O acaso - o inesperado pode trazer surpresas
Para justificar as dificuldades que o seu time - superior em técnica - enfrentou para conseguir uma vitória mirrada sobre um adversário mais fraco, um técnico explicou: “Estávamos mais bem preparados, acreditávamos no nosso favoritismo e pensávamos que o jogo ia ser fácil, mas o acaso nos deu um golpe, o adversário fez um gol já no primeiro minuto, a partir daí as coisas se complicaram.”
Na mesma hora, lembrei-me de já ter presenciado planos de negócio perfeitos no papel, entretanto atrapalhados por este tal de acaso. Em outras ocasiões, observei o contrário, situações em que todas as circunstâncias indicavam o caminho de um desfecho trágico, porém salvas na última hora pelo mesmo acaso.
A história está cheia de encontros e desencontros em que o inesperado promove a grande virada. É isto que torna o futebol tão fascinante, ele escancara a possibilidade do imprevisto em nossas vidas. Expõe em praça pública nossas fragilidades perante os desígnios da sorte - ganhar ou perder o campeonato no apagar das luzes. Em futebol, o time fraquinho, pode sim, ganhar do mais forte, tudo depende do acaso.
Para nós, humanos, existem duas situações de acaso: aquelas que atrapalham e estragam tudo, mudando rumos, destinos e até cortando os fios da vida; e aquelas que transformam tudo para melhor. O correr da existência pode trazer “inesperados felizes” e, quase sempre, a gente não os percebe. A este inesperado feliz damos o nome de serendipity, palavra retirada de um conto do escritor Horace Walpote, que se baseou numa história persa: “Os Três Príncipes de Serendipity” - aventura de três heróis em cujas viagens tudo dava certo. É uma metáfora que nos fala da importância do acaso em nossas vidas. A sabedoria está em perceber estes momentos e tirar proveito deles. Quem não está atento não percebe seus lampejos de sorte. O acaso só favorece a mente preparada.
Fazer planos e contar com acontecimentos inesperados capaz de desviá-los do rumo não faz parte da cultura dos brasileiros, os eternos otimistas. Esta ingenuidade atávica nos faz acreditar que tudo vai dar certo no final, pois depositamos fé em divindades bondosas e confiamos cegamente em governantes paternalistas. Nosso autoengano coletivo não prevê que no meio do caminho pode ter uma pedra e a gente pode trumbicar. (Obrigado, Drummond. Obrigado, Chacrinha.)
Saber lidar com a sorte é uma arte. Às vezes é necessário paciência para aguardá-la, em outras, saber aproveitar os momentos em que ela se apresenta. Se o acaso lhe favorecer, prossiga com ousadia, pois a Deusa da Sorte adora os ousados. E, se entrar em uma maré de azar, não aja, retire-se e fique quieto no seu canto até a onda passar. Dominar estes fatores aleatórios é uma sabedoria, a sorte se encontra na prudência e o azar na precipitação.
Por isso, seja qual for o plano ou projeto, devemos sempre ter em mente que o jogo só acaba quando o juiz dá o apito final, até lá tudo pode acontecer. Fazer planos detalhados, precisos e cientes dos resultados que almejamos é salutar, mas colocar em nossa mente que alguma coisa pode dar errado é mais salutar ainda. Se estivermos preparados, poderemos atenuar os efeitos das viradas desnecessárias ou saber aproveitar a guinada de um vento a nosso favor. “Oportunidade” quer dizer “o bom vento que leva o navio ao porto”.
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