Acredito no trabalho em prol de uma causa e sou essencialmente movida a esse combustível. Tudo em minha vida tem um significado, por isso sinto que o esforço do meu trabalho, minha energia, garra e paixão têm um sentido maior e acrescenta à vida das pessoas. Acredito e me inspiro nos meus líderes e nos líderes de meus líderes e realmente vejo sentido no que pregam. Se não houver coerência com meus valores, não tem jogo.
Em 1987 comecei a trabalhar numa agência de relações públicas – a AAB Ogilvy & Mather, naquela época liderada pelo lendário Rolim Valença – onde iniciei meu caminho na comunicação corporativa. Foi ali que passei a compreender o poder da cultura de uma empresa, do culto de seus valores e costumes e do importante alinhamento que se dá por meio desses credos. Todos nós tínhamos paixão pelas defesas de David Ogilvy. Ele era citado, invariavelmente, em todas as reuniões com clientes. Discutíamos suas teses, seus cases, suas campanhas e sua forma de redigir um bom texto publicitário. Líamos seus livros, não por obrigação, mas pela descoberta. Para nós, ele era uma lenda presente e respeitada por uma legião de pessoas em todo o mundo. Enfim, fui inspirada por David Ogilvy.
Mais tarde, em 1992 passei a atender a conta da Tetra Pak. Senti instantaneamente que havia nessa empresa uma forte cultura corporativa, uma filosofia única, uma causa por trás de tudo que pregavam e me apaixonei pela visão da empresa de distribuir alimentos de uma forma segura por todos os cantos do planeta. Engajei-me à causa do fundador Ruben Rausing que, como membro da FAO, não se conformava com a abundância de alimentos numa parte do mundo e a escassez e desnutrição crônica no outro. Trabalhou incansavelmente e já com seus 50 anos descobriu um sistema de embalagem que pudesse distribuir os alimentos de forma segura, higiênica, sem desperdício: as caixinhas longa vida. Aliás, minimizar o desperdício de alimentos foi sua maior causa desde o início de sua jornada. Sabemos que ainda hoje existem inúmeros desafios relacionados à nutrição da crescente população do planeta. Estimativas apontam que um terço de todo alimento produzido no mundo, ou 1,3 bilhões de toneladas, é desperdiçado anualmente. Ao mesmo tempo, existem 870 milhões de pessoas desnutridas. Não se trata de uma linda causa pra se defender? Bem, nem preciso dizer, que hoje me inspiro em Ruben Rausing e defendo sua causa com o coração.
Foi por isso, que, naquela época, de tanto acreditar e defender a causa dos Rausing, fui convidada a trabalhar por ela. E ali começou minha jornada nessa empresa.
Na cultura sueca, respeitar as pessoas, os alimentos e proteger o ambiente são fatores cruciais de sobrevivência. Por isso gostaria de contar para vocês, nesse espaço, a partir dessa semana, as causas defendidas pela empresa, nos três pilares: social, ambiental e econômico. Assim, na próxima semana vou iniciar essa história pela sustentabilidade. Afinal, este assunto é, e sempre foi, um pilar estratégico da companhia. Por isso vou relatar um breve histórico do meu aprendizado ao longo dos últimos anos.
Até a próxima!