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COLUNAS


Gustavo Wrobel


Doutor em Comunicações e bacharel em Jornalismo. No campo acadêmico, participou como jurado de dissertações e prêmios na área de comunicações, ministrou palestras em universidades e em outras importantes instituições em distintos países da América Latina e é professor de Planejamento das Comunicações no Master de Comunicações da UCES. Também é membro de diversas associações profissionais. 

Trabalhou por 20 anos como diretivo da área de Comunicações de distintas empresas como Motorola e La Serenísima, nove deles como diretor de Comunicações e Relações Públicas para a América Latina. Também foi jornalista por 12 anos e Diretor Executivo de uma ONG. Atualmente dirige sua própria consultora regionais de comunicações: WSC | WROBEL SmartComm e assessora a diversas empresas e associações.


Doctor en Comunicaciones y Licenciado en Periodismo. En el campo académico, ha sido frecuentemente jurado de tesis doctorales y de premios del área de comunicación. Asimismo, dio charlas en las universidades y otras instituciones importantes en diversos países de América Latina, y es profesor de Planificación de las Comunicaciones en el Master de Comunicaciones de la UCES. Adicionalmente, es miembro de diversas asociaciones profesionales. 

Trabajó por veinte años como directivo del área de comunicaciones de distintas empresas como Motorola y La Serenísima, nueve de ellos como director de Comunicaciones y Relaciones Públicas para América Latina. También fue periodista por doce años y Director Ejecutivo de una ONG. En la actualidad dirige su propia consultora regional de comunicaciones: WSC | WROBEL SmartComm y asesora a diversas empresas y asociaciones.


WSC | WROBEL SmartComm
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18 atalhos para arruinar seu relacionamento com jornalistas

              Publicado em 24/08/2015

Alguns meses atrás, uma jornalista me disse em confiança o quanto havia ficado frustrada e irritada com uma grande agência de relações públicas, que a convidou para um evento de uma empresa na Europa e, em seguida, cancelou o convite para ceder seu lugar a outro jornalista que escrevia para um jornal mais importante. Ela jurou que não iria esquecer a ofensa, e que dificilmente consideraria, dali para a frente, as informações que essa agência enviasse a ela.

Podemos constatar que a agência cometeu um erro importante, que gerou uma pequena mancha em sua reputação e credibilidade. A executiva de contas que o cometeu, por sua vez, conseguiu arruinar para o resto de sua carreira o relacionamento com a jornalista.

Lembrei-me dessa história algumas vezes durante os últimos meses, até que decidi escrever esta pequena antologia sobre como arruinar o relacionamento com os jornalistas.

Faz 35 anos que estou no mundo das comunicações. Primeiro fui jornalista: em 1982, enquanto ainda estudava na Universidade, comecei a trabalhar na revista Siete Dias da Editorial Abril (argentina) e durante anos -- também em outras mídias-- eu me relacionava com agências de relações públicas e diretores de comunicação de empresas e de órgãos governamentais.

Logo passei para o outro lado e tive que gerenciar o relacionamento com a mídia, primeiro na Argentina e depois com toda América Latina, uma gestão multicultural com suas próprias regras e características. Houve erros e aprendizado no caminho. Eu mesmo tive a negligência de cometer um erro e logo a seguir repeti-lo com outro jornalista.

Acreditem, porque é verdade: para quebrar o gelo, comecei a falar de futebol, pensando que fosse um tema muito comum na América Latina, mas ignorando as sensibilidades e emoções envolvidas quando o time nacional está em jogo. Nos dois casos, eles tinham profundo rancor pelas derrotas que seus respectivos países haviam sofrido. Não é exagero dizer que nunca mais voltei a falar de futebol (nem de política, nem de religião…)

No entanto, esse tipo de erro é exceção. Alguns dos erros mais simples e banais que podem comprometer o seu relacionamento com a mídia são muito fáceis de corrigir.

De qualquer forma, se você quiser arruinar definitivamente o seu relacionamento com os jornalistas, siga estes conselhos infalíveis:

1. Não planeje, improvise: Aproxime-se do jornalista sem ter claro sobre o que você quer falar, a entrevista ou a oportunidade jornalística que pretende propor a ele, ou a informação que quer transmitir. No final, certamente ele vai pensar por que diabos você o chamou.

2. Não respeite seu tempo nem seus horários: Não importa se ele está fechando uma matéria, correndo para o médico com seus filhos ou deitado para dormir. Não tenha dúvida que ele vai se lembrar de você...

3. Não responda às suas perguntas, chamadas ou e-mails: Desta vez é o oposto: ele é que precisa de você. Está fechando uma nota e precisa confirmar uma informação. Sua ajuda é inestimável. Então, novamente, você pode não querer falar sobre isso. Então, ignore-o! Ele haverá sempre de lembrar como você foi útil quando ele mais precisava de você.

4. Faça-se de tonto: Desculpe, mas ele te pegou. Você atendeu o telefone e lá estava ele, perguntando algo difícil, algo sobre o que você não queria falar. Não importa, diga a ele que só o gerente de marketing, ou de vendas, é que pode falar sobre esse assunto, mas, que azar... Agora eles estão em um evento na República do Botswana. Ele vai ficar muito feliz com você.

5. Atormente os jornalistas: Sim, chame-os todos os dias até que eles digam que farão a entrevista. Ou que cobrirão o evento. Ou quando publicarão a nota. Você não sabe o quanto eles gostam disso.

6. Não respeite os compromissos: Faça como a agência que mencionei. Um dia você o convida para uma viagem e, no dia seguinte, cancela o convite. Ou prometa a ele uma entrevista exclusiva, que logo em seguida é publicada em vários veículos de comunicação. Ou comprometa-se a lhe enviar determinada informação de que ele precisa, mas não faça isso.

7. Destaque as diferenças: Nada melhor para que compreenda as hierarquias. Diga claramente, para não criar falsas expectativas, que seu veículo não é tão importante quanto os outros. Ou que esse seu blog pessoal, no fundo, não interessa a ninguém. Melhor ainda: se você está falando com ele durante um evento, interrompa imediatamente a conversa e corra para atender o jornalista estrela que acaba de chegar.

8. Forneça informação pouco clara: Envie a ele uma informação que, basicamente, ele não sabe com que finalidade você a mandou, que valor ela tem e para que serve. Com certeza ele está o dia todo olhando para a caixa postal, à espera do seu e-mail, o único que irá receber no dia...

9. Envie informação que não lhe interessa: Quem se importa? Você tem a informação e eles são jornalistas. Você envia a informação de uma ONG para o jornalista esportivo, a do novo produto ao jornalista que cobre política nacional e, finalmente, convida uma jornalista de economia para a apresentação da visão da tecnologia 5G para os próximos 20 anos. Por acaso isso não é bom para a economia do país?

10. Cometa erros ortográficos: Os jornalistas amam se deparar com erros de ortografia, eles os adoram e os esperam. É que, em seu tempo livre, além de serem jornalistas, eles sonham trabalhar como revisores.

11. Subestime o seu interlocutor: Ele é novo na profissão. Ou na seção. E ele não sabe nada. Por que tratá-lo com respeito, se é um ninguém?

12. Exagere, engane, minta: Sim, sim, faça uma vez e de novo e, ao final, ele vai acreditar. Ele confia plenamente em você. Não checa a informação. Vai te agradecer a vida toda se publicar a nota e, em seguida, descobrir que você mentiu para ele.

13. Organize mal os eventos: Isso os fascina. Perder duas horas em um evento no qual se sentem desconfortáveis, passam mal e ainda por cima não obtêm boa informação.

14. Diga a ele o que você quer que ele saiba, mas não o que ele quer saber: Você conseguiu que ele fosse à sua coletiva de imprensa para ouvir você, mas não lhe dê muito tempo para perguntar (diga: “Apenas duas questões, não há tempo!“, sempre funciona ...). E se eles chegarem a fazer uma pergunta, responda que a informação é confidencial ou que não tem os dados na mão.

15. Elogie: Eles adoram ser adulados. Se você é um homem e a jornalista uma mulher, tenha em mãos uma frase engenhosa. Pode ser: "Que bela jornalista veio me entrevistar!". Ou melhor, para distraí-la de uma pergunta embaraçosa, você diz. "Como você pode ser tão bonita e a mesmo tempo fazer perguntas tão inteligentes?". Certamente ela vai esquecer o que veio buscar e fará uma entrevista amigável. E em qualquer caso, o que tanto se usa e nunca falha: "Essa é uma pergunta muito boa!". É o que o jornalista estava esperando – que você, com toda a sua autoridade, como se você fosse um professor universitário, diga que ele está fazendo bem o seu trabalho.

16. Não esteja informado: Você pode falar sobre o que você quiser, mas quando perguntam sobre a empresa ou organização que você representa, não sabe o que dizer. Nesse momento você ganhou uma autoridade fabulosa como porta-voz...

17. Não esteja disponível: Não lhe ocorreu que nunca te convocaram para uma reunião, tomar um café ou ter uma conversa por telefone? O que eles querem agora? Melhor ignorá-los, certamente uma coisa boa não é.

18. Reivindique, reivindique, reivindique: Sim, por favor. Como puderam escrever isso? Por que ele deu mais espaço para a empresa da concorrência do que para a minha? Por acaso não entendeu nada? Não há como, são todos iguais: a gente se mata por eles e, no final, publicam o que querem...

 

Foto: A jornalista Zoe Barnes jornalista (Kate Mara) com Frank Underwood (Kevin Spacey) em uma cena da série "House of Cards" (do Netflix).


Os artigos aqui apresentados não necessariamente refletem a opinião da Aberje e seu conteúdo é de exclusiva responsabilidade do autor. 2337

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