo aos outros. 

É cruel descobrir tardiamente que quando jovens fomos enganados, seduzidos pelos brilhos dos cargos, do poder e da promessa dos bônus nos finais do exercício. Como os “meninos burros” no filme do Pinocchio, depois de usados, somos sumariamente descartados sem qualquer explicação. A empresa que para nós parecia uma família risonha e franca, já nem nos permite mais passar pela recepção. Assim funciona o sistema. De que lado e em que fase da vida você está?


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