As novas narrativas digitais na era da internet
Contar histórias é parte da essência do ser humano. Mas como fazê-lo está em constante evolução. Os viajantes fizeram isso há dez mil anos atrás. Também menestréis, historiadores, romancistas, jornalistas e até mesmo os narradores de cinema e televisão.
As pessoas querem contar suas histórias e também aprender com as histórias dos outros. É a forma de estender a nossa experiência e o nosso universo além de nós mesmos. É por isso que histórias são tão populares. O que evolui constantemente é a maneira de contá-las.
No início da Internet, as histórias foram contadas no mesmo formato que uma página de um veículo gráfico: texto + fotos. E, sem dúvida, esse continua a ser o formato mais econômico e, por consequência, mais amplamente utilizado.
No entanto, há alguns anos surgiram novos formatos jornalísticos, que permitem contar histórias de uma forma muito mais moderna e de acordo com a essência da Internet, em que projetos inovadores são integrados com vídeo, gráficos, jornalismo de dados, fotos animadas e outros recursos interativos que trazem dinamismo e interesse para a história.
Nos referimos às narrativas multimídia, interativas ou digitais.
O que são as novas narrativas digitais? O cruzamento de boas histórias com recursos interativos que elevam a experiência de leitura para um novo nível.
As novas narrativas digitais
Em 2012, o jornal americano The New York Times mostrou um excelente exemplo com “Snow Fall, The Avalanche at Tunnel Creek”. Textos, imagens, vídeos, animações... um luxo de recursos a serviço de uma história. Foi uma das melhores histórias do ano.
No entanto, o formato da história pode ser muito variado, e cada equipe de projeto prepara a história de acordo com sua própria visão e imaginação. Em “America: Elect! The action-packed journey to US election day in graphic novel form”, feita no mesmo ano pelo The Guardian, a história era simples, mas visualmente muito atraente: uma sucessão de imagens, textos e desenhos efetivamente transmitiu a mensagem.
Um ano mais tarde PBS, em uma pesquisa conjunta com a ProRepublica, publicou: “A Perfect Terrorist, David Coleman Headley's Web of Betrayal”, outro exemplo fantástico em que recursos tecnológicos simples são usados para gerar uma história jornalística narrada de forma inovadora.
Mas a história que impactou todo o mundo pela profundidade da investigação e pela simplicidade e eficiência na utilização dos recursos tecnológicos foi: “NSA Files DECODED”, realizada novamente pelo The Guardian. Vídeos que são ativados com a rolagem, , infográficos animados, dados... Uma enorme quantidade de recursos usados com inteligência para contar a história.
Em 2014, novas mídias incorporaram o formato narrativo digital.
O jornal on-line espanhol 20 Minutos publicou um artigo excelente, cheio de gráficos, sobre o aniversário da Primeira Guerra Mundial. Chamava-se apenas: “La Gran Guerra”. A equipe do The Guardian, sobre o mesmo evento, publicou um luxuoso documentário chamado: “A global guide to the first world war - interactive documentary”.
Aqui no Brasil, a Folha de São Paulo publicou uma excelente narrativa em inglês intitulada: “The Battle of Belo Monte”. O trabalho foi tão completo que incluiu 55 fotos, 24 vídeos e 18 infográficos, como mencionado no artigo. A própria investigação jornalística foi de primeira classe, séria e profunda.
As narrativas digitais aproveitam os recursos da tecnologia e multiplicam seus formatos. A forma da narrativa parece limitada apenas à imaginação.
“Demolished” conta, com uma abundância de imagens, uma história de planejamento urbano, pobreza e edifícios públicos em Chicago. Um luxo.
The Washington Post explora o mundo de vídeos em “The N-Word”, em um formato que permite ao leitor construir sua própria história.
The Center for Investigating Reporting tira partido dos benefícios da rede Medium para contar uma história em formato convencional, mas ilustrada de uma forma nada convencional. Seu nome: “Sixteen, Alone, 23 Hours a Day, in a Six-by-Eight-Foot Box”. Também publicou em seu próprio site uma reportagem em formato de... quadrinhos! E a chamou: “Graphic novel: The Box”.
Na Alemanha, Zeit Online publicou em inglês: “A Nation Divided”, uma narrativa cheia de gráficos e mapas sobre as duas Alemanhas. Um trabalho muito completo, que demandou uma equipe de quase 10 pessoas.
O caminho?
As novas narrativas digitais se multiplicam ano após ano. Agora não se trata de um jornalista solitário que escreve sua história e um fotógrafo que a ilustra. Neste formato de narrativa, jornalista e fotógrafo se integram a uma equipe de design interativo que transformar a história em uma exposição visualmente estimulante e cheia de recursos tecnológicos modernos.
O lado mais positivo em geral é o resultado: artigos sérios e profundos, com uma estética meticulosa e a aplicação da tecnologia para ajudar a contar a história de uma forma mais atraente.
O outro lado é que, sendo um trabalho de equipe e que envolve custos de produção, é provável que este formato seja reservado para as grandes investigações e artigos especiais, nos quais esses esforços coletivos se justifiquem.
As notícias do dia a dia seguirão usando os formatos conhecidos e habituais.
De todo modo, é alentador observar como os meios de comunicação estão aproveitando as novas tecnologias para fazer o que sabem fazer, que é contar histórias, mas em formatos muito mais atraentes.
PS: Em uma escala muito mais humilde, quando apresentamos algumas semanas atrás nossa agência de marketing, MARKINI Branding Mix, recorremos também a uma narrativa digital para contar sua história e sua proposta.
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e seu conte�do � de exclusiva responsabilidade do autor. 1575
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