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COLUNAS


Guilherme Pena


Gerente de Comunicação Corporativa da Copersucar S/A, maior comercializadora brasileira de açúcar e etanol. Tem mais de 20 anos de experiência em comunicação corporativa em empresas como Fiat Automóveis e Acesita (atual Arcelor Mittal Inox). Trabalhou nas redações da Gazeta Mercantil, Diário da Tarde e Estado de Minas. É graduado em Comunicação Social pela UFMG, com especialização em Gestão de Negócios pela Fundação Dom Cabral. Participou do 4º Curso Internacional de Comunicação Empresarial realizado pela Syracuse University e Aberje.

Fair play

              Publicado em 18/07/2014

Em tempos de Copa do Mundo no Brasil, um termo esportivo vem a calhar como inspiração para um artigo sobre práticas e processos gerenciais relacionados ao campo da comunicação: “fair play”. Mesmo que a Copa já tenha acabado, independentemente de quem ganhou ou perdeu, “fair play” é fundamental. 

Se o esporte é uma metáfora da vida, um campeonato como a Copa do Mundo é uma paródia das disputas corporativas em grande escala, ainda mais no mundo de hoje, no qual muitas empresas transnacionais movimentam muito mais que o PIB de muitas nações. E o “fair play” funciona como um idioma universal que mantém a bola em jogo, torna o espetáculo bonito, agrada a torcida e valoriza o resultado. É por isso que todo mundo no nosso país de chuteiras e pés no barro sabe que “jogo é jogado, lambari é pescado”.

Desculpem a insistência no estrangeirismo, mas a tradução literal da expressão é melhor do que a concepção de “espírito esportivo” utilizada pela crônica nacional. “Jogar justo” é bem mais sugestivo. Ambos, porém, vem combater práticas desleais como “jogar bola nas costas”, “cavar faltas”, “fazer cera” e muitos outros “don’ts”.

Para não ficar apenas nos exemplos negativos, são muitos os comportamentos que revelam o “fair play” dos jogadores: seguir as regras e respeitar o juiz, homenagear o talento, valorizar a competição, reconhecer os melhores, celebrar as vitórias, assumir as derrotas, retribuir a torcida etc. Pena que não podemos dizer o mesmo dos “cartolas”.

No mundo empresarial, estamos falando das melhores práticas de governança e ética nos negócios.

Em comunicação, queremos dizer que sem ética, governança e “fair play”, não há como garantir o atributo que é, ao mesmo tempo, objeto e objetivo da nossa atividade: a reputação, mais do que qualquer outro jargão corporativo.

Reputação é a regra do jogo, em um “esporte” profissional no qual não basta apenas talento e sorte, mas também domínio da técnica, amor à estética e veneração incondicional da ética. Sem essas condições, o que acontece dentro das quatro linhas do nosso campo metafórico vai tirar a beleza daquele golaço e também lançar suspeitas sobre os nem sempre evitáveis gols contra.

Para retomar o pragmatismo do mundo dos negócios, não é demais afirmar que reputação e “fair play” são requisitos do resultado, assim como as regras claras, o trabalho em equipe, a confiança mútua, a superação e a alta performance. Isso desde o tempo dos mascates, exímios talentos na arte de encantar o cliente. O espírito esportivo é também aceitar a fatalidade do erro, a angústia do goleiro na hora do gol (parafraseando o sumido Belchior) e participar da explosão de alegria do artilheiro. Afinal, o jogo e a vida são uma luta contínua, e as vitórias e conquistas um merecido prazer.

P.S.: Este artigo foi escrito horas antes do fatídico jogo Brasil x Alemanha, no último dia 8.


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