Sábado de sol, como há muitas semanas não acontecia no Rio, 15h. Dezenas de jovens representantes da geração do milênio (ou Y) numa longa fila, para garantir lugar numa palestra que começaria às 16h. Quem era o palestrante? Uma celebridade? Algum fenômeno recém-nascido nas mídias sociais? Não. Estavam todos ali de pé na expectativa de assistir a jornalista Eliane Brum, que falaria sobre o tema “Amazônia e Memória: O Papel do Repórter na Documentação das Narrativas de Conflito”.
Essa cena aconteceu no último sábado, dia 12 de outubro, na PUC, do Rio, durante a 8ª Conferência Global de Jornalismo Investigativo, promovida pela
Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji). E se repetiu pelo campus da PUC ao longo de todo o fim de semana, com Caco Barcellos, Miriam Leitão e Rosenthal Calmon Alves, por exemplo, falando para salas lotadas majoritariamente de jovens aspirantes ao jornalismo.
Confesso que essas cenas me trouxeram uma sensação de “luz no fim do túnel” em meio ao caloroso debate sobre o futuro do jornalismo e da imprensa. E colocaram mais um tijolo na minha convicção de que o conteúdo de qualidade é sempre vitorioso. O desafio é que ele precisa ser apresentado em mais formatos e plataformas para fazer frente à proliferação e à voracidade de fontes que marcam hoje o consumo da informação. Ou seja, nessa batalha diária pela atenção e interesse do público, o bom conteúdo precisa ir aonde o público está e não esperar que ele venha até você.
Curiosamente, no Congresso da Abraji, a lógica inversa aconteceu e os jovens foram até o conteúdo, mesmo com o evento sendo transmitido pela internet. Acredito que, nesse caso, a possibilidade da interação ao vivo e a cores com as fontes falou mais alto. Mas tudo isso porque, na avaliação dos jovens, aqueles não eram fontes quaisquer. Esses veteranos jornalistas, assim como os demais que participaram do Congresso, carregam ativos raros e preciosos, fatores decisivos no processo de decisão também do público jovem na hora de consumir e avaliar informação: a credibilidade e a relevância.
Esses atributos, na verdade, valem não apenas para os jornalistas e as organizações que vivem de produzir notícia. O desafio se estende a todos nós, profissionais de comunicação corporativa, que devemos estar atentos e contribuindo para que as empresas pautem o seu relacionamento com a sociedade pelo dialogar e não mais apenas pelo informar. E isso pressupõe ouvir muito, orientar o seu conteúdo pelo o que seja relevante ao outro e estar disposto a ir aonde os nossos públicos estiverem.