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COLUNAS


Malu Weber


Gerente Geral de Marca e Comunicação Corporativa do Grupo Votorantim e Membro do Conselho Deliberativo da Aberje, Malu é formada em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná/PR e Unaerp/SP, pelo Programa de Gestão Avançada do APG (Amana Key) e pelo Curso Internacional de Comunicação Empresarial (Aberje/Syracuse University). Possui especialização em Comunicação de Marketing e pós-graduação em Comunicação com o Mercado na ESPM/SP.

Sua principal missão atualmente é estabelecer uma plataforma de reputação e uma arquitetura global de marca que gere valor no relacionamento com stakeholders e contribua para a construção da imagem da Votorantim e de suas empresas, no Brasil e nos mais de 20 países em que estão presentes. 

Quando as palavras valem mais do que qualquer imagem

              Publicado em 25/04/2013

Desta vez,  não pretendo me estender em nenhuma história espirituosa ou dramática. Deixo o enredo a cargo do leitor, mas trago alguns poucos pincéis e uma paleta básica de cores, para que cada um reflita e elabore seu próprio quadro. Para inspirar essa jornada, uma breve anedota. Em recente viagem que fiz ao Chile, resolvi antecipar minha volta em um dia. Dirigi-me a uma loja da companhia aérea, mas, por um problema de sistema, fomos encaminhados a dois aparelhos de telefone, onde seríamos atendidos em português. Havia lugares no vôo desejado. Eu peguei um telefone, minha amiga, outro. Eu havia comprado minhas passagens usando milhas, ela, cartão de crédito. Eu fui redirecionado a um outro setor, ela prosseguiu conversando com a mesma atendente. Ao invés de uma pessoa, ouvi uma gravação anunciando uma previsão de espera de 25 minutos. Fiquei uns 10 minutos pendurado no telefone e desisti. Esse foi o tempo que minha amiga levou para trocar sua passagem. Resolvi insistir e liguei de novo. Desta vez, a gravação anunciava 30 minutos de espera. Toalha! Fim de luta.

 
Esse episódio me fez refletir sobre os programas de fidelidade comunicados como se fossem algo que realmente nos distinguisse. Na realidade, como distinção tem, no mínimo, dois lados, posso sim dizer que me senti distinguido pela companhia aérea – distinguido como um cliente de segunda categoria, que, em retribuição à preferência dada a ela, acabou punido ao invés de premiado.
 
Você é especial! Aposto que você também está cansado desse papo e sabe, ou melhor, já viveu na carne,como eu, que, quando todos são especiais, ninguém de fato é.Mesmo assim, muitas organizações ainda insistem nessa trapaça, prometendo o que não querem ou não são capazes de entregar.
 
Pergunto-me se essas organizações já não se lembram mais para que existem, emaranhadas entre fins e meios. Para ajudá-las, deixo momentaneamente minha opinião de lado e corro em busca de respostas junto à etimologia, que traz à tona o significado de palavras empregadas, não raras vezes, de modo irresponsável. 
 
Começamos com ela, a organização. Organização vem do latim medieval Organizare e do grego Organon, que significam “instrumento musical, implemento, órgão do corpo“, literalmente, “aquele que funciona“. Organização, portanto, é meio e não fim. Aliás, a confusão entre meio e fim pode ser esclarecida quando se descobre que meio é “lugar, ambiente“, pela conotação de “lugar acessível a todos, que comporta todos“, enquanto que fim deriva do latim Finis, “fronteira, limite“, e de Finire, “limitar, colocar fronteira sem, trazer a um término“.
 
Para terminar, essa história de que “estamos aqui para lhe servir“ também mereceria ser revista. Afinal, serviço vem do latim Servitium, que quer dizer “escravidão, servidão“. Quem serve, portanto, é Servus, “escravo“. Que tipo de atendimento, portanto, podemos esperar de alguém nessa condição?
 
A propósito, escolhi a palavra trapaça baseado em seu significado primeiro, do latim Trappa, “armadilha“.
 
Entendeu ou quer que eu desenhe?
 
* Fonte: Site de etimologia “Origem da Palavra

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