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COLUNAS


Gilda Fleury Meirelles
gildafleury@ibradep.com.br

Bacharel em Comunicação Social, com habilitação em relações públicas pela FAAP / SP, Doutor Honoris Causa pela Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero / SP; fez vários cursos de educação empresarial, entre eles pela Universidade Syracuse (USA) e Aberje. É consultora, assessora, instrutora e professora de comunicação empresarial, protocolo, cerimonial, eventos e cultura internacional – hábitos e costumes dos povos.

Autora dos livros “Tudo sobre Eventos”; “Eventos – Seu Negócio, Seu Sucesso”; “Protocolo e Cerimonial - Normas, Ritos e Pompa” (4ª edição); e coautora do livro “O Negócio é o Seguinte – Hábitos e costumes dos povos e sua influência na vida empresarial”. Articulista de jornais e revistas, do site Ibradep e Aberje; painelista e conferencista em eventos nacionais e internacionais.

Atualmente, é presidente da delegação do Brasil no Consejo Superior Europeo e Iberoamericano de Doctores Honoris Causa (Barcelona, Espanha); professora da pós-graduação em Planejamento e Organização de Eventos, da FAAP / SP; de cursos e do MBA em Gestão da Comunicação Empresarial da Aberje; e de cursos do Ibradep – Instituto Brasileiro de Desenvolvimento da Comunicação, Capacitação Profissional e Empresarial, do qual é diretora.

O Protocolo dos Candidatos

              Publicado em 17/09/2014

O Manuel Pratique de Protocole, editado na França em 1860, afirma que o protocolo “codifica as regras que regem o cerimonial e cujo objeto é dar a cada um dos participantes as prerrogativas, privilégios e imunidades a que têm direito”.

O pesquisador francês Pierre Lascoumes completa que, “sem o protocolo, todas as recepções oficiais e ocasiões de encontro entre personalidades políticas, culturais, econômicas – que são ou que acreditam ser – seriam ocasiões de disputas incessantes”.

E os candidatos, quem são? A maioria deles ocupa ou ocupou cargos relevantes no Congresso e nos governos federal e estaduais, o que atesta sua inegável capacidade. Mas, atualmente, o que são?

Não quero e nem pretendo utilizar os termos ex, antigos, prováveis, futuros... Então, como classificá-los?

Observando o comportamento de nossos candidatos à Presidência da República, não resta dúvida de que todos estão usufruindo das prerrogativas e privilégios inerentes a seus futuros ou prováveis cargos – tratamento diferenciado, lugares de destaque, precedência.

Estão à frente e diante de todos, tentando de uma forma ou de outra, demonstrarem ou até provarem que estão aptos a ocuparem os cargos para os quais já se consideram vencedores e escolhidos pelo povo em outubro próximo. Será?

Sentada na sala, assistindo aos programas de debate dos presidenciáveis na televisão, analiso e sinto que, pelo menos neste momento, eles não estão nada preocupados com a imagem que passam aos eleitores. Muito pelo contrário.

Engraçado, daqui a alguns meses, exigirão de seus assessores e colaboradores, em qualquer cargo ou função, desde Ministros de Estados, Secretários Especiais, Presidentes de organizações públicas, até dos mais simples assistentes, que transmitam a imagem de seus governos.

Mas que imagem, pergunto eu?

A projetada nesta acirrada disputa por um cargo, onde a verborragia não é a mais adequada e educada, e, simplesmente aceitável, ou aquela que o protocolo lhes dará – a imagem do ser e do poder?

Será que não param um minuto sequer para analisar que as estratégias, diante das câmeras, estão inadequadas? O marketing político “rola e jorra” em todos os atos – o visual foi recriado, as frases (quando o controle emocional permite) montadas e criadas; os programas causam impacto. Será que o povo quer impacto ou propostas?

Seria tão fácil passar outra imagem e tentar a conquista dos eleitores! Mas a política de relações públicas não faz parte do programa dos candidatos, definitivamente.

O que assisti ontem na Rede Record, lembrou-me de um fato ocorrido há mais de 30 anos na cidade de Santa Rita do Passa Quatro, origem de minha família. Foi o único município que já ouvi falar que teve um único candidato a Prefeito Municipal e que perdeu as eleições concorrendo com ele mesmo – não conseguiu o percentual exigido para eleger-se. Todos ficaram pasmos!

Sentados no banco do jardim da Praça da Matriz, meus familiares conversavam sobre o fato e eu, ainda caloura no mundo da política e do cerimonial, prestava total atenção, tentando compreender os porquês de situação tão inusitada.

Descia a rua principal um cidadão querido na cidade, José Fausto; simples, humilde, com algumas limitações, mas amado e benquisto por todos – tanto que hoje, já falecido, é sempre lembrado e homenageado. Vendo a família reunida, parou para tomar parte na conversa, querendo também ser ouvido.

Em determinado momento, virou-se para nós e disse, no saber dos humildes:

  • Eu sei o porquê Fulano não venceu as eleições. Querem saber, também? E responde, ele mesmo:
    • Nesses anos todos, eu nunca soube o que ele quer fazer por nós, somente sei o que ele quer para ele.
    • Nunca soube o que ele era, somente o que fazia questão de demonstrar.
    • E, mais do que tudo, nunca ouvi dele – Por favor, desculpe ou muito obrigado.

José Fausto nunca ouviu falar de protocolo, cerimonial, lugares ou posições diferenciadas. Mas conhecia e sabia diferenciar as pessoas.

 

14 de setembro de 2014.


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