Algumas lições de Cannes
Ser jurada de PR Lions, categoria presente pela segunda vez em Cannes, foi uma enorme responsabilidade e também uma excelente oportunidade de aprendizagem. Obviamente, estamos aprendendo a participar e apresentar os cases, mas nós das agências de Relações Públicas precisamos nos apoderar dessa categoria.
Para minha frustração, tivemos pouquíssimos cases oriundos das agências de PR, não só do Brasil, mas esse fenômeno se repetiu com vários países, como França, Itália, Estados Unidos e Alemanha. O resultado não poderia ser diferente. Dos 87 cases da shortlist, a grande maioria foi inscrita pelas agências de publicidade. E os três cases brasileiros vencedores também!
Não se trata de uma rivalidade entre as agências, já que estamos numa fase de integração, mas não faz sentido só as agências de publicidade ganharem o PR Lions. Até porque temos categorias inerentes à atividade de PR, como comunicação interna, public affairs, entre outras, que parecem estar sendo esquecidas. Nessas duas categorias, por exemplo, tivemos pouquíssimos cases porque as agências de publicidade não se inscreveram.
Uma discussão muito interessante, e o principal tema com o qual nos deparamos, foi a criatividade na perspectiva de PR. Isso porque vimos ideias fantásticas, mas quando observamos melhor, vimos que muitas eram, na verdade, oriundas da publicidade e que apenas usavam PR como ferramenta. Procuramos encontrar nos cases uma big idea, mas ela tem de ser genuinamente uma ideia de PR, ou seja, criada para ser o centro de uma campanha de PR. O problema é que muitos cases eram uma grande ideia de advertising ou ativação e que, para divulgá-la, foram usadas ferramentas de PR.
Ao mesmo tempo em que vimos muita inovação em Lançamento de Produto, Organização de Eventos e até em Healthcare , não vimos o mesmo ar de novidade em outras áreas. Parece que fica se apostando sempre na mesma fórmula. Algum recurso digital usado, os layouts das peças ficaram mais moderninhos, mas a essência continua a mesma. Com os cases de Comunicação Corporativa, o problema que encontramos foi outro. Muitas ideias novas e boas, mas a maioria dos trabalhos era pontual, quase sempre para marcar um momento da empresa ou para atrair a atenção para um assunto específico. Ficou a sensação de que eles não tinham continuidade, o que é imprescindível quando o objetivo é construir e manter a boa reputação corporativa de uma empresa.
Os cases de Comunicação Digital, como era de se esperar, foram uma atração à parte. Todos carregados de modernidade, integração e convergência. No mais, o que foi muito atrativo para mim foi ver casos excelentes de Comunicação Integrada liderados por PR. A visão holística da comunicação que eu sempre defendi pôde ser vista em muitos cases. Sob um mesmo conceito, que se está convencionando chamar de big idea, todas as agências se debruçam e trabalham juntas, cada uma com sua expertise. Bom para o cliente, bom para o consumidor, bom para as agências. Trabalho garantido para todos.
Saio de Cannes com a sensação de dever cumprido. Como jurada, pude ajudar o júri a entender a razão e o contexto dos cases brasileiros que foram premiados. Esse é um papel importante para mostrar a cultura do nosso país. Estou muito satisfeita também porque, dos 87 cases da shorlist, oito eram brasileiros. E competimos com 45 países! Também passamos de um case vencedor do ano passado para três neste ano. O Brasil tem muito que aprender, mas muito de que se orgulhar.
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