O mundo da comunicação e das relações públicas está vivendo, em muitos aspectos, uma idade de ouro, a partir das contínuas inovações tecnológicas que influenciam os hábitos da opinião pública e, consequentemente, a prática dessas profissões. Há apenas dez anos, nossas práticas habituais eram muito mais simples, conhecidas e rotineiras. O tema está se tornando cada dia mais complicado, mas também muito mais emocionante e divertido.
Vamos fazer uma rápida revisão, para nos permitir compreender a situação. No começo do século 21, a internet deu um salto qualitativo gigante, ao passar de sua forma tradicional à nova internet 2.0, que permite uma inter-relação muito superior com os leitores. Como consequência, surgem os blogs, redes sociais, comentários de leitores etc. Paralelamente, explode o fenômeno dos smartphones, tablets e notebooks. O consumo de internet, tanto para ler, quanto para agregar informações, transforma-se em móvel. Os usuários migraram de “leitores de papel” para “leitores de telas” e começaram a ver notícias onde quer que estejam. A circulação de dados e informações na internet cresce de modo exponencial, alcançando limites inéditos.
Os profissionais de comunicação, por sua vez, viram-se obrigados a enfrentar o desafio de se adaptar às novas tecnologias, compreendê-las e aprender a usá-las. Trata-se de uma questão de sobrevivência como profissionais. Quando tudo parecia estar novamente sob controle, surge, entretanto, uma nova pergunta: se os usuários estão lendo cada vez mais na internet, que por sua vez aumenta sem parar a quantidade de informações disponíveis, como fazer para chamar a atenção do meu público? A resposta, nesse contexto, é evidente: com a criação de conteúdo estratégico.
Nos últimos dois anos, esse é o tema da moda entre os profissionais de comunicação e de relações públicas dos países desenvolvidos. Diante de um mundo saturado de informações, a criação de conteúdo estratégico se torna o caminho natural para as organizações que desejam afetar proativamente, de maneira positiva, seus públicos. Nos países anglo-saxões, já existem buscas profissionais para gerentes de comunicação e conteúdo – uma completa redefinição da profissão.
Vamos definir, então, o que é, para que serve e o que caracteriza a criação de conteúdo estratégico. No mundo atual, os profissionais de comunicação são, mais do que nunca, “contadores de histórias” (storytellers, em inglês). Em um contexto saturado de informações, criamos histórias que interessam aos meios de comunicação e que, além disso, podem ser publicadas em redes sociais e em blogs. Essas histórias devem ser interessantes para nosso público e, eventualmente, estar em formatos que chamem sua atenção e o convidem à leitura. Dessa forma, ganharemos uns minutos de seu tempo, ante uma enorme quantidade de informações com que competimos. Se chamarmos a atenção do público, que nos dedicou alguns minutos para ler nossa história, já teremos alcançado um importante resultado. Se, além disso, a história o seduziu, gerou uma percepção favorável sobre nossa empresa ou marca e, eventualmente, originar um desejo de compra, já podemos nos dar por satisfeitos, pois alcançamos 100% do objetivo.
O conteúdo é realmente estratégico, se cumprir uma série de objetivos. Em primeiro lugar, está claro que o objetivo perseguido é em termos de reputação ou de negócios. Todo conteúdo tem um fim persuasivo: tenta gerar um impacto positivo em nosso público. Mas esses objetivos, no entanto, nem sempre são fáceis de medir. No entanto, uma possibilidade que está ao nosso alcance é que o artigo conduza o leitor a um conteúdo mais especializado, um vídeo ou então leve a outras páginas de nossa empresa, para aprofundar seu interesse e gerar um compromisso maior.
Para chegar a esse ponto, contudo, é necessário realizar um processo que inclui: 1) chamar a atenção do nosso público; 2) atrair seu interesse para o tema; e 3) fazer com que se comprometa a pesquisar mais informações.
Para chamar a atenção do público, é necessário recorrer a recursos que nos diferenciem da imensidão de informações que circula atualmente. Se falarmos de um anúncio na imprensa ou de uma publicação em um blog, o título deve ser original e chamativo. Também podemos recorrer a imagens diferentes das quais o público está acostumado a ver. Fotos, vídeos, infográficos e quadrinhos são algumas das possibilidades às quais nos referimos.
Uma das características da internet é que os leitores só leem fragmentos de notícias. Portanto, devemos fazer o necessário para que o tema lhes interesse até o ponto de continuar lendo as informações. Como isso é possível? O conteúdo deve estar entre os interesses do público, tanto na escolha do tema quanto em seu enfoque. Por exemplo, a maioria dos compradores de tecnologia das empresas não está, a priori, interessada nas tecnologias que seus fornecedores querem vender a eles. Por outro lado, esses compradores estão muito interessados em soluções para seus próprios problemas. Se um conteúdo oferecer justamente isso, chamará a atenção desse leitor. Como exemplo concreto, os casos de sucesso bem realizados, depoimentos, webinars e outros recursos.
Ao chegar a esse ponto, é bem possível convencê-lo a buscar mais informações. A empresa deve facilitar esse processo, agregar links para outros sites em que ele possa encontrar informações mais precisas, como white papers, guias técnicos, demonstrações e, claro, a possibilidade de entrar em contato com os funcionários da empresa.
Em síntese, a internet gera o desafio de contar com uma estratégia de conteúdo ativa e constante. Mas isso significa, como dizem alguns colegas nos países desenvolvidos, que está nascendo uma nova disciplina, a de Comunicação, Relações Públicas e Marketing? Talvez seja cedo para ter uma opinião conclusiva. O que está claro é que se trata de uma ferramenta estratégica, da qual as organizações que praticam comunicações modernas não poderão prescindir.