Somos todos digitais?
Nosso mundo é cada vez mais digital, certo? Certo. Estamos conectados o tempo todo, postando o tempo todo no Facebook, no Twitter, no Instagram. Formamos grupos via WhatsApp, fazemos selfies a cada passo, por qualquer motivo – sem motivo às vezes... Mas se pararmos para pensar um pouco sobre como se dá nossa interação com os aparelhos que dão acesso aos bits e algoritmos que regem nosso dia a dia, seguimos na condição de seres “analógicos”, como nos últimos milhares de anos da evolução humana.
Claro, quem já nasceu nesta era de smartphones e games online está perfeitamente à vontade no mundo conectado, e há crianças que aprendem a codificar antes mesmo de completar o estudo tradicional. Mas ainda há um descompasso importante entre o avanço das tecnologias digitais e o desenvolvimento dos meios de interação entre o ser humano e os dispositivos lançados no mercado. Esse descompasso vem gerando uma nova categoria de excluídos, aqueles que o avanço digital vai deixando à beira da estrada, quase sempre confusos e envergonhados com sua própria inadaptação.
Os dispositivos móveis são um bom exemplo. A miniaturização melhorou a mobilidade da comunicação, mas os aparelhos são de difícil operação por aquele segmento que pegou a revolução digital na faixa dos 60 anos em diante. Em um país com a expectativa de vida em alta, isso significa tratar mal um mercado consumidor altamente valioso.
Mais: digitar constantemente mensagens, às vezes longas, nos smartphones criou uma nova categoria de lesões de esforço repetitivo a afligir executivos – a “Síndrome do BlackBerry”, depois acompanhada pela “Síndrome do WhatsApp”, não confinada ao mundo corporativo. Nossos dedos não foram criados para esses movimentos, no volume e intensidade que precisamos para usar os teclados dos smartphones, mesmo que escrevamos na própria tela.
A necessidade de aumentar a segurança nos terminais de autoatendimento bancário também expõe esse fenômeno de “exclusão digital”. A antiga senha numérica não é mais suficiente. Em vários bancos, ela deve ser seguida por um grupo de letras – e a cada letra selecionada (dentre vários grupos de letras expostos aleatoriamente na tela), os grupos são trocados e rearranjados na tela exibida em seguida para a seleção da segunda letra. E assim por diante. Para alguns clientes, já com o nível de atenção e concentração reduzido pela idade, trata-se de uma verdadeira maratona. Vem a capitulação, e a busca de ajuda de terceiros, com o que caem por terra dois conceitos de uma vez – o autoatendimento e a segurança.
Não dá para esperar outros milhares de anos de evolução humana para que estejamos mais bem adaptados à operação de dispositivos cada vez menores criados pela onda digital – nem esperar que só restem na face da terra pessoas acostumadas com computadores e smartphones. A grande missão hoje é fazer com que a evolução tecnológica caminhe em harmonia com a escala humana – que o design de ferramentas e dispositivos seja voltado para o usuário, respeitando suas necessidades e limitações.
Os artigos aqui apresentados n�o necessariamente refletem a opini�o da Aberje
e seu conte�do � de exclusiva responsabilidade do autor. 1121
O primeiro portal da Comunicação Empresarial Brasileira - Desde 1996
Sobre a Aberje |
Cursos |
Eventos |
Comitês |
Prêmio |
Associe-se |
Diretoria |
Fale conosco
Aberje - Associação Brasileira de Comunicação Empresarial ©1967 Todos os direitos reservados.
Rua Amália de Noronha, 151 - 6º andar - São Paulo/SP - (11) 5627-9090