Outro dia,  no início de uma audiência com a governadora do Rio Grande do Sul,  Yeda Crusius,  fui apresentada a ela por um colega da seguinte forma:

- Dra. Yeda, essa é nossa diretora de comunicação corporativa, nosso anjo da guarda.

Naquele momento não tive muito tempo para refletir sobre a verdadeira mensagem contida nessa introdução, mas não pude deixar de pensar a posteriori na relação que havia entre a função de comunicação social e os anjos da guarda que, certamente,  fazem parte da nossa imaginação.

Assim, tracei o paralelo: nós, gestores de comunicação, temos como função essencial cuidar e proteger. Proteger a reputação da empresa para qual trabalhamos, sua marca, seus líderes e tudo o que a cerca.

Temos que preparar a empresa para que ela esteja em sintonia com a realidade socioambiental, ou seja, com as comunidades onde atua e com o planeta; e  fazer com que a instituição aja de acordo com seus princípios e valores, obedecendo e respeitando a ética do mercado, pois sabemos que nos dias de hoje não adianta parecer ético, tem que ser ético para merecer de fato o respeito do público em geral. E o papel da comunicação social é aproximar esses dois pólos, gerando entendimento, parceria e, consequentemente, engajando pessoas, colaboradores e consumidores.

Com relação aos consumidores, temos ainda uma grande responsabilidade: a de manter coerente a mensagem que sai da empresa. Temos que ser guardiões para que cada vez exista mais transparência nessa relação, pois hoje a reputação da empresa está cada vez mais nas mãos dos consumidores, daqueles que se utilizam dos nossos produtos e serviços.

Ou seja, se os consumidores não virem valor naquela marca ou produto, se as promessas não forem cumpridas, ou se de qualquer forma um consumidor se sentir ludibriado ou insatisfeito, não há dúvida: em questão de segundos a rede social toma conta de divulgar o ocorrido, seja o fato positivo ou não. Na era da Web 2.0, todos querem participar, dar idéias, criticar e até mesmo, auxiliar na construção de um novo produto e na solução de problemas.

Como exemplo, quero dividir com vocês  uma experiência bem sucedida na Tetra Pak, logo no final do ano passado. Quando planejamos  o lançamento do portal de educação ambiental ‘Cultura Ambiental nas Escolas’, decidimos que antes de colocá-lo no ar discutiríamos a proposta com um grupo de blogueiros, especialistas e/ou simpatizantes dos temas educação e sustentabilidade. Assim, identificamos algumas pessoas, convidamos para uma apresentação do portal na sede da empresa e pedimos a eles para que testassem o material por duas semanas e nos enviassem suas recomendações e críticas. O resultado, nem é preciso dizer, foi extremamente positivo, visto que  além de termos tido a oportunidade de contar com mentes e idéias brilhantes para melhorar e tornar o portal mais simples e lúdico, contamos com muitos posts sobre o trabalho da empresa e a transparência na apresentação de um novo serviço. Os blogueiros ganharam ainda espaço no site, na seção Parceiros, local onde divulgamos o endereço de seus blogs e de outros sites parceiros do Portal.

A experiência foi riquíssima, principalmente pela troca de informações: além de especialistas nos temas, os blogueiros gostam de expor suas opiniões; ao mesmo tempo, defendem suas idéias e apreciam  e contribuem de forma concreta . Mais do que parceiros, encontramos neste público, aliados da Educação Ambiental e, por conseqüência, aliados do Portal.

Com esta rápida história, volto à questão dos anjos. Resumindo os pontos listados aqui, encontraremos novamente as palavras-chave contidas na função de um comunicador empresarial: proteger e guardar.

Proteger e guardar significam também reconhecer o ambiente de atuação, identificar aliados e se posicionar de forma transparente. Claro que é preciso ter uma boa e legítima história para contar. Contada para as pessoas certas, gera fatos positivos e importantes aliados.

Como dizem por aí, trabalho de anjo nem sempre é notado, mas é bom manter a chama da vela acesa... é por isso que eu acredito que nós, comunicadores, merecemos a denominação de Anjos da Guarda, como verdadeiros guardiões da reputação da empresa e da marca para qual trabalhamos.