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COLUNAS


Luiz Fernando Brandão


Jornalista e tradutor, é diretor da in futuro, consultoria de comunicação que valoriza a transparência, a prestação de contas e o engajamento genuíno dos públicos estratégicos como vetores de transformação no ambiente dos negócios. Com 40 anos de experiência profissional, especializou-se na gestão da narrativa empresarial no contexto da sustentabilidade. É membro do conselho deliberativo e professor do programa de MBA da Aberje.

Abraço na incerteza

              Publicado em 28/04/2015

Desde a virada do século, a incerteza nunca esteve tão presente em nossas consciências e afetou a tal ponto nossas vidas, no que toca nossa capacidade de discernir, fazer escolhas sobre o presente e projetar o porvir.

Nos círculos decisórios das organizações, em um cotidiano coalhado de pontos de interrogação, ficam evidentes a fragilidade do velho modelo de comando e controle e as limitações de uma interpretação cartesiana, linear e fragmentada, da realidade. Uma percepção assustadora, mas que abre também oportunidades inéditas para quem souber ver.

As empresas, assim como os indivíduos, sabem bem que há tempos difíceis pela frente, por força não somente das circunstâncias como, e sobretudo, da conjuntura. Reduzir custos e otimizar resultados é, cada vez mais, a palavra de ordem para os responsáveis pelas tomadas de decisão. Decisões que terão impactos não somente para os chamados interessados diretos da cadeia produtiva – acionistas, investidores, clientes, fornecedores e a força de trabalho –, mas para toda a sociedade.

É um quadro em que o setor empresarial se vê fortemente desafiado a estabelecer novos parâmetros de transformação. Sustentabilidade econômica, socioambiental e geopolítica, bem como flexibilidade para atuar em cenários cada vez mais voláteis e complexos, passam a ser requisitos essenciais de competitividade.

Organizações de diferentes portes e áreas de atuação vêm-se transformando em referências, sob diversos aspectos, desses desafios de transformação. A necessidade de se tornarem mais flexíveis, adaptativas, criativas, produtivas, efetivas e sustentáveis leva-as a adotar práticas que não só extraiam o melhor dos seus processos de gestão de qualidade, tecnologia de informação ou redesenho de processos, mas que os transcendam rumo a novas maneiras de pensar, interagir, operar e construir o futuro.

Surgida na esteira dos novos paradigmas nascidos com a física quântica, nos meados do século 20, uma nova forma de entender o presente para poder transformá-lo com mais propriedade está agora, cada vez mais, revelando sua força no mundo dos negócios. Trata-se do pensamento sistêmico, uma metodologia que permite interpretar a situação e agir sobre ela a partir de um entendimento mais preciso das influências recíprocas entre os diversos fatores – modelos mentais, inclusive – que a constituem e ditam a sua dinâmica.

Pensar sistemicamente implica lançar um novo olhar, mais amplo e sob ângulos de outra forma inexploráveis, em busca de respostas a questões que dependem da inter-relação de diversos elementos. É uma abordagem que permite considerar, simultaneamente, quatro níveis de atuação no ambiente de uma organização: eventos, padrões de comportamento, sistemas e modelos mentais. Ela propõe um conjunto de passos que orienta os atores envolvidos a compreender as forças que moldam determinada realidade, de forma a identificar pontos de alavancagem efetivos para a transformação estratégica da empresa, de forma efetiva e sustentável.

Por acreditar que as organizações, e as histórias que estão construindo, podem ganhar e muito com essa nova forma de planejar, a in futuro e a Sarau, consultorias experientes na comunicação empresarial, e o GMap, da Unisinos, instituição de ensino com quase 50 anos de história, desenvolveram juntas uma abordagem inovadora do relacionamento de uma empresa com seus públicos mais próximos.

O propósito, como não poderia deixar de ser, é otimizar energia, recursos e, consequentemente, resultados.

Essa abordagem parte da chamada licença social para operar, ou LSO – um conceito nascido na indústria da mineração nos anos 90, que trata da autorização tácita, baseada nas crenças, opiniões e percepções da comunidade sobre um projeto ou empreendimento. Uma legitimidade que toda empresa precisa obter e manter para ser sustentável.

O conceito que introduzimos, o custo social para operar, ou CSO, diz respeito a todo o dinheiro que a organização gasta e/ou deixa de ganhar em função da “pegada social” de suas atividades. Para calcular esse custo, é preciso identificar e entender as relações sistêmicas que influenciam o nível de licença social da organização.

A pegada social, à luz do pensamento sistêmico, se manifesta e exerce influência em pelo menos oito aspectos da vida da empresa: os capitais natural, humano e financeiro, as certificações comerciais e as licenças legais, a cadeia produtiva, o desenvolvimento territorial e a comunicação – esta última entendida no seu sentido mais amplo, que inclui os relacionamentos.

Ao reconhecer as forças e a dinâmica que determinam o nível da licença social, quantificar os recursos nela despendidos e configurar cenários de futuro, a aplicação do pensamento sistêmico torna-se um trunfo valioso no planejamento do negócio. Até porque permite aos tomadores de decisões driblar a dúvida e antecipar-se aos fatos, em vez de simplesmente reagir, evitando as armadilhas do cobertor curto, que sempre deixa parte do corpo desprotegida.

Como bônus adicional e não menos importante, esse abraço na incerteza abre novos horizontes para uma estratégia de comunicação muito mais efetiva no longo prazo, capaz de gerar valor sustentável para o negócio e para toda a sociedade.

Em breve você ouvirá falar mais sobre tudo isso.


Os artigos aqui apresentados não necessariamente refletem a opinião da Aberje e seu conteúdo é de exclusiva responsabilidade do autor. 1604

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