O cerimonial da festa junina
Quem já não fez uma simpatia a Santo Antonio para arranjar um namorado? Simpatias, rezas mil, e aí vai a torcida no mês de junho: para um novo amor aparecer, para um velho amor voltar, para ele pensar em mim, para ele olhar para mim...
Quais são elas? Vamos lembrar, pois quem sabe alguém quer fazer. E porque não? Eu adoro... É um pouco de sonho, do sonho que todos precisam, para viver.
• Para as solteiras que querem descobrir o nome do futuro companheiro, cravar um facão numa bananeira. O líquido que escorrer da planta dever formar a letra do futuro amor.
• Uma das mais antigas tradições diz que, para descobrir o futuro companheiro é preciso escrever os nomes dos potenciais candidatos em vários papéis, colocando em uma bacia com água na virada do dia 12 para 13 de junho. O papel que abrir indicará o nome do escolhido.
• Para os que já têm companheiro, mas que não subiram ainda ao altar: amarrar um fio de cabelo seu ao do namorado; colocar sobre os pés de Santo Antonio. Logo, logo a questão estará resolvida.
• Para casais brigados, Santo Antonio tem a solução: pegar uma rosa e um cravo e amarrar os talos com uma fita verde, dando 13 nós. Pedir a Santo Antonio para uni-los novamente.
Se deu certo para você, me conte. Estarei esperando.
Mas, como começou tudo isso?
As festas juninas existem em vários países e são, na sua essência, multiculturais, embora as que conhecemos hoje no Brasil, tenham sido originárias dos santos populares em Portugal: Santo Antonio, São João e São Pedro. Começam, aqui, em 13 de junho, com o dia de Santo Antonio; dia 24, São João e, terminam dia 29, com São Pedro.
Quando trazidas ao nosso país, por fazerem parte da cultura popular portuguesa, foram aceitas e abraçadas pelo povo campestre brasileiro. Aqui, receberam o nome de junina, porque acontece no mês de junho – inicialmente joanina, de São João. Nasceu aí da Festa de São João ou Festa Junina.
Por ser uma região árida, necessitada de chuvas, o nordeste agradece anualmente, nessa época, a São João e a São Pedro pelas chuvas que caíram nas lavouras. Nada melhor do que agradecer com uma festa e o nordeste encampou rapidamente a comemoração, adaptando-a a sua cultura e tornando-a uma típica comemoração nordestina.
Em razão da época propícia para a colheita do milho, as comidas feitas com esse cereal integram a tradição, como a canjica, a pamonha, o milho assado e o cozido, o mungunzá. Somam-se a esses os doces do interior – a cocada branca e a “marronzinha”, doce de leite, pé-de-moleque, a paçoca. Que delícia! Doces que lembram nossas avós.
Para a nova comemoração, imaginação a todo o vapor. Importação de roupas, instrumentos, somando com as danças afro-brasileiras, e criando uma festa e tanto. Uma festa do arraial, do arraiar... como dizem no interior; um ambiente típico, espaço grande, ao ar livre, com barraquinhas ao lado, doces e guloseimas.
Faltavam os enfeites. Apareceu muito papel, muita cor; bandeirinhas dependuradas em cordões, fogueira, balões, fogos (perigosos, mas que saudades!). Durante a noite fazem o céu se encher de cor e movimento.
Cavaquinho, sanfona, violão, triângulo, reco-reco são os instrumentos utilizados, que fazem par com as roupas “caipiras” – saias rodadas, babados, chitas, remendos, tão usuais em nossos campos. O terno masculino, herdado do patrão ou do irmão mais velho, era usado até acabar; aí surge o terno justinho e remendado. Que alegria para os olhos. Muita fita, muita chita, muita cor, o coração saltando e a dança começando.
A festa está pronta, só falta dançar. Que tal uma quadrilha? Lembram-se como é? vários pares, comandados por um marcador. Vamos começar; forma-se a fila:
Balancê ! marcar o passo, sem sair do lugar.
Cumprimentar as damas!
Cumprimentar os cavalheiros!
Não parar o balancê!
Cavalheiros e damas, trocar de lado!
Balancê, marcando os passos!
Chegou a noiva. Cadê o noivo?
Chegou o padrinho e o delegado. O Padre ainda não chegou.
Um grande passeio! Vamos, todos...
Trocar de dama! Continuar trocando... Trocar de cavalheiro! Continuar...
Voltar para seus pares!
O túnel...
Balancê!
O caminho da roça!
Olha a cobra! Olha a chuva! Voltar! É mentira.
A grande roda! Formar... duas rodas!
Balancê! Voltar
Despedida!!!!
Está terminada a quadrilha. Deu saudades?
É para isso que serve o cerimonial, para marcar, para rememorar, para não esquecer.
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