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COLUNAS


Eloi Zanetti
eloi@eloizanetti.com.br

Foi diretor de comunicação do Bamerindus e de marketing de O Boticário. Consultor e palestrante em marketing, comunicação corporativa e vendas. Publicitário premiado nacional e internacionalmente. Ambientalista, um dos idealizadores da Fundação O Boticário, conselheiro da SPVS e da TNC. Autor de vários livros – vendas, marketing e infantis com edições no Brasil e países hispânicos.

É na hora do cafezinho que a verdadeira comunicação acontece

              Publicado em 11/03/2014
A Suécia é o segundo país que mais consome café no mundo. Nas empresas suecas há o costume de se parar o trabalho, em qualquer setor, a cada duas horas, para se tomar um cafezinho e discutir o andamento das coisas. Tal hábito, além dos benefícios do café, hoje considerada uma bebida estimulante e saudável, cria um ambiente descontraído para que os funcionários possam - entre si - expor e compartilhar ideias. Tirar dúvidas e informar o que estão fazendo. Não é à toa que a Suécia é também um dos países mais inovadores do mundo. A criatividade floresce em ambientes descontraídos.
 
Os momentos informais da pausa, quer em uma cozinha adaptada, quer em uma cafeteria sofisticada, servem exatamente para isto: trocar ideias, conversar, comunicar – repartir com os outros aquilo que sabemos. Empresas precisam enxergar estes locais e momentos como “ferramentas da comunicação interna” e não um lugar para se perder tempo e se afastar do trabalho.
 
Wilbert L. Gore, fundador da Gore-Tex - considerada em 2011 a empresa mais inovadora dos Estados Unidos -, com a frase: “A verdadeira comunicação na empresa, acontece na hora do cafezinho, ou na carona para casa”, fechou coro com outro apologista da comunicação tête-à-tête: Mike Bloomberg; dono da agência de notícias econômicas de mesmo nome e ex-prefeito de Nova Iorque. Os escritórios da Bloomberg são organizados de modo que todos os funcionários possam entrar, sair e circular por cada ambiente de trabalho passando por um único ponto central, uma espécie de hall – um roteador de pessoas. Com isso, visam estimular a integração e facilitar a comunicação entre seus colaboradores. A Bloomberg também foi uma das pioneiras em instalar quiosques e cafeterias com sanduíches, snacks e café grátis para todos os funcionários, em qualquer horário. 
 
Com certeza é mais barato e eficiente manter essa estrutura e deixar o pessoal conversar à vontade do que algumas custosas e incertas campanhas de comunicação interna. O diálogo ainda é a melhor forma de os seres humanos repartirem conhecimento e trocar informações. Nada substituiu uma conversa em particular, pois, quando estamos despreocupados, ficamos mais abertos e espontâneos, falamos com mais desenvoltura e a comunicação flui com mais facilidade. 
 
As mensagens que emitimos pessoalmente são percebidas simultaneamente por todos os sentidos, inclusive pelo sexto sentido – a intuição -, pois o tom de voz, a postura e maneiras de se colocar os pensamentos são mais bem percebidos por quem dialoga conosco.  
 
Algumas empresas já perceberam os benefícios do sistema “hora do café” e estão adotando-o. Porém, é bom fazê-lo com certo cuidado. É preciso avisar aos funcionários o porquê se está institucionalizando a prática. “É para se trocar ideias, conversar e promover a comunicação da empresa, não para se ficar comentando os resultados do futebol ou as últimas da novela ou do BBB.” Deixar a turma muito à vontade poderá ser contraproducente e a boa oportunidade da comunicação poderá virar uma central de fofocas geradoras de assuntos para a rádio peão. Como qualquer atividade da endocomunicação, é preciso monitorá-la, corrigir os rumos e medir os resultados de tempos em tempos. Lembre-se: os resultados serão sempre cumulativos, por isso paciência. 
 

O meu café, – sem açúcar ou adoçante, por favor. 


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