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Itaú

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COLUNAS


Augusto Pinto


Engenheiro de formação, Augusto tem mais de 30 anos atuando no mercado de TI. Iniciou a carreira na IBM, de onde saiu para se tornar um executivo bem sucedido na indústria de software. Foi o 1º presidente da SAP Brasil, onde atuou por sete anos, e também VP América Latina da Siebel Systems. Atua há 13 anos em Comunicação Corporativa, como sócio fundador da RMA Comunicação. Augusto iniciou a RMA com a visão de auxiliar empresas de tecnologia a traduzirem seu valor para o mercado. O sucesso obtido no mercado de TI levou a empresa a outros mercados, como saúde e educação, onde se consolidou com a imagem de líder visionária.

O mundo em engenharia reversa

              Publicado em 05/03/2015

O mundo já foi entendido como quadrado. Da mesma forma, até muito recentemente, o mundo era visto pelas empresas de dentro para fora. O jargão que os americanos cunharam para essa visão é Outbound. No mundo outbound, as empresas se outorgavam o direito de achar que sabiam o que o cliente queria.

O primeiro ícone do mundo outbound foi Henry Ford, que liberalmente dizia que “qualquer cliente poderia escolher a cor de um Ford–T, desde que fosse preto”. A partir daí, nos empurraram, goela abaixo, carros, computadores, refrigerantes, softwares, filmes blockbusters, marcas de vodka... o diabo (a quatro). Quando alguém desmistificava uma hype, era para criar outra, como quando o Steve Jobs nos convenceu que seu IOS era melhor que o Windows.

Isso funcionou muito bem, graças principalmente ao poder criativo da Madison Avenue (com suas incríveis e delirantes agências de propaganda), até o advento da internet de massa, do Google, do iPhone e das redes sociais. Um belo dia, um garoto da geração Y acordou de manhã e resolveu que não queria mais TV aberta, nem jornais e revistas semanais e, se bobear, nem cinema?!

Esse “carinha”, que já está chegando aos cargos gerenciais, em breve será C-level. Ele prefere assistir ao Netflix em seu notebook Apple, ler as notícias no UOL e avaliar o impacto nas mesmas no Facebook e no Whatsapp. Propaganda e produto goela abaixo não funcionam com esse perfil. Ele pensa, interage e avalia muito bem tudo que consome, desde notícias até um novo carro.

O Google até cunhou um novo termo para o momento da avaliação individual de uma intenção de consumo: ZMOT (Zero Moment of Truth). Se o primeiro momento da verdade é a decisão de compra, e de quem comprar, o ZMOT é o momento da consideração, que é sempre on-line. Segundo o Google, 70% a 90% da decisão de compra de um consumidor atualmente é feita em frente a uma tela de computador (ou iPad, iPhone), sem que a empresa, que será sua potencial fornecedora, saiba disso.

Esse é o mundo do inbound, onde quem influencia a concepção do novo produto, as campanhas promocionais e até o conteúdo da capa dos jornais é o consumidor. Portanto, a influência vem de fora e isso recria o mundo. Até o NYT teve que pensar na reinvenção do jornal depois que descobriu que a página home de seu site estava numa curva de declínio acentuado de pages views. O jornal, que num futuro próximo será editado de fora para dentro, é o 1o caso de jornal inbound do mundo!

Porém, existe um grande problema nessa mudança de tendência: o mundo corporativo não se preparou para isso. De repente, o filme ganhador do Oscar pode ser um fracasso de bilheteria e aquela campanha que ganhou o Leão de Ouro em Cannes não vende nada. Bem vindo ao inbound world.

No mundo inbound o grande desafio é entender os anseios do público, o tempo todo. O grande problema a ser enfrentado pelo mundo corporativo é a volatilidade dos desejos e intenções do público. Num mundo inbound monitoramento, análise e inteligência são as palavras de ordem. É preciso, de forma contínua, medir a aceitação de tudo que é oferecido ao público, produtos e conteúdos. Na verdade, o interesse pelos conteúdos publicados (multimídia e multiplataforma) é um forte indicador da aceitação que terão os produtos relacionados. Monitorar redes sociais é também algo absolutamente requerido, pois nelas o público expressa seus interesses e intenções.

Mas, a maior dificuldade do mundo inbound é enfrentar o custo da volatilidade do mercado. O que vemos em relação aos smartphones, onde cada geração já é considerada como superada no lançamento, tende a acontecer com quaisquer produtos e serviços a partir de agora. O caminho do enfrentamento desse desafio de evolução rápida e contínua (para continuamente atender aos anseios do público), passa por padronização cada vez maior e por aumento da eficiência da produção e das cadeias globais de suprimento. Talvez o país que melhor tenha entendido esse desafio é a China, que absorve novas tendências num piscar de olhos.

Ou seja, países (como o nosso) que ainda não entenderam a mensagem da globalização e da eficácia das economias de mercado, que botem as barbas de molho. A 1a grande vítima da onda do mundo inbound será o capitalismo de estado, pesado, lento e incapaz de evoluir continuamente junto com as demandas do público.


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