Você já parou pra pensar no que faz do Facebook uma empresa tão influente hoje? A resposta não está necessariamente nos resultados financeiros, ou na capacidade de inovação da equipe de Mark Zuckerberg, e sim em uma estatística simples: 1.4 bilhão de usuários passam em média, mais de 15 horas por mês conectados ao Facebook!!! Na prática, isso significa que o Facebook tem acesso a um dos recursos mais escassos do planeta Terra na atualidade: a atenção de muita, muita gente.
O economista Herbert Simon (1916-2001) foi o primeiro a descrever o fenômeno da economia da atenção, ainda sem esse nome, na década de 1970: "A riqueza de informação cria pobreza de atenção, e com ela a necessidade de alocar a atenção de maneira eficiente em meio à abundância de fontes de informação disponíveis".
Se a abundância de mensagens competindo por nossa atenção não é algo novo, por outro lado ela nunca foi tão facilmente perceptível quanto hoje - e não estamos falando apenas de campanhas publicitárias, dessas que parecem nos perseguir onde quer que estejamos.
Estamos falando também no volume de telefonemas e e-mails que recebemos, nos posts e notificações enviados pelas mídias sociais que frequentamos, nas solicitações automáticas dos aparelhos e aplicativos que usamos, nos painéis eletrônicos nos elevadores e nas ruas, etc. Cada gota desse oceano representa uma tentativa de nos "impactar", de nos estimular a esta ou aquela ação.
Recentemente, ouvindo o noticiário matinal em uma grande emissora nacional de rádio, me arrisquei a anotar a quantidade de mensagens publicitárias que as marcas tentaram me empurrar em 45 minutos de trajeto entre a minha casa e o escritório, acreditem, foram mais de 52 propagandas, entre anúncios, patrocínios, promoções, informes publicitários, etc!!! Ao chegar no escritório, foram mais algumas dezenas de anúncios em portais, sites de conteúdo e até dentro do e-mail.
Saturados pelo volume de estímulos a que somos expostos, somos forçados a lidar permanentemente com a escolha entre quais mensagens ignorar - ou não. Passamos a "premiar" as mensagens e agentes que melhor atendam ao nosso contexto (momento, necessidades e expectativas), por mais efêmero e imperceptível que este seja.
E é esta, 40 anos depois, exatamente a questão que se coloca para as empresas. Um cenário de abundância de informação e escassez de atenção cria oportunidades para que pessoas e organizações atuem como "filtros", identificando e traduzindo o que há de relevante para seus públicos. Essa é, aliás, uma forma de agregar valor à marca da empresa.
Diante desse cenário, os gestores de marketing e comunicação estão na berlinda e cada vez mais buscam alternativas para atrair a atenção de seus públicos-alvo, de consumidores à investidores.
Mas existe luz no final do túnel. Uma das tendências do momento é a adoção de plataformas de inteligência de comunicação que, a partir da captura, análise e cruzamento do conteúdo de Big Data – mídias sociais, imprensa e publicidade – permitem tomadas de decisão mais rápidas e inteligentes, baseadas no comportamento do consumidor e na correlação com indicadores de negócio. E aí, com base nessas análises, ofereceremos ao público exatamente aquilo que ele busca, e que de alguma maneira possa agregar valor à nossa marca. Na verdade, é exatamente isso que a comunidade de comunicação e marketing deveria estar fazendo desde sempre.
Estamos falando de uma nova tendência em comunicação, totalmente inbound (orientada pelos interesses do público), ao contrário de tudo que fizemos ao longo do século XX, totalmente outbound (orientado pelo interesse e pelas ofertas das empresas). Antes tarde do que nunca. Rei morto (o império da propaganda), rei posto (o império do público).