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Ivone de Lourdes Oliveira
ivone@pucminas.br

*Colaboração do Grupo de Pesquisa: “Comunicação no contexto organizacional: aspectos teóricos e conceituais”, CNPq/PUC Minas.

Doutora em Comunicação e Cultura (UFRJ) e pós-Doutora em Comunicação pela Université de Toulose III. Diretora e professora do mestrado da Faculdade de Comunicação e Artes da PUC Minas. Vice-diretora da Abrapcorp. Coautora do livro “O que é comunicação estratégica nas organizações?” e coorganizadora dos livros “Interfaces e tendências da comunicação no contexto organizacional”, “Propostas conceituais para a comunicação no contexto organizacional”, “Redes sociais, Comunicação, Organizações” e “Comunicação, Discurso, Organizações”. Personalidade do ano no Prêmio ABERJE 2006 em Comunicação Empresarial - Regional MG.



 

O que move a comunicação no contexto das organizações?

              Publicado em 22/04/2014

A mudança em velocidade acelerada é a constante. Os indivíduos tornaram-se fluidos com identidades ambíguas e perfis em constante transmutação. Com isso, a comunicação organizacional revela-se cada vez mais complexa e não consegue mais se apoiar em lógicas determinísticas e lineares. Conforme Fausto Neto (2010), as dinâmicas de interação são diversas. Instiga-se, nesse cenário, uma reflexão: o que orienta a atividade do profissional de comunicação organizacional?

Ao observar nosso dia a dia, percebemos, muitas vezes, uma atuação profissional quase que inercial levada pela dinâmica e correria cotidianas. Sentimo-nos seguros – e talvez confortáveis – ao sustentar nossa atuação por uma prática e um discurso construídos ao longo do tempo, com formas próprias de encadeamento e sucessão, alicerçadas por conceitos que, quase sempre, simplificam a comunicação organizacional à transmissão e à divulgação das informações e mensagens institucionais. Essas, claro, também constituem as atividades da área, mas não podem reduzi-la a isso, pois a comunicação organizacional é muito mais complexa e dinâmica, principalmente pelas características da sociedade atual. Sendo assim, valem algumas reflexões em relação à realidade atual e à nossa atuação na área.

Hoje, o público, constituído por sujeitos em interação com as organizações, possui mais liberdade de ação e consegue abrigar valores, crenças e opiniões múltiplas, paradoxais e até mesmo contraditórias. Ele adapta-se a cada situação conforme seus interesses e valores e, assim, encontramos um sujeito, ator social, com múltiplas facetas de uma personalidade que se adequa ao papel que lhe for conveniente em função de um cenário, contexto ou interesse e em consonância com um universo de crenças. Assim, torna-se cada vez mais difícil identificar o perfil e os interesses dos públicos que fazem a interlocução com a organização, ampliando ainda mais a complexidade dos processos comunicacionais.

Soma-se a esses fatores o avanço das tecnologias de informação e comunicação, principalmente nas duas últimas décadas, e o consequente acesso às informações gerando maior cobrança por parte da sociedade em relação às atitudes, ações e posicionamentos das organizações; especialmente naquilo que a impacta e, mais especificamente, aos públicos com os quais elas se relacionam.

É indiscutível a aderência das organizações às novas tecnologias que trazem em sua essência a possibilidade da interação. No entanto, ao observar a realidade cotidiana da comunicação nesse contexto, a utilização dessas novas tecnologias se dá, de certa forma, sob uma lógica informacional. As novas mídias são utilizadas como canais de informação e divulgação institucionais e não como alternativas que proporcionam a interação entre a organização e os públicos com os quais se relaciona.

Nesse contexto, percebemos o crescimento do papel conferido à comunicação. Afinal, as organizações precisam se distinguir das demais e ter reconhecimento social. Para isso, também buscam se relacionar com os diferentes públicos, promovendo ações e desenvolvendo canais que possam contribuir com a interação e a circulação da informação, procurando construir sentidos em relação à organização. 

Com todo esse cenário, percebe-se uma orientação profissional que adota como prioritários os elementos oriundos de um paradigma clássico e hegemônico, o informacional, que não considera os processos de circulação e construção de sentidos. No entanto, esse parece não ser mais suficiente para abarcar as necessidades e demandas da comunicação nos dias de hoje, tornando premente (re)pensar a compreensão acerca da nossa atividade, a partir do encadeamento teórico da área e a consequente repercussão – ou não – desse desenvolvimento conceitual na prática profissional. 

Perguntamos? Até que ponto nos apropriamos dos construtos mais recentes acerca da comunicação organizacional para fundamentar a nossa atuação? 

Dedicamos tempo para refletir sobre nosso agir profissional? 

Buscamos novos modelos de comunicação para inspirar nossa atuação? 

Levantando tais indagações podemos nos deparar com novas formas de se pensar e fazer a comunicação no contexto das organizações, promovendo e orientando, além da transmissão da informação, a interação e a interlocução entre a organização e os públicos. Assim, em alusão a Berger e Luckmann (2012), podemos descobrir novas formas de fazer uma canoa, mesmo que isso traga um desconforto psicológico com o abandono de um status quo e a necessidade de tomada de mais e mais decisões.

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Fontes que inspiraram a reflexão:

BERGER, Peter L.; LUCKMANN, Thomas; tradução FERNANDES, Floriano de Souza. A construção social da realidade: tratado de sociologia do conhecimento. 34.ed. Petrópolis: Vozes, 2012. 

GIOIA, Dennis A. Do Indivíduo à Identidade Organizacional (traduzido). In: WHETTEN, David A.; GODFREY, Paul C. Identity in organizations: building theory through conversations. Califórnia: Sage Publications, 1998.

LANDOWSKI, Eric. A sociedade refletida: ensaios de sociossemiótica. São Paulo: EDUC/Pontes, 1992.

NETO, Antônio Fausto. Espistemologia do zigue-zague. In: FERREIRA, Jair; FREITAS, Luiz Antonio Signartes; PIMENTA, José Paoliello (Org.). Estudos da Comunicação: transversalidades epistemológicas. São Leopoldo, RS: UNISINOS, 2010.

OLIVEIRA, Ivone de Lourdes; PAULA, Maria Aparecida de. O que é comunicação estratégica nas organizações? São Paulo: Paulus, 2007.

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Isaura Mourão

Membro do Grupo de Pesquisa “Aspectos Teórico-conceituais da Comunicação no Contexto Organizacional”, da PUC Minas. Mestre do Programa de Pós-Gradução em Comunicação Social: Interações Midiáticas da PUC-Minas (2014); jornalista graduada pela UFMG (1988), professora em cursos de graduação e pós-graduação, consultora em Comunicação Organizacional, atuando na área desde 1989.

E-mail: isaura@pontofinalci.com.br.

 

Depois de três anos ausente, devido as atividades acadêmicas,  retomo  juntamente com  meus colegas do Grupo de Pesquisa, “Comunicação no contexto organizacional: aspectos teóricos conceituais”, PUC-Minas/CNPq  este importante espaço de  dialogo  e  troca de ideias   com o mundo profissional. Propomos trazer mensalmente  para esta coluna assuntos pesquisados e estudados pelo grupo de pesquisa sobre a comunicação organizacional. 

Desejamos receber opiniões de nossos leitores. 


Os artigos aqui apresentados não necessariamente refletem a opinião da Aberje e seu conteúdo é de exclusiva responsabilidade do autor. 2258

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