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COLUNAS


Gustavo Wrobel


Doutor em Comunicações e bacharel em Jornalismo. No campo acadêmico, participou como jurado de dissertações e prêmios na área de comunicações, ministrou palestras em universidades e em outras importantes instituições em distintos países da América Latina e é professor de Planejamento das Comunicações no Master de Comunicações da UCES. Também é membro de diversas associações profissionais. 

Trabalhou por 20 anos como diretivo da área de Comunicações de distintas empresas como Motorola e La Serenísima, nove deles como diretor de Comunicações e Relações Públicas para a América Latina. Também foi jornalista por 12 anos e Diretor Executivo de uma ONG. Atualmente dirige sua própria consultora regionais de comunicações: WSC | WROBEL SmartComm e assessora a diversas empresas e associações.


Doctor en Comunicaciones y Licenciado en Periodismo. En el campo académico, ha sido frecuentemente jurado de tesis doctorales y de premios del área de comunicación. Asimismo, dio charlas en las universidades y otras instituciones importantes en diversos países de América Latina, y es profesor de Planificación de las Comunicaciones en el Master de Comunicaciones de la UCES. Adicionalmente, es miembro de diversas asociaciones profesionales. 

Trabajó por veinte años como directivo del área de comunicaciones de distintas empresas como Motorola y La Serenísima, nueve de ellos como director de Comunicaciones y Relaciones Públicas para América Latina. También fue periodista por doce años y Director Ejecutivo de una ONG. En la actualidad dirige su propia consultora regional de comunicaciones: WSC | WROBEL SmartComm y asesora a diversas empresas y asociaciones.


WSC | WROBEL SmartComm
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Francisco e o poder dos símbolos

              Publicado em 09/04/2013

Como era de se esperar, a assunção do novo pontífice, papa Francisco, atraiu a atenção da mídia do mundo inteiro, gerando  enorme repercussão nas redes sociais.  Para nós, como comunicadores, foi especialmente notória a leitura de uma série de símbolos transmitidos pelo papa, pois  permitiram uma construção formidável de sua reputação e imagem em apenas uma semana, o que  conquistou o apoio dos fiéis da Igreja Católica. 


Esses símbolos e as mensagens transmitidas não foram necessariamente planejadas e trabalhadas como  parte de um plano de construção de imagem, e é esse fato, precisamente, que torna ainda mais interessante  essa questão. É bem provável que isso  seja decorrente de suas crenças e de sua forma de ser, bem como do rumo que a Igreja, como  entidade, assumirá daqui para frente. 

Vejamos apenas alguns desses exemplos a destacar:

1. Origem: a primeira surpresa surgiu quando foi anunciado que o novo papa era argentino, ou seja, latino-americano, de país emergente. Uma primeira leitura simples e direta: tem a ver com o novo rumo da Igreja, fortalecendo a presença em um continente eminentemente católico e nos países emergentes de rápido crescimento, em contraposição à postura tradicional de um papa europeu proveniente de países ricos e desenvolvidos. Vários líderes dos países emergentes lhe deram  boas-vindas calorosas, interpretando que ele  será capaz de entender melhor seus problemas. Diante de  uma Europa e um sistema econômico em crise, um papa latino-americano é um símbolo definitivamente poderoso.  

2. Naturalidade: o papa Francisco assumiu tudo isso  com humor e simplicidade. Ao dar as saudações aos fiéis congregados na Praça de São Pedro disse:  “Meus irmãos cardeais foram me buscar (o novo pontífice) no fim do mundo.” Rezou pelo antecessor e pediu aos presentes  que rezassem para que Deus o bendissesse. Suas palavras pareciam mais as de um padre de uma pequena igreja comunitária do que as de um papa, totalmente despojadas de formalidade e rigidez. 

3. Simplicidade: para esse discurso inicial, tão simbólico, usou sua antiga cruz de prata em vez  de uma cruz de ouro. Vestiu  batina branca e simples, sem capa. E não aceitou calçar os tradicionais sapatos vermelhos. Um completo símbolo de não ostentação.

4. Imagem: obviamente, milhares de vídeos e de fotografias percorreram o mundo.  O que nos transmitem essas primeiras imagens? Talvez uma certa timidez no início, mas, sobretudo, a figura de um homem cordial e simples, que abriu seus braços para os fiéis, mantendo um sorriso  sincero e natural. Pode haver algo  mais poderoso do que uma boa imagem?

5. Não ao luxo e à ostentação: nos dias seguintes, os pequenos mas poderosos gestos se repetiram, todos relacionados com sua rejeição ao luxo e à ostentação: viajou de ônibus normal, com os demais cardeais; pagou suas próprias despesas no hotel onde esteve hospedado, em vez de enviar um representante; e continuou usando seus velhos e desgastados sapatos.  

6. Para os pobres: como se isso fosse pouco, deu ainda uma conferência de imprensa para, nada mais nada menos, do que 6 mil jornalistas e perante eles disse que queria uma “Igreja pobre e para os pobres”. Mais uma vez, poderosas palavras que simbolizam muito, provindas de um papa que inicia seu pontificado à frente da Igreja de Roma.  

7. Mais um dentre nós: houve um dado inesperado que aproximou ainda mais Francisco das  pessoas comuns. Tal como foi difundido de imediato o novo papa gosta de futebol, possivelmente como a maioria de seus fiéis, e é um torcedor fanático e  sócio do time argentino San Lorenzo de Almagro. Com apenas um símbolo, o papa ficou do lado de centenas de milhões de pessoas ao redor do mundo. 

8. Perdão: em sua primeira homilia pediu perdão e misericórdia para os homens, outro símbolo importante de humildade e de reconciliação, demonstrando sua intenção de construir a partir de uma base positiva.

9. Segurança: em outro gesto que impressionou seus fiéis e fez tremer a segurança do Vaticano, o papa Francisco se aproximou  das pessoas que foram à missa celebrada por ele na pequena paróquia de Santa Ana e as cumprimentou, apertando-lhes as  mãos, beijando-lhes e as acariciando. "Já são quase 10 horas. Tenho de ir à missa. Estão esperando por mim", disse antes de entrar na igreja. Mais uma vez, o papa se aproximou das pessoas sem intermediários. 

Depois de mais de 30 anos de profissão, ainda fico pasmo com o imponente poder dos símbolos no mundo das comunicações.  Enquanto nós, comunicadores, passamos horas e horas planejando, definindo mensagens-chave, discutindo estratégias ou preparando conteúdos, em determinadas ocasiões certos símbolos são tão poderosos que provocam resultados contundentes na criação de imagem e de reputação.

Não sabemos ainda se Francisco será o papa mais midiático da história  nem mesmo se será o mais amado e popular. Mas, certamente, iniciou  seu papado transmitindo algumas crenças e características próprias de sua personalidade, por meio  de símbolos poderosos que nos permitem começar a delinear o perfil que terá sua gestão à frente do Vaticano, conquistando desse modo o respeito e afeto dos fiéis.  

Os artigos aqui apresentados não necessariamente refletem a opinião da Aberje e seu conteúdo é de exclusiva responsabilidade do autor. 1037

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