Em boca fechada não entra mosca, mas também não sai som algum.
Quem nunca falou demais que atire a primeira pedra. Eu seria apedrejado, pois decididamente sou um “boca grande”. Porém, a solução simplista de não falar pode ser pior ainda, porque “quem não se comunica se trumbica”. Santo dilema. Como diria a maneira hiena Hardy Har Har, “Oh, céus! Oh, vida! Oh, azar“, o que fazer então? Como sempre, a melhor resposta é usar o bom senso.
Uma constante necessidade de falar, de mostrar a todos os segredos que conhecemos, é sinal de instabilidade emocional. Temos que nos treinar para não falar impulsivamente.
Pensamentos são energia, boa quando são positivos, ou ruim quando são negativos. A energia concentrada na mente tem muita força. Quando ela é expelida na forma de palavras se dilui, dependendo da reação do nosso interlocutor.
Quando exprimimos um pensamento positivo (tenho uma ótima ideia, estou planejando algo bacana), se o interlocutor for parte de nossa cadeia de força (um sócio, um apoiador), então a energia retorna para nós, magnificada pela receptividade da outra parte. Por outro lado, se o interlocutor tiver inveja, ou simplesmente não estiver preparado para entender o que queremos expressar, sua energia negativa reduzirá a força de nosso pensamento e diminuirá nossa convicção.
Com os pensamentos negativos ocorre o mesmo. Quando expressos se diluem, ou seja, em princípio é bom confessarmos defeitos e fraquezas, pois esse autojulgamento atenua nossa responsabilidade. Porém, o preparo do interlocutor é fundamental. Se a pessoa do outro lado não estiver preparada para entender nossa confissão de culpa, ou nossa fraqueza, seu julgamento voltará para nós, intensificando o sentimento negativo que nos habita interiormente.
Assim, seja para expressar pensamentos, positivos ou negativos, devemos sempre ponderar:
· Eu preciso falar a respeito?
· Por quê?
· Estou diante do interlocutor correto?
· Qual o impacto minhas palavras terão sobre a outra pessoa?
Lembre-se que mesmo boas palavras podem ter efeito negativo sobre um interlocutor invejoso, ou despreparado!
E, uma vez que você tenha feito essa reflexão e concluído que sim deve falar e seu interlocutor é a pessoa certa no momento certo, vem a segunda parte do desafio: como falar?
Pessoas são seres intrinsecamente emocionais. Cada um tem uma personalidade e um certo nível de inteligência emocional. E situações distintas também requerem abordagens e palavras distintas. Usando as palavras certas abriremos o caminho para o coração e a mente das pessoas. Porém, palavras erradas fecham portas, quando não raramente criam inimigos.
Vou usar exemplos extremos para me explicar. Um sargento usa uma linguagem dura e direta com seus soldados, eles entendem e cumprem rigorosamente suas ordens, sem se incomodar com os gritos na orelha. Uma freira ensinando catecismo usa uma linguagem figurada, em tom suave e terno. Imaginem fazer uma troca: o sargento vai ensinar catecismo para as criancinhas e a freira vai ensinar ordem unida para os recrutas!? Pois é, daria a maior confusão…
E, um último ponto para reflexão: NUNCA se deve revelar o core de uma ideia. A última milha no entendimento de um conceito sempre pertence ao interlocutor. Se a sacada final for dele, ele se convencerá totalmente e crescerá com isso. Se, por outro lado, você explicar tudo, nos mínimos detalhes, mesmo que completamente entendido, nunca será 100% aceito. Experimente!
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